Depois de percebermos que até o sistema de segurança do Banco de Espanha retratado em "La Casa de Papel" existe mesmo, é legítimo afirmar que Álex Pina, criador da série espanhola, procura que a sua ficção imite a realidade. Ou que, pelo menos, tenha algum fundo de verdade nas entrelinhas. E a nova série que aí vem não só não era exceção como confirma a teoria.
Álex Pina já confirmou que está a preparar um novo projeto, desta vez sem assaltos à mistura, mas totalmente inspirado na pandemia de COVID-19, que transformou o mundo em pleno 2020. Enquanto lia um jornal espanhol, o criador de séries como "La Casa de Papel" e "White Lines" cruzou-se com uma notícia sobre a proliferação de bunkers após a pandemia. E, pronto, fez-se magia.
O argumentista e produtor perdeu-se nesta nova realidade, que conta com milionários a comprar bunkers de luxo para fugir à pandemia, e decidiu criar o seu próprio mundo fictício, única e exclusivamente, passado no subsolo. Em declarações citadas pelo jornal "El Periodico", explica o que podemos esperar.
"Alguns dos novos abrigos que estavam a ser construídos eram casas de luxo subterrâneas. Com até 15 pisos e comodidades exclusivas como cinema, piscina, spa, ginásio e jardins comuns. Com água e comida para sobreviver durante mais de cinco anos. Uma comunidade subterrânea para 75 pessoas. E depois pensámos em como seria a vida lá dentro. As relações sociais, familiares, românticas, num abrigo subterrâneo para o qual tinham fugido de forma precipitada e exclusiva", diz Álex Pina.
Não foram adiantados mais detalhes sobre o projeto, ainda sem título oficial (divulgado, pelo menos), mas já se sabe que este não será o único projeto que Álex Pina já tem no forno. E, se tudo correr conforme planeado, 2023 será o ano previsto para a estreia do primeiro sin-off de "La Casa de Papel". Chama-se "Berlin" e será precisamente centrado na personagem do ator Pedro Alonso, o assaltante Berlin.
Álex Pina assina novo acordo com a Netflix
Na mesma entrevista ao "The Hollywood Reporter", citada pelo jornal espanhol, a Netflix falou da relação com o criador e de como a plataforma anseia o que o futuro reserva. "Estamos entusiasmados por continuar a acompanhar Álex Pina e a sua equipa. Pina é uma referência para ficção, inovadora e criativa, que tem inspirado fãs e criadores em todo o mundo", avança Diego Ávalos, vice-presidente de conteúdos da Netflix em Espanha e Portugal.
"Depois da grande aventura que tem sido 'La Casa de Papel, estamos entusiasmados por continuar a ser uma casa para ele e para todas as histórias que estão por vir", acrescenta.
E a verdade é que, com ou sem Netflix na equação, a relação entre Álex Pina e Portugal já vai longa e, profissionalmente, remonta há quase duas décadas.
(Muito) antes de criar "La Casa de Papel", já Álex Pina inspirava séries portuguesas
Apesar de Álex Pina se ter estreado no universo da ficção em formato série em 1997, com "Más Que Amigos", à data, fê-lo apenas enquanto argumentista. A paixão pela produção surgiu apenas mais tarde, quando idealizou e deu vida à sua primeira série original, "Los Serrano", uma comédia dramática que, em Espanha, foi para o ar em 2003.
Com 146 episódios (6 deles escritos e dirigidos na íntegra por Pina), "Los Serrano" tornou-se um sucesso na indústria e acabou mesmo por dar origem a uma adaptação portuguesa da série. Falamos de "Os Serranos", uma produção que foi exibida pela TVI, entre 5 de junho de 2005 e 25 de junho de 2006.
A adaptação portuguesa, que arrecadou a mais fatia de audiências no dia de estreia, contou com nomes como Marcantonio del Carlo, João Didelet, Pedro Laginha ou Inês Gonçalves no elenco e, ainda, participações especiais de reconhecidos atores da ficção nacional, como é o caso de Luís Esparteiro e Joana Duarte.