![Daniel Leitão.](/assets/img/blank.png)
Aos 54 anos, Paulo Fragoso trocou a RFM, onde estava há mais de três décadas, pela Renascença. O decano da rádio portuguesa é, desde o início de fevereiro, o anfitrião das tardes da antena da Emissora Católica Nacional, estando acompanhado de um mais jovem, mas igualmente popular colega, Daniel Leitão.
![Paulo Fragoso Paulo Fragoso](/assets/img/blank.png)
O locutor e humorista de 43 anos, que está há quatro anos na Renascença, mantém-se com a rubrica "Seja o Que Deus Quiser", que se estreou em 2023, quando, com Renato Duarte e Filipa Galrão, conduzia o "T3". A tripla das novas tardes da Renascença. é fechada por Miriam Gonçalves, responsável pela rubrica “Repórterzinho lá de casa”.
Em entrevista à MAGG, Paulo Fragoso revela como se está a adaptar a esta nova 'casa' e Daniel Leitão explica como é fazer parceria com o veterano da rádio.
Como é que está a correr esta nova dupla?
Paulo Fragoso (PF) - Para já, está a ser uma experiência nova para mim. Esta mudança de rádio implica algumas mudanças em termos de dinâmicas, mas nada a que uma pessoa não se habitue. Já na outra eu consegui atravessar todas as mudanças que houve durante todas as eras. Esta é apenas mais um capítulo e, portanto, é só uma questão de habitação. Em relação à questão que colocou com o Daniel, ainda estamos a conhecer-nos. Estamos ainda nos primeiros passos desta relação, digamos assim. Eu já era ouvinte do "Seja O Que Deus Quiser". Agora é diferente, porque estou ali com ele. Passo a ser um ouvinte presente e também ativo. Que é esse o objetivo. E, portanto, espero que o Daniel esteja a gostar tanto quanto eu. Apesar de ainda ser tudo muito novo. Está tudo ainda muito verdinho. Vamos, ao longo do tempo, aprofundar a relação.
Daniel, como foi continuar a fazer o "Seja O Que Deus Quiser" com a saída da Filipa Galrão e do Renato Duarte?
Daniel Leitão (DL) - Foi um desafio, um desafio acrescido. Eu, na verdade, sinto que a Renascença quis pegar uma partida ao Paulo. 'O Paulo já faz isto há tantos anos e tão bem que temos de o tirar da zona do conforto'. E eu estou lá só para atrapalhar. No fundo é isto que estou lá a fazer. Eu estou lá para atrapalhar.
PF - Eu não queria ir por aí...
DL - Sim, sim, sim. Mesmo que ninguém oiça, se eu conseguir atrapalhar o Paulo, acho que o objetivo está cumprido (risos)! Foram só a dois dias e vamos ver como é que vai ser. As coisas mudam e o que hoje é, amanhã não é, portanto, é seguir em frente.
Por outro lado, há aqui um reforço da importância desta rubrica, não é? Porque continua, apesar das mudanças das pessoas que estão neste horário.
DL - Repare, não é ao acaso que eu pus o nome do patrão na rubrica, não é? Seja o que Deus quiser (risos)! Portanto, é mais difícil acabar com uma coisa assim. Uma pessoa sente-se pior se um dia quiser pensar em acabar. Assim, à partida, vai durar bons anos.
Sente que, quando faz esta rubrica, está sempre a esticar um bocadinho a corda?
DL - Eu tento, não é? Eu tento, acho que passa por aí, não é?
Sinto que está mais picantezinho à medida que o tempo vai passando.
DL - Não, é normal. São os reflexos da sociedade, não é? Temos que ir um bocadinho mais longe também, para as coisas serem diferentes e testar limites, certo? No fundo, continuamos a ser crianças e as crianças fazem isso. É testar todos os dias os limites. É o que eu faço.
PF - Eu acho que lhe dão deixas para ele continuar assim. Aliás, para aprofundar essa parte de como disse, picante, não é? Dão-lhe deixas para isso e ele só aproveita.
DL - Eu sei que está a correr bem quando eu sinto que o Paulo também está meio desconfortável. Quando eu sinto que o Paulo está desconfortável...(risos)
Eu vi os dois primeiros episódios e achei graça a isso, à expectativa de ver a reação do Paulo Fragoso, uma voz que está connosco há tantos anos...
PF - Sim, porque, apesar de o Daniel me enviar o guião de cada episódio, eu faço questão de não ler antes. E portanto, para ser apanhado desprevenido e de surpresa. E confesso que uma coisa é estar a ouvir como ouvinte e outra coisa é estar ali no ativo a ouvir diretamente aquilo que ele está a dizer. E aí sim, uma pessoa é apanhada desprevenida. E há aquela reação de...
DL - Principalmente quando eu digo o teu nome, não é Paulo?
PF - Exatamente! Mas eu, inteligente e simpaticamente, corto às vezes o barato, como se costuma dizer (risos)!
Acha que devido à sua presença, as pessoas têm um bocadinho mais de receio de o criticar ou como fazem, por exemplo, com a Joana Marques? Porque acho que o facto de ser homem faz com que as pessoas não tenham tanto à vontade para isso.
DL - Eu acho que não, sabe porquê? Porque isso ocorre principalmente no meio digital. No meio digital não há género, não há tamanhos, portanto...Eu sinto que as pessoas não se coíbem de... Não olham para mim e pensam...
Sim, mas ninguém o vai ameaçar. Ou já o fizeram?
DL - Então, não? Acontece. A Joana também tem muito mais isso porque está a chegar a uma audiência cada vez maior. O "Seja o que Deus Quiser" está a dar os primeiros passos ainda. E isso vai acontecendo cada vez mais à medida que vamos crescendo. Portanto, quando chegar chegar à projeção que a Joana tem, se calhar também vou sentir isso. Acredite que as pessoas não se coíbem de dizer essas coisas.
Ri-se quando as pessoas não percebem que é humor?
DL - Somos todos humanos. Ao primeiro ou ao segundo pensas 'Ah, caramba!' Mas depois aquilo... enfim... Quando isso deixar de acontecer é porque alguma coisa não está a correr bem.
Como é que vocês observaram as movimentações no mercado da rádio destas últimas semanas?
PF - Eu penso que já devia existir há mais tempo, há muito mais tempo. Eu nunca vi um mercado da rádio, em quase 40 anos de rádio que faço, como agora. E é bom para todos. É bom para toda a gente. É bom para as rádios, é bom para as pessoas, é bom para os ouvintes, é bom para todos haver nestas mexidas. Tal e qual como no futebol. Porque isto faz com que não haja estagnação entre todos os aspectos.
Até eu, como profissional, nunca fui de estagnar, mas que às vezes, naturalmente, há aquela coisa de uma pessoa começar a... enfim, agora vou aqui sentar um bocadinho, a coisa está garantida... Não! 'Bora lá mexer. Bora lá fazer coisas novas. Bora lá ir buscar coisas novas'. Cá está. Eu estou agora na Renascença e é uma rádio completamente diferente de onde eu estava antes. E tudo é diferente. E já estou a aprender. Ou seja, podia dizer que já estou num patamar e que já não aprendo. Não! Todos os dias se aprende. E esta coisa de haver mudanças é sempre bom em todos os níveis, em todos os aspectos, para todos.
Já era precisas estas mexidas, Daniel, para agitar aqui um bocadinho o setor?
DL - Eu acho que sim. É um bocado para não te acomodares, não é? E todos nós sentimos que não damos nada por garantido. Portanto, temos que estar sempre à procura de mais e melhor para o que acontecer no futuro, e acontecer contigo, seja para melhor. Portanto, acho que é bom para todos, como o Paulo disse.