Lisboa, Agosto, 34 graus. Autoestrada até ao Algarve onde, claro, vamos finalmente poder usufruir deste calor sem estarmos a rogar que todas as ventoinhas deste País nos batam de frente.
Sagres, Agosto, 21 graus. Toma lá um céu nublado, um tempo a pedir malhinha e um vento que só aquela ponta do mundo tem.
O karma ditou que o Algarve nos recebesse com tudo menos bom tempo, mas ainda no check in percebemos que talvez aquela fresquinha possa dar jeito. É que, entre camas grandes, pequenos-almoços buffet e piscinas aquecidas, há já duas atividades marcadas: trilhos e bicicleta.
O Memmo Baleeira é um hotel pensado para famílias, mas também para todos os que não gostam de fazer férias que metam apenas sol e toalha estendida. Há aulas de ioga, de surf, trilhos pelas redondezas, bicicletas para alugar, passeios de barco e até mergulhos em alto mar. E a MAGG rumou a sul para três dias de loucura.
São 114 quartos e suites e a nós calhou-nos um com vista para o ginásio, já a fazer ver o que daqueles dias podemos esperar. E se é isso que querem, até isso vamos experimentar.
Pequeno e adaptado a uma nova realidade, não há pesos nem halteres individuais para evitar contágio e todas as máquinas deve ser desinfetadas antes e depois da utilização. Também as aulas de ioga, que acontecem três vezes por semana, de momento são exclusivas para hóspedes, por questões de segurança.
Trinta minutos na elíptica já desculpam o jantar que está marcado para o Forneria, o restaurante do hotel. 'Um italiano no Algarve?', pensamos nós já a sonhar com peixe fresco e marisco. Mas tendo em conta a criançada que o Memmo recebe, percebe-se que nada como uma bolonhesa para manter os miúdos entretidos umas horas.
Ainda assim, a ementa contempla pratos de peixe e carne, e rapidamente percebemos que talvez tivesse sido a melhor opção, ao perceber que os raviolis de espinafres tinham parte da massa crua. Mas calma, que ainda agora chegamos e ainda há muito percebe no mar.
Hotel para aventureiros
No dia seguinte, e depois e um pequeno almoço servido com todas as normas de segurança — hora marcada e serviço de buffet servido pelos funcionários —, já Carla Cabrita, proprietária da empresa de caminhadas guiadas Walking Sagres, nos espera de botas calçadas e casaco vestido. Nunca esquecer que estamos em Sagres e o vento é quem mais ordena.
O ponto de partida é o restaurante da mãe de Carla, cujas traseiras dão para um pinhal que me mesmo que seja explorado. Logo ali percebemos que Carla sabe por que trilhos se move. Nasceu ali, cumprimenta toda a gente pelo nome, sabe a quem pertence cada propriedade e leva-nos até ao ponto mais alto da zona. "Aqui vemos um Algarve diferente", diz. E confirma-se. O mar está longe e, à nossa volta, pinheiros, muita areia e a plantação rasteira que consegue sobreviver aquele tempo agreste.
Doze quilómetros depois e alguns bolinhos de alfarroba que Carla traz na mala para mostrar mais do que adoça a boca dos locais, acabámos o trilho improvisado que Carla prepara consoante o tipo de cliente que recebe e até tendo em conta o clima que Sagres promete para o dia.
É que ainda que o sol afinal tenha aparecido, o vento continua rei. E nem quando decidimos pegar numa das bicicletas para conhecer a zona ele dá tréguas.
Contra o vento e a subir, chegámos a Vila do Bispo, terra dos percebes. Mas são 11 da manhã e o conceito de brunch ainda não chegou — e ainda bem — a este pedaço de terra que foge do turismo em massa.
Aproveitámos o regresso a descer para chegar rapidamente a Sagres. É que o Memmo foi peremptório: se a ideia é comer peixe fresco e marisco, o Mar à Vista é obrigatório.
É lá que nos recebem com uma mesa de percebes, mexilhões e uma cataplana onde mergulham vários peixes frescos.
Energias restabelecidas para os últimos cartuchos. E esses vão ser vividos à beira da piscina aquecida do hotel, que até pode parecer um contra-senso tendo em conta que estamos no verão, mas, mais uma vez, #vento. Vão ver que aqueles graus acima da média vão dar jeito.
* A MAGG viajou a convite do Memmo Baleeira Sagres