Bem sabemos que há séries como "Squid Game", "Lucifer" ou até "Sucession" a dominar as tendências mundiais das principais plataformas de streaming. Mas atenção: o facto de os catálogos digitais apresentarem sugestões americanas e asiáticas de grande interesse não significa que tenhamos de menosprezar o produto europeu. Antes pelo contrário.

Não há como dizê-lo de outra forma: o que é europeu é (mesmo) bom e tende a ficar na sombra das grandes produções de Hollywood. Mas isso está prestes a mudar, já que, desta vez, vamos descartar (salvo seja) tudo o que vem de outras latitudes e direcionar toda a nossa atenção para as produções que nascem, única e exclusivamente, no nosso continente.

Por isso, e para que não lhe faltem opções, fomos à Netflix e à RTP Play buscar seis séries europeias: das mais complexas, que até imploram por papel e caneta para não nos emaranharmos na trama ("Dark") às produções mais leves e divertidas, como "5Starz".

"Glória" (Netflix)

É primeira série portuguesa produzida exclusivamente para a Netflix e, só por isso, já merecia um lugar especial no nosso coração. Mas a verdade é que não prima só por ser nacional, mas por ser a prova de que há conteúdo português extremamente bem conseguido.

Nesta história, a vila de Glória, no Ribatejo, está entregue aos espiões russos e submersa em esquemas mesquinhos para tentar obter informação confidencial, capaz de enfraquecer a posição dos americanos em plena Guerra Fria. O clima é quase sempre instável e nunca ninguém está seguro no meio das inúmeras reviravoltas que um conflito entre espiões e o Estado Novo pode implicar.

É a prova de que nada do que parece é e a personificação daquilo que é uma série de espionagem que não descarta a importância das personagens secundárias  já que conta com uma vasta panóplia, repleta de dilemas, sedução e intriga. Já disponível na Netflix.

"O Homem das Castanhas" (Netflix)

Esta vem da Dinamarca e é perfeita para os fãs de policiais e mistérios imprevisíveis. Gira em torno de um assassino em série, que mata sem remorsos, mas cuja execução dos crimes é de tal forma perfeita que e nunca são encontrados quaisquer vestígios de ADN. 

Sem pontas soltas, sem provas suficientes e com a única suspeita de uma figura estranha composta por várias castanhas (sim, leu bem), ao longo de seis episódios, somos guiados pelo processo de investigação de dois detetives, que são obrigados a investigar um caso que não compreendem e cujas ramificações afetam toda uma comunidade. Para ver na Netflix.

"Dark" (Netflix)

É bizarra, imprevisível e extremamente complexa. Dica de amigo: "Dark" convida-o a mergulhar de tal forma em realidades paralelas, que um papel e uma caneta vão ser os seus melhores amigos durante as três temporadas da série. Isto, claro, se não se quiser perder num autêntico leque de cenários emaranhados.

Foi a primeira série alemã da Netflix e ainda hoje é comparada a "Stranger Things" devido à estranheza da história e à homenagem à cultura popular da década de 80. Em "Dark", a história começa com o desaparecimento de duas crianças, mas a trama é alimentada pelo role de mentiras e segredos das famílias e amigos mais chegados.

Nada é o que parece e o mistério complica-se quando somos confortados com o possibilidade de o desaparecimento estar associado não a motivações criminais, mas a fenómenos sobrenaturais, que assolaram a mesma localidade em 1986. Já conta com três temporadas, todas disponíveis na Netflix. 

"5Starz" (RTP Play)

Recorda-se do dia em que José Sócrates saiu da cadeia em Évora, em 2015, sob pena de prisão domiciliária? Entre dezenas de câmaras que vigiavam a entrada da residência em Lisboa, um estafeta irrompeu entre os repórteres, apenas para tentar fazer o que lhe competia: entregar a pizza encomendada pelo antigo primeiro-ministro. O momento tornou-se viral e personificou a inspiração de que Justin Amorim precisava para criar uma nova produção nacional — e assim nasceu "5Starz", a nova série da RTP Lab.

Teve Nuno Markl como consultor de guião e conta a história de seis estafetas, cada um protagonista de um episódio completo. Está disponível na RTP Play e é o retrato da geração Z, que procura a independência financeira, enquanto navega por todo o tipo de trabalhos precários. Tudo isto com traumas familiares, (des)amores, redes sociais à mistura. 

Conta com novos nomes no universo da representação, como Bruna de Magalhães ou Índia Branquinho, e já está disponível na RTP Play.

"As Telefonistas" (Netflix)

Fãs de "Peaky Blinders" e mistérios intensos, esta é para vocês. É uma produção espanhola, composta por um total de cinco temporadas, que acompanha a história de quatro mulheres responsáveis por pôr a funcionar aquela que ficou conhecida como a primeira companhia telefónica espanhola. Mas atenção: a vida destas telefonistas é tudo menos monótona, nesta que é uma série pautada por sedução, intrigas e mistérios.

Retrata os loucos anos 20, mas em pleno 2022 continua mais atual do que nunca. "As Telefonistas" dá corpo aos vários esforços e dilemas com que estas (mas, na verdade, todas as mulheres) são confrontadas diariamente sempre que pretendem marcar uma posição ou expor uma opinião — seja em contexto pessoal ou profissional.

"Causa Própria" (RTP Play)

Um estudante assassinado, uma cidade pequena e uma juíza que se vê obrigada a tomar uma decisão, que cruza o amor e a ética profissional. Tudo isto com direito a acesso privilegiado aos bastidores dos tribunais nacionais. É o que pode esperar da nova série da RTP, que já está disponível na RTP Play.

Ana (Margarida Vila-Nova) é juíza numa pequena cidade fictícia, onde julga os mais diversos casos – dos mais dramáticos aos mais divertidos. Um dia, um jovem aparece morto no jardim central e um grupo de estudantes é apontado como possível culpado. O processo complica-se quando, inesperadamente, a família de Ana é envolvida no processo.

E eis que surge a questão que dá o mote à nova produção da RTP, protagonizada por Nuno Lopes e Margarida Vila Nova: quando um jovem é assassinado, mas a família da juíza está em cheque, prevalece o amor ou a força da lei? A resposta está em "Causa Própria", a nova série nacional escrita por Edgar Medina e Rui Cardoso Martins.