Antes de saber onde vai dormir, Marta Candeias sabe bem onde vai comer. Sempre que se mete num avião, vai já com um calendário pensado no qual encaixa todos os restaurantes que quer conhecer nas refeições que se multiplicam pelos dias de férias. "Há um mês fui a Londres e o voo atrasou. O meu primeiro pensamento foi: 'Pronto, já perdi um pequeno-almoço'", conta à MAGG.
Esta paixão pela comida vem de longe, principalmente desde que, em adolescente, decidiu que queria ser mais saudável. "O problema é que nessa altura, o ser saudável era cortar nos hidratos, nas gorduras e comer tudo cozido e grelhado", lembra. Agora, aos 29 anos, sabe que ser saudável em nada se parece com um prato aborrecido. Aliás, basta uma espreitadela rápida à sua página de Instagram para dar de caras com uma sobremesa que parece um arco-íris, hambúrgueres cor de rosa e verdes, muitos verdes. Desde o início do ano que Marta passou a uma alimentação à base vegetal, eliminando por completo qualquer tipo de produto de origem animal.
Mas desengane-se quem acha que optar por uma alimentação 100% vegetariana é sinónimo de ser automaticamente mais saudável. "Muitas vezes até é ao contrário porque, para dar sabor, cai-se facilmente no uso de gorduras, natas de soja e molhos super processados". Cai já por terra um mito, prova de que com Marta — e com a Inês, já lá vamos — a ideia não é só comer bem, é aprender a comer bem.
Do outro lado desta balança em total equilíbrio está Inês Pais, ex-psicóloga e atual chef, mentora ou, em resumo, uma apaixonada por comida saudável. "A Inês era aquela que, enquanto os amigos iam à praia, o hobbie dela era estar na cozinha", conta Marta. Conheceram-se quando uma amiga lhes disse que tinham demasiado gostos em comum para seguirem caminhos separados. "E, de facto, a empatia foi imediata", lembra Marta.
E se já há muito pensavam em fazer alguma coisa com este gosto pelo comer bem, o difícil foi chegar ao conceito final. "Pensámos num restaurante, mas aí não conseguíamos passar conhecimento como queríamos", explica Marta. Mas, ao mesmo tempo, era a cozinhar que queriam ensinar. Vai daí que, depois de Marta se ter despedido do trabalho em gestão e já com um curso feito em Bali de raw food, decidiram juntas criar o Yum Lab, um projeto ao qual gostam de chamar "incubadora de ideias saudáveis".
O espaço físico é um projeto a médio prazo mas, para já, é no site e nas redes sociais que encontramos aquilo que Marta e Inês criam a partir da paixão comum por comida saudável.
O projeto divide-se em três. Na vertente Academia é possível agendar workshops, palestras ou até ter esta dupla a preparar-lhe as marmitas para a semana. Já no À Mesa, organizam-se brunches, jantares temáticos e já contam com uma despedida de solteira no curriculum.
A terceira chama-se Receitas e não é preciso dizer mais nada. Por aqui passeiam-se coisas como brownies de cacau e batata doce, queijo de caju, mousse de alfarroba e abacate, bolachas de abóbora e gengibre e trufas de figo e coco. Mas seja pequeno-almoço, almoço ou jantar, a certeza aqui é que é tudo feito sem açúcares, processados e brócolos aborrecidos.