Quando um restaurante abre com o nome Com Brasa, não há dúvidas sobre o que aí vem. E o que aí vem são grelhados, no ponto, com resposta a quem prefere peixe ou a quem não passa sem a carne.
Tudo certo, nada de muito espetacular, nem é propriamente uma ideia fora da caixa num país que adora montar grelhador na rua assim que o bom tempo o permite. Mas tudo ganha outra dimensão quando ao fogareiro juntamos uma esplanada rodeada por pinheiros mansos, onde são penduradas luzinhas a dar o mote a uma refeição que pede que o sol se ponha para começar.
É por isso que o Com Brasa, o novo restaurante do Sublime Comporta, abre às 20h30 para um menu que, apesar de fixo, vai chegando à mesa com a certeza de que o cliente desfruta de tudo o que passa pelo carvão.
Estamos na Comporta, é certo, mas esqueça qualquer tipo de clichê que pede algum cuidado com o que veste ou diz. Nós vínhamos da praia, até porque fica ali a 15 minutos, e se não tivéssemos marcado mesa para um número certo de pessoas, o mais provável é que acabássemos sentados com desconhecidos numa mesa corrida. A ideia aqui é de partilha, nas conversas, e também na comida.
É por isso que, para começar, nos pousam na mesa duas saladas, uma de polvo, outra de ovas de bacalhau, mesmo a pedir que sejam empurradas para o garfo com um pedaço do pão alentejano, que ainda chega à mesa morno, uma vez que é feito no próprio restaurante.
A arte da grelha segue-se nos próximos atos. Primeiro vem o peixe, como obriga a ordem da vida, e, neste caso, servido numa tábua, numa mistura entre corvina, polvo, lulas e legumes, também eles assados na brasa. Os acompanhamentos, são para todos os gostos. Há salada de quinoa, espargos, tomate e queijo, salada de couve roxa e mação, salada de batata e iogurte e uma, especialmente saborosa, de cherovia braseada com mel e cominhos.
Comum a todos os pratos estão os temperos com sabor a fresco e o pormenor das flores comestíveis, que agradam à visão e ao palato. Mais ainda quando sabemos que foram arrancados a escassos metros da mesa, no jardim gastronómico, uma espécie de laboratório vivo com espécies de todo o mundo e que servem de matéria-prima para a maioria dos pratos, tanto do Com Brasa, como dos outros dois restaurantes do Hotel: o Sem Porta, com propostas à carta ao almoço e ao jantar e o Food Circle, num ambiente mais intimista e com lugar para apenas 12 pessoas.
O jantar prossegue e numa troca de papéis rápida, o peixe sai de cena para dar lugar ao entrecosto de porco preto e à vazia de vitela que vêm servidas numa grelha, ainda com a brasa a dar o toque final. Aí os acompanhamentos são mais pesados, assim o pede a intensidade da carne. A escolha vai para arroz basmati com canela e anis e feijão manteiga com bacon e tomate.
Toda a carta foi pensada pelo chef Tiago Santos, que assumiu a grelha do Sublime — e também do Food Circle e do Sem Porta — no início do ano, depois de passar por restaurantes com estrela Michelin como o Casa da Calçada, em Amarante ou o Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira.
No final, e já com a grelha a recuperar para os jantares da noite seguinte, continuam a poupar-nos à difícil decisão de escolher pratos de um menu. O que chega, também numa tábua, é um conjunto de três doces, divididos para que todos possam provar de tudo. São eles a sericaia, tarte de maçã e o bolo de chocolate.
Este menu tem o preço fixo de 50 euros (sem bebidas) e vai estar disponível apenas no verão, estação que pede grelhados, esplanada, convívio e jantares prolongados.