Se o chef Avillez abre um novo restaurante... perdão. Se o melhor cozinheiro do mundo, palavras da Academia Internacional de Gastronomia, abre um novo restaurante, a curiosidade de provar os pratos torna-se impossível de conter. O restaurante Cantina Zé Avillez abriu esta quinta-feira, 15 de março, em soft opening, junto ao Campo das Cebolas. Este é o 14.º espaço do chef Avillez e a MAGG, sem aviso prévio ou notificação, passou por lá para almoçar.
A apresentação descontraída e tradicional convida a entrar. Assim que se atravessa a porta, sente-se o ambiente agitado, próprio de uma hora de almoço. O restaurante divide-se em duas salas bem iluminadas por janelas altas e amplas. Já a decoração combina cores claras e vários tons de azul.
Não há nada a apontar: a parede de azulejos por trás do balcão combina na perfeição com o mármore, enquanto as cadeiras simples recriam as típicas tabernas portuguesas. Aliado a alguns apontamentos sofisticados, esta cantina traduz-se numa casa informal e bastante acolhedora. Só há um problema: o espaço para circular entre as mesas. É apertado e não facilita nada a circulação.
O segundo dia de um restaurante (há quem diga até o primeiro mês) é, por norma, um desafio para o atendimento. Bem sabemos que não é fácil sintonizar uma equipa nova. Já a Cantina José Avillez soube-o fazer muito bem. Tentámos contar o número de empregados na sala, mas tornou-se uma tarefa impossível. Perdemo-nos nas contas quando chegámos ao número nove.
Começámos pelos salgados, servidos sempre em duas unidades. As empadinhas de alheira (3€) com emulsão de tomate apresentam um sabor fiel à alheira tradicional, suave sem passar despercebido, envolvido numa quantidade equilibrada de massa. Nas entradas tem opções como a saladinha de polvo e batata-doce (7,50€), o tártaro de carapau picante (6,50€) e o escabeche de pato (6,50€). No nosso caso, fomos direitinhos das empadas até ao prato principal.
A indecisão instalou-se. O bitoque (13€) salta logo à vista e parece delicioso. Já as pataniscas com arroz de feijão preto (13€) são muito elogiadas pelos clientes das mesas vizinhas. No entanto, foram o polvo à bacalhoeiro (16€) e a dobradinha com enchidos, couve e feijão (12€) que nos deixaram cheios de dúvidas. Não dá para experimentar um bocadinho de cada? Pois, não. Temos mesmo de tomar uma decisão.
É neste momento de hesitação que o sol desaparece e vem a chuva. A escolha estava feita. “Uma dobradinha, por favor.” Envolvido num caldo quente, saboroso e aconchegante, acompanhado com arroz branco, este prato lembra os almoços quentinhos e prolongados em família aos domingos. No inverno, claro.
Caso o apetite peça uma receita mais leve, o prego de coração de alcatra (5,50€), o caril verde de grão e legumes (14€) e a salada de frango com kimchi (8€) são as sugestões. Ao fim de semana a novidade é o cozido à portuguesa (25€ por pessoa), servido apenas ao almoço. Tem chouriço, morcela, farinheira, entrecosto, mãozinha de vitela, couve-lombarda e muitos outros ingredientes.
Já nas sobremesas encontra opções como Avelã’ do Cantinho do Avillez (4,50€), toucinho-do-céu (4€), ou pudim de mel e azeite com ananás (4€). Da nossa parte não houve espaço para doces, mas ficou a promessa de voltar uma e outra vez, até que a curiosidade seja toda satisfeita.