Não tenho uma casa minúscula. Mas, durante meses, pareceu-me que as paredes começaram a apertar. É difícil pensar que a vida se resume a alguns metros quadrados e que esses metros quadrados têm que servir para dormir, cozinhar, comer, treinar, descansar, apanhar sol e ver séries infinitas na televisão. Por isso cuidem-se, com máscaras e desinfetantes, que eu não quero ter que voltar a isto tão cedo, ok?

E é por isso que, munidos de máscaras e desinfetantes, nos fazemos à estrada assim que nos dão ordem de soltura. Ainda que aqui, a expressão "fazer à estrada", quase que não se aplica de tão curta é a viagem. É que ainda em casa, em Lisboa, pomos o nome no Google Maps, "Hotel Casa Palmela". Veredito? 40 minutos.

Em pouco mais de meia hora, aqueles metros quadrados de claustrofobia ficam para trás, até porque à nossa espera estão 70 hectares de propriedade, vinte deles dedicados à vinha. Brindemos a isso.

O Hotel Casa Palmela nasceu há quatro anos em pleno Parque Natural da Arrábida e, por isso, em nada mexeu na paisagem. Inserido numa área protegida, soube ocupar o seu lugar sem tirar destaque àquele verde que até parece impossível.

A casa era de família e é de família que ainda parece ser, ou não fossem as fotografias, os livros, os móveis originais e a cozinha de onde só sai comida de aconchego.

Os quartos têm o essencial, sem grandes luxos, mas quem é que precisa de dez champôs em miniatura quando abre a janela e tem à sua frente uma serra em dia de verão?

Pequeno-almoço sem buffet, fazer a cama e piscina com lugares marcados. Como é voltar a dormir num hotel em tempos de COVID-19?
Pequeno-almoço sem buffet, fazer a cama e piscina com lugares marcados. Como é voltar a dormir num hotel em tempos de COVID-19?
Ver artigo

É ao ar livre que o hotel se vive, sem barreiras ao olhar. Seja da piscina ou da plataforma de madeira onde são dadas as aulas de ioga, os olhos não têm como fugir à natureza.

O espaço em redor da casa principal conta com vários trilhos a serem feitos a pé ou de bicicleta — disponibilizada pelo hotel — e tem ainda uma casa de madeira — nada aqui é feito arquitetonicamente ao acaso — onde são feitos os tratamentos de bem-estar, seja massagem de relaxamento, desportivas, com pedras quentes ou com bambu.

Com o selo de segurança em tempos de COVID-19, o hotel e o restaurante estão reservados apenas a hóspedes. Ainda assim, as refeições podem ser feitas no quarto. Mas não o façam. A esplanada e a simpatia do Sr. João, mestre de cerimónias do restaurante Zimbral, valem uma descida para jantar.

A ementa é rica em comida tipicamente portuguesa e o peixe é rei. Ainda assim não faltam opções vegetarianas e alguns pratos de carne. O que nunca pode faltar é um bom copo de vinho a acompanhar. Já vos falei dos 40 hectares de vinha? Exato.

O pequeno-almoço já não é buffet, por medidas de segurança, mas é servido à mesa com tudo o que tem direito. Ovos, fruta, queijos, iogurtes caseiros e pão. A única desilusão foi perceber que ao jantar o couvert é feito com pão caseiro, mas que ao pequeno-almoço se dá primazia a umas carcaças pré-congeladas. Mas assim que falamos "daquele pão de ontem", eis que surge à mesa, fatiado a pedir uma generosa cama da de manteiga.

O Hotel Casa Palmela está aberto a um público cada vez mais português — fruto da pandemia que pôs os aviões em standby —, e é como um refúgio a quem viveu uma pandemia na cidade que quer ser conhecido este ano.

Uma noite em quarto duplo com pequeno-almoço em época alta (junho a setembro) custa desde 200€/noite.

* A MAGG ficou alojada a convite do Hotel Casa Palmela

As coisas MAGGníficas da vida!

Siga a MAGG nas redes sociais.

Não é o MAGG, é a MAGG.

Siga a MAGG nas redes sociais.