Há quem grite aos sete ventos que não entra no café com o pé esquerdo e quem, discretamente e sem muito alarido, decida atar o paninho ao pé da cadeira quando perde a carteira.
Seja porque já navegámos pelas profundezas da internet a tentar perceber o motivo pelo qual (alegadamente) temos de fugir de todo e qualquer gato preto ou, ainda, porque a avó confia plenamente nos ditos provérbios populares e há coisas que, a bem ou a mal, se eternizam ao longo de gerações — a verdade é que são várias as superstições enraizadas na cultura tradicional portuguesa (e não só).
Para celebrar esta sexta-feira, 13, a MAGG traz-lhe uma panóplia de superstições (ou mitos, depende do ponto de vista), no mínimo, caricatas.
1. O milagroso pano branco
Aqui, o procedimento é bastante simples e até se assume como milagroso. Reza a superstição que, naquelas alturas em que o desespero fala mais alto porque não encontra aquilo de que precisa, basta atar um pano branco ao pé de uma cadeira de madeira e, de acordo com o dialeto tuga, é remédio santo.
2. O (temido) gato preto
Sim, vamos mesmo tocar na ferida e, finalmente, desmistificar esta alegada aversão aos gatos pretos — porque, tal como já vamos passar a explicar, não é de agora.
A origem desta superstição remonta à Idade Média, quando os gatos eram associados a bruxas e corriam rumores de que estas assumiam a forma felina, sobretudo durante a noite, para se deslocarem sem serem identificadas.
Isto aliado ao facto de a cor preta estar associada à escuridão deu origem ao mito intemporal que ainda hoje mora na boca (e mente) de muito boa gente. Ainda para mais, claro, não nos podemos esquecer de há quem alegue que uns olhos que brilham no escuro lembram demónios ou seres diabólicos — daí o medo, a fobia e o horror sempre que um gato preto ousa atravessar a estrada, principalmente se for lua cheia.
3. Para a sorte e para o azar, eis o escadote
Há quem jure a pés juntos que depois de passar por debaixo de um escadote a sua vida nunca mais foi a mesma. Reza a lenda que esta superstição está associada à Santíssima Trindade e é um sinónimo de má sorte: passar debaixo de uma escada ou de um escadote é (na teoria) o equivalente a profanar o triângulo sagrado. Pecados mortais e mitos à parte, a má sorte não persegue o comum mortal e o equilíbrio entre Pai, Filho e Espírito Santo está garantido, mesmo que dê por si debaixo de um escadote!
4. "Não me varras os pés que eu quero casar"
Aguenta, coração, com lides domésticas à mistura. Desta vez, mergulhamos na (alegada) influência que uma simples vassoura pode ter na sua vida amorosa, sentimental e, neste caso, conjugal. Ora, de acordo com a superstição, se estiver a varrer e, sem querer, passar com a vassoura por cima dos pés de alguém, está a fazer com que a pessoa não se case ou (literalmente) a 'varrê-las' do horizonte. Ainda há dúvidas relativamente à origem da crença, mas uma coisa é certa: ainda há quem pense duas vezes antes de varrer o chão.
5. A orelha vermelha (e a ferver)
Quem nunca achou que estavam a falar mal de si por ter a orelha quente e vermelha que atire a primeira pedra. A premissa é simples: orelha esquerda é sinal de que estão a falar mal de si. Mas, calma, nem tudo é mau: se a vermelhidão for na orelha direita, é possível que estejam a criar um clube de fãs em que dizem apenas maravilhas sobre si. Mito ou não, a verdade é que há sempre quem rebobine na sua cabeça o seu historial de amizades e inimizades numa tentativa de descobrir a razão do 'alerta, orelha vermelha'.