O restaurante Akla, do InterContinental Lisbon, hotel de cinco estrelas junto ao Parque Eduardo VII, está a transportar os clientes desde a capital até aos Açores. Como? Através do novo menu, criado pelo chef Eddy Melo, que tem raízes neste arquipélago português.

A ementa habitual do Akla mantém-se (apesar de também estar a ser alvo de modificações). Este mais recente segmento surge como um extra, por tempo limitado. "Provavelmente três ou seis meses" é a duração que terá para o experimentar, assim como o chef de 67 anos revelou à MAGG.

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Eddy Melo tem em mente mudar o menu de acordo com as estações do ano. Nesta primeira experiência, estão refletidas a ilha da Terceira, onde nasceu, e São Miguel, onde viveu. "Os Açores têm nove ilhas. Aqui só estão duas", disse-nos, com planos de destacar outras no futuro.

Todos os produtos usados nesta ementa (que chegou há duas semanas) chegam diretamente dos Açores. É composta por quatro pratos principais e duas sobremesas. "Um menu com duas entradas, duas carnes e dois peixes é o que toda a gente faz. Assim, se gostarem, voltam e pedem para repetir", crê este chef, que dispensou as entradas.

Este menu, que pode ser harmonizado com vinho, é descrito por Eddy Melo como "comida evolutiva" e "cozinha mediterrânea". "São paladares vindos da terra onde cresci. Só indo lá é que se consegue ter estes sabores", acredita o chef, que quis apresentar às pessoas produtos que não conhecem. "Toda a gente sabe o que é porco e vaca", argumenta.

Ao criar esta carta, tentou "introduzir os elementos das ilhas e transformá-los como ninguém ousaria fazer". Um exemplo disso é a mistura de morcela com chicharro, que, numa primeira abordagem, pode fazer "torcer o nariz", mas depois surpreende. "Os clientes gostam porque é um produto diferente", assume.

O chicharro dos Açores recheado com inhame das furnas e morcela, grelhado em carvão zero, com cebolada com pimenta da terra, molho de limão, cravo e salsa custa 32€ e deixa saudades. Este prato onde sobressai o verde tem como protagonista o peixe que habita em redor das ilhas.

A lula fresca dos Açores grelhada em carvão zero, mousseline de batata com coentros, molho vilão (feito com massa pimentão, azeite, alho e picante), limão galego (alaranjado e simultaneamente doce e amargo) e pico de galo custa 28€ e é maravilhosa, da textura à apresentação e, claro, o sabor.

Também nos apaixonámos pelo lombo de atum patudo de São Miguel grelhado no josper em carvão zero, com pimento banana, batata doce assada e redução de cebola de cortume (32€). "O melhor atum vem dos Açores e o atum patudo é o mais caro que existe", elucida-nos o chef, que tem uma pessoa constantemente na lota no arquipélago para o fornecimento.

Eddy Melo optou por "peixe que se consiga ter diariamente". "Não tentei mexer em marisco, porque o preço é exorbitante e torna as coisas mais difíceis. Queria fazer algo com lapas, mas é muito difícil arranjá-las", lamenta. "E não há sempre. Lula há, atum há, chicharro há e algas também", argumenta.

A opção vegetariana passa por um arroz malandro com algas dos Açores, fava do mar, alface do mar, abóbora, cebola, queijo de São Jorge 36 meses, cenoura bio assada com tomilho, mel e anona (19€) e é, como todas as outras, deliciosa.

Para sobremesa, há bolo micaelense com cremoso de chá de Gorreana de São Miguel e sorbet de anona (10€) e ananás dos Açores grelhado no josper com espuma de queijo da ilha picante e sorbet de araçal (10€), ambas opções bastante fora da caixa, que acabam por resultar.

"Todos os chefs têm de ser criativos. Inovar toda a gente inova. Eu tento viajar. Fazer uma comida que faça viajar e que toque os cinco sentidos é diferente", compara este chef, que viveu 25 anos nos Açores. "Depois da pandemia da COVID-19 e de tanto drama, praticamente ninguém mudou nada. E perdemos muitas pessoas de cozinha", recorda Eddy Melo.

O chef de 67 anos entrou neste Mundo por acaso, depois de começar a trabalhar na cozinha em part-time enquanto estudava. Foi treinado por profissionais italianos, austríacos, alemães e de muitas outras nacionalidades, numa altura em que "não se podia sair da linha" por ser "uma área muito restrita".

Passou por cadeias hoteleiras como Hilton e Hyatt e estabeleceu-se no Canadá com a família, onde conseguiu ganhar estatuto. Porém, em 1993, foi convidado a voltar para Portugal, numa oferta que "não podia rejeitar". No espaço de uma semana, mudou a vida inteira. E, desde então, ficou por terras lusas.

"A minha cozinha é composta pelas minhas experiências, pelo que vivi e por quem eu conheci", conta à MAGG. E o menu Açores do restaurante Akla não é exceção. Esta novidade bem açoriana está disponível todos os dias das 12 às 15 horas e das 19 horas às 22h30.

Akla Restaurant

Localização: R. Castilho 149D, 1099-034 Lisboa
Reservas: 213818700 ou lisha.reception@ihg.com
Horário: das 12h30 às 15h; das 19h às 22h30