Estamos sempre fartos de alguma coisa. Ou de acordar cedo, de enfrentar o trânsito no caminho para o trabalho, das mesmas birras das crianças e quase que é seguro dizer que estamos igualmente fartos do marasmo que vivemos há praticamente dois anos, desde que as palavras pandemia e COVID-19 se instalaram no nosso vocabulário. Mas dificilmente estaremos fartos de boa comida, como povo português que somos, e recebemos com braços abertos todos os restaurantes ou marcas que queiram fazer os nossos estômagos bater palminhas.

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Igualmente farto de esperar pelo fim da pandemia, dos tempos que teve para criar, mas com muito pouco espaço para colocar essas ideias em prática, Hugo Dias de Castro meteu mãos à obra e criou o Farto, uma nova marca de delivery de comida, pensada apenas para as plataformas digitais, onde colocou toda a sua mestria e técnica como chef em petiscos muito portugueses, mas a piscar o olho à fast food — se bem que de uma forma como nunca a vimos (e não há bolos do caco envolvidos, graças a todos os santinhos).

"É uma fast food trabalhada e à portuguesa", explica à MAGG uma das sócias do projeto, Annakaren Fuentes. "Estávamos fartos de comer 'americano', os hambúrgueres, os cachorros, as pizzas. Estávamos à procura de sabores portugueses, até porque a nossa cozinha é farta em rapidez. Temos as farturas, que vamos à feira e comemos, o choco frito de Setúbal e que também é rápido, a bifana. Tudo isto é comida rápida, e aplicámos o conceito aos nossos sabores: comida portuguesa, que é rápida."

Hugo Dias de Castro
Hugo Dias de Castro Hugo Dias de Castro é o chef do restaurante O Pastus e o responsável pelo novo Farto créditos: Instagram

Mas aqui tudo é pensado ao detalhe, ou não fosse o chef Hugo Dias de Castro, também responsável pela cozinha do restaurante O Pastus, em Paço de Arcos, meticuloso no que diz respeito à cozinha moderna portuguesa. "O Hugo tem bastante técnica, também conhece muitos sabores das várias viagens que já fez. Assim, vai buscar essas influências de sabores, combina-as com técnicas de cozinha — trabalha muito a baixa temperatura, como é o caso da bifana de secreto —, e tudo isto resulta no tal fast food trabalhado", salienta Annakaren Fuentes, que além de sócia do Farto, é também mulher do chef Hugo Dias de Castro.

Spoiler alert: nunca nos vamos fartar deste pastel de massa tenra

Quem vive em Lisboa há muitos anos com certeza já ouviu falar do mítico pastel de massa tenra do Frutalmeidas. Os puristas podem dizer que este salgado já não é o que era (e acusá-lo de um declínio semelhante ao bife da Portugália), mas a verdade é que continua a cumprir o seu propósito e a ser um dos melhores pastéis do género da capital. Mas a proposta do Farto deste salgado representa uma forte concorrência.

Fomos fazer a prova dos nove e pedimos algumas das sugestões desta nova marca de delivery para o almoço. E embora os pastéis de massa tenra de frango de churrasco (3,50€) tenham sido a primeira coisa que pusemos na boca, foi justamente aquilo que mais nos marcou. Massa? Crocante, no ponto. Recheio? O frango desfiado e os sabores de churrasco estavam mais que lá, e só ganharam complementados com a maionese de piri-piri que chega à parte. Mais que aprovado.

Farto
Farto A bifana do Farto é feita com secreto de porco preto cozinhado a baixa temperatura.

Fomos também a jogo com o farto de hambúrguer de maminha em pão brioche com cheddar, bacon caramelizado e molho Big Mac (10,80€), uma proposta suculenta, com a carne médio mal e um pão brioche fofinho e ligeiramente tostado. Quando nada nos fazia prever que a alternativa de peixe fosse concorrência, o farto de patanisca japonesa de bacalhau em bun brioche (8,90€) fez-nos pensar duas vezes graças à explosão de sabores da patanisca, mais suave do que aquelas a que estamos habituados, sem tanta fritura. Todas as alternativas são acompanhadas de chips de tubérculos, viciantes que só elas.

Da oferta do Farto, que Annakaren Fuentes salientou ser pequena propositadamente para a marca ter espaço para crescer — "preferimos dar um passo de cada vez e começar com aquilo que estávamos confortáveis" —, também faz parte o farto de choco frito em baguete de fermentação lenta (9,20€), o farto de bifana de secreto de porco preto em pão de água de fermentação lenta (9,60€) e o farto hambúrguer catraio de maminha (6,90€).

Farto
Farto Ainda estamos a pensar no pão deste hambúrguer de maminha. créditos: DR

Sobremesas? Há duas: o farto 3 leches (4€) e o farto fartura (3€), que tivemos oportunidade de provar e nos levou imediatamente para a infância, quando chateávamos os nossos pais até mais não para nos comparem uma fartura nas festas de verão.

Atualmente, o Farto está disponível nas plataformas Uber Eats e Glovo e abrange as zonas de Oeiras, Carcavelos e ainda alguns pontos de São Domingos de Rana. A partir de segunda-feira, 7 de fevereiro, passa também a estar disponível na plataforma Volup e vai ter um raio de alcance maior, chegando a Cascais e Lisboa. Em breve, também a Take Away se juntará ao leque de plataformas onde a marca está inserida.

No entanto, e apesar de o Farto dividir o mesmo chef com o restaurante O Pastus, bem como a mesma cozinha, os pontos em comum acabam aí. "O Farto é uma marca de delivery nas plataformas digitais, e apenas atua aí. Não temos serviço de take away n' O Pastus, nem as pessoas podem ir ao restaurante comer Farto. São coisas completamente distintas, só têm o mesmo chef", salienta Annakaren Fuentes.

O Farto está disponível para encomendas entre as 12h e as 15h ao domingo e segunda-feira. Nos restantes dias da semana, funciona entre as 12h e as 15h, e novamente entre as 19h e as 22h. Pode encontrar a marca na Uber Eats e Glovo, e na Volup a partir da próxima semana.