Viseu foi a primeira cidade a acolher, em 2005, a Cervejaria Antártida, marca que chegou no início de julho a Lisboa, mais precisamente ao Terreiro do Paço. A decoração é diferente do restaurante na zona norte, assim como a carta, que por cá convida a petiscar antes de atacar um bife à Antártica — sendo que em ambas as ocasiões nunca pode faltar pão na mesa.
A Cervejaria Antártida no Terreiro do Paço é um espaço intrigante no que diz respeito à decoração, uma vez que quase parece de uma experiência cultural imersiva e não gastronómica.
A MAGG foi conhecer o novo restaurante e ao entrar na sala (depois de passar pela larga esplanada que no verão também convida a uma cerveja artesanal ou vinho Casa da Ínsua, referência em Viseu que percorre o menu lisboeta das entradas às bebidas), a sensação que se tem é a de estar a mergulhar dentro do oceano, bem fundo, sensação provocada pelos tetos altos pintados de azul e toques de branco.
Tal como no mar, também no novo restaurante partilhamos o espaço com outras espécies, os peixes que nadam paredes acima e os caranguejos fixados na rocha que faz barreira com o ponto alto do mar, a cozinha, animais que são autoria da marca portuguesa Bordallo Pinheiro.
No mar navega ainda um submarino, cujas armas que leva são cervejas, e das boas, que adicionam à navegação no novo restaurante uma ligeira espuma das ondas que saem das torneiras. Além das mais clássicas à pressão, a Cervejaria Antártida tem cerveja artesanal seleção 1927, a gama da Super Bock 100% com ingredientes nacionais, que vai desde a Munich Dunkel à Bengal Amber Ipa.
Quem é péssimo a decidir, como nós, tem como opção a tábua de prova (6€) (que fez-nos lembrar as tábuas com ponchas da Madeira de vários sabores d'O Rei da Poncha) para assim provar cada uma delas, em versões de 10 ml, e escolher a favorita — Bavaria Weiss, estamos conquistados.
Molho, molho, molho
Tendo em conta a nova localização da Cervejaria Antártida, numa das pontas das arcadas de restaurantes do Terreiro do Paço, é um espaço que, inevitavelmente, atrai muitos turistas. Lá foram é vê-los a olhar para a ementa antes de entrar, único fator de decisão antes de verem o interior imersivo que convence qualquer um a entrar.
Com que critério fazem a decisão? Possivelmente pensar "uh, very typical" quando olham para pratos de que terão ouvido falar nas agências de viagens. Francesinha? Está na cervejaria e é de vilela à Antártida (15€). Bacalhau assado com crosta de broa e batata a murro (24,50€)? Também, e dizem os gerentes Renato Santos e Patrícia Botelho que tem sido um sucesso.
Estes não são os únicos apontamentos portugueses, há vários na secção "tapas", por onde começámos. Contudo, antes de mais nada, comemos umas chamuças de carne e caril (5€ por duas unidades) que, apesar de a origem ser indiana, vale a pena provar pelo interior nada seco, trabalho do Zambeze Restaurante, que tal como a cervejaria, também faz parte da cadeia hoteleira Montebelo Hotels & Resorts, parte do grupo Visabeira.
Depois sim, voltámos a Portugal e uma vez dentro do mar escolhemos o que há nele. Além dos mexilhões de cebolada (16,50€) ligeiramente picantes, pedimos um clássico: gambas à guillo (16,50€), servidas na frigideira ainda quente, com o molho onde foram feitas. E que molho. Pão já havia na mesa e foi atacá-lo sem dó nem piedade nesta nossa identidade portuguesa.
Nosso também, e ainda do mar, é o choco frito de Setúbal (12€), assim como as batatas fritas à moda do Porto, com molho de cerveja e queijo (7€) e a tábua de queijos artesanais, curado e Serra da Estrela, da Casa da Ínsua (22€), que pode pedir para petiscar.
Já para prato principal, e finalmente deixando o peixe de lado, mesmo na carne o mar não desaparece. É que o bife à Antártida, da vazia (15,50€) ou lombo (19,50€), vem a nadar no molho à escolha. Optámos pelo de manteiga de alho que, mais uma vez, pediu pão para o provar melhor antes de limpá-lo com o bife da vazia.
Quem depois disto ainda barriga tiver para sobremesa, tem como opções o bolo de bolacha crocante (6€), a delícia de caramelo (6€) e o sorbet de limão com vodka (5,50€) — not very typical, but very good.