O melhor pôr do sol a que já assistimos foi em Angola. O segundo foi em Alcochete, mais precisamente no Praia do Sal Resort. Para os fãs de praia, deixamos já um ponto assente: aqui não há praia, mas há piscinas, uma interior e em breve uma exterior. Também há um rio, o rio Tejo, que banha o Praia do Sal e faz com que este seja um dos melhores spots para ver o pôr do sol em Portugal.
Chegámos ao resort num instante — depois de partir de Lisboa, em 20 minutos estávamos em Alcochete —, e antes de virmos a descobrir tudo o que o resort tinha para oferecer, foi pelo pôr do sol que começámos, acompanhado de um cocktail feito por João Nunes, barman do restaurante Omaggio e autor dos cocktails de assinatura do resort que faz parte do grupo Stay Upon, que integra ainda as unidades Upon Lisbon e Casas da Baixa. À semelhança do cocktail que nos foi servido no hotel Upon Lisbon, também aqui perguntaram as preferências antes de trazer algo ao engano.
"Mais ou menos doce?", pergunta o barman. "Menos", respondemos. "Gosta de gin?". Não. "De certeza?", questiona com um ar de riso o simpático barman. É que, segundo João Nunes, o problema está na água tónica habitualmente misturada no gin, levando muitas pessoas, como nós, a dizer que não gostam de gin. Depois de confiar no barman, que apresentou um cocktail clássico com gin, o singapore sling (8€), muito fresco, nada doce e com uma palhinha de massa (delirámos com a iniciativa sustentável), percebemos que, afinal, gostamos de gin. Para a mesa veio também uma opção mais doce: o cocktail de assinatura Praia do Sal (12€), cujo puré de maracujá e a espuma de manjericão no topo casam na perfeição.
Quando o sol desapareceu e vento se instalou, foi altura de recolher ao quarto. O Praia do Sal tem 80 apartamentos (que variam entre apartamentos studio, apartamentos de um e de dois quartos) e nós ficámos no apartamentos studio, com vista lateral para o rio e uma decoração moderna percetível desde logo pela combinação improvável da colcha amarela com uma grande cabeceira azul. As portas de correr escondiam uma cozinha equipada, com micro-ondas, fogão, mini bar e máquina de café — os essenciais para uma escapadinha de fim de semana (embora nem seja preciso cozinhar com as ofertas do restaurante do resort).
As "melhores pizzas" e fettuccine de beterraba caseiro
Para sermos rigorosos, depois do que provámos, não é bem "oh my god" que devíamos dizer, mas sim "dio mio", já que o conceito do restaurante do Praia do Sal é uma homenagem à cozinha italiana (razão do nome Omaggio, "homenagem", em português). Embora, em conversa com alguns dos simpáticos funcionários do restaurante, não seja bem uma homenagem mas algo melhor do que isso, já que estes consideram que as pizzas que saem do forno a lenha são as "melhores pizzas" que alguma vez provaram. Depois de sabê-lo, não tivemos como não experimentar.
E foi mesmo com uma pizza, um clássico, que inaugurámos a refeição. Depois de ficarmos indecisos entre o trio de bruschettas (10,50€), com combinação de ricotta e tomate seco e outros sabores, e o pão de alho com alecrim e mozzarella (4.50€), optámos por este último e não nos arrependemos.
Para segundo prato, veio mais uma pizza, a Omaggio (17€), tal como o nome do restaurante, e arriscamos a dizer que foi o auge da refeição. Se a combinação de burrata e pesto de manjericão tem pouco para falhar, quando a isto se junta camarão e rúcula numa base de pizza estaladiça, nada mais há a dizer. Ainda provámos um fettuccine de beterraba feito em casa, com espargos e cogumelos perfumados com azeite de trufa (12€) e além de ser um prato bem apresentado, não é apenas para amantes de beterraba, uma vez que não se sente aquele sabor "a terra" e todos os sabores estão equilibrados. A refeição terminou com um tiramisù no frasco (4,50€).
O restaurante funciona de forma independente do resort e isso vê-se pelas famílias que vão chegando e ocupando as mesas com o mesmo à vontade do que se fosse em casa. Aliás, o Omaggio (bem como a esplanada com aquecedores e mantas onde vimos o pôr do sol acompanhado de cocktails), foi idealizado para ser um ponto de encontro entre as gentes de Alcochete e uni-las com quem vem de fora para descobrir o que esta região tem para dar (e não é pouco).
"Ai, Costa, a vida" destas costas
Gostámos tanto do restaurante Omaggio que na manhã seguinte já lá estávamos novamente, desta vez para provar o pequeno-almoço. No check-in preenchemos uma folha com aquilo que gostaríamos que fosse servido, uma medida colocada em prática devido à COVID-19 e que em breve deverá trocar de lugar com o tradicional buffet. Contudo, era possível pedir posteriormente algo que nos apetecesse no momento e o staff, atencioso, atendia a todos os pedidos, mesmo que a sala estivesse com algum movimento e demorasse uns minutos extra, compreensíveis.
Um dos pedidos que fizemos foram os ovos mexidos, e valeu bem a pena. Sabem aqueles ovos ressequidos e com claras ainda à vista muitas vezes servidos nos hotéis? Aqui, foi precisamente o oposto e o cheiro inundava a sala. Outra surpresa, e das saborosas, foi o facto de nos terem servido um cappuccino com bebida de amêndoa, polvilhado com canela. Já que estamos a falar das bebidas, se há ponto a favor é o facto de o sumo de laranja ser natural.
Depois deste pequeno-almoço o ideal seria uma caminhada, mas optámos por relaxar o corpo numa massagem. Experimentámos a massagem de assinatura, a Massagem dos Moinhos (80€ por 60 minutos). A massagem começa com um género de ritual de "boas-vindas", uma toalha quente pousada sobre os pés, e pode continuar pelas pernas ou costas, basta escolher ao início. Sem hesitar, optámos pelas costas. A certa altura, parecia que já não eram as mãos da massagista Sandra Deus a incidir sobre os músculos, tal não era a perfeição dos movimentos. No fim, não há como negar: Sandra revela que tínhamos uns pontos de tensão bem acentuados e que temos de voltar para continuar a aliviá-los. Não só temos, como queremos.
As massagens são apenas uma das ofertas do Praia do Sal Resort. É possível fazer observação de aves, passear na embarcação tradicional do Tejo, o bote leão, jogar golf, fazer kitesurf — atividade que não só é possível praticar, como admirar ou captar uma fotografia instagramável, uma vez que os kites andam pelo rio mesmo em frente ao resort —, ir de bicicleta (fornecida gratuitamente) até às salinas de Alcochete, local de eleição para a nidificação de aves, e fazer um passeio a cavalo com o Pátio do Tejo (as duas últimas não deixámos escapar).
A piscina exterior que se funde com o rio também está quase de volta e juntar-se-á às atividades em junho.
Andar a cavalo dentro de água é mais do que uma experiência
Até hoje só andámos de camelo e não correu às maravilhas. Talvez por isso, na visita ao Pátio do Tejo, na quinta Ponte Caia, em Gaio-Rosário, íamos a medo. O projeto é bem recente — começou em plena pandemia, a 15 de agosto, poucas semanas depois de Margarida Proença, co-fundadora, ter sido mãe do quarto filho —, mas experiência não falta à equipa e ao marido de Margarida, Pedro Sanches, formado em engenharia agrária, que tem na quinta cavalos que o acompanham há 20 anos. Sabíamos que os passeios a cavalo eram feitos junto ao Estuário do Tejo, mas uma vez chegados à propriedade, nem sinal do mesmo. Não escondemos: um ligeiro alívio correu pelas veias palpitantes por pensarmos que a experiência ia ser apenas pelo picadeiro.
Até que cada um dos visitantes começa a montar o respetivo cavalo, a aprender a dar-lhe indicações e ouvimos ao longe que o passeio iria demorar cerca de uma hora e meia e em breve partiríamos em grupo. Sabíamos que era totalmente seguro, só é preciso relaxar e perceber os estímulos. É que, como dizia um dos cavaleiros, "eles estão vivos" e é normal que enxotem moscas e parem para as necessidades fisiológicas. Afinal, o que podia correr mal? Nada.
Antes de partirmos, Margarida dizia-nos: "Nós não vendemos um serviço, vendemos uma experiência". Mas é muito mais do que uma experiência e apercebemo-nos disso quando chegámos ao Estuário do Tejo e os cavalos entraram dentro de água. Desse momento, levamos a sensação de estarmos ligados ao Vaquero, o nosso cavalo, e uma paisagem que não vamos esquecer. O Vaquero portou-se lindamente, e ao desmontar, senti-me como uma criança: depois de algum nervosismo, queria repetir para sentir tudo outra vez, mas melhor.
Contudo, à nossa espera estavam já uns petiscos, que fazem parte do pacote de passeio a cavalo com tapas/petiscos (70€). Foi-nos servida uma seleção de vários produtos da Mercearia da Aldeia, que faz do mesmo projeto, e queijos e enchidos bem portugueses. A tábua de enchidos tinha presento de porco preto de bolota e a de queijos dividia-se entre os de cabra e os de ovelha, que acompanhavam com um doce improvável, mas que nos conquistou (e tivemos de levar um para casa): doce de pimentos vermelhos (5,25€).
A experiência do Pátio do Tejo faz parte de um dos pacotes do Praia do Sal, que inclui três noites de estadia, passeio a cavalo na praia, tapas portuguesas no Pátio do Tejo, e oferta de sessão fotos em estadias marcadas para a primeira quinzena de junho ou julho. O pacote para duas pessoas custa 590€ de 1 de junho a 15 de julho. Em breve, o resort vai ter também um pacote que inclui alojamento e golf.
Uma noite para duas pessoas no Praia do Sal custa a partir de 80€ (em época baixa).
*A MAGG ficou alojada a convite do Praia do Sal Resort.