Para que a História não tenha tendência a repetir-se, é importante que não a esqueçamos. É precisamente esse o objetivo do documentário de "Anne Frank — Vidas Paralelas" que chega agora à Netflix, onde alcançará um público muito maior, depois de ter estado nos cinemas em setembro. Trata-se de um documentário focado na vida de Anne Frank, uma das demasiadas vítimas do ódio perpetuado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, mas também nos depoimentos de cinco sobreviventes que recordam às novas gerações os horrores do Holocausto.
Ao longo de cerca de 95 minutos, a atriz Hellen Mirren ("A Rainha") assume o papel de narradora, ao ler passagens do diário de Anne Frank que se vão entrelaçando com as declarações dos sobreviventes que, mais do que recordar a História, complementam a da criança que morreu com 15 anos num campo de concentração alemão. As sobreviventes são Arianna Szörenyi, Sarah Lichtsztejn-Montard, Helga Weiss e as irmãs Andra e Tatiana Bucci.
Mas "Anne Frank — Vidas Paralelas" conta ainda com a participação de especialistas que ou estudaram o período histórico da Segunda Guerra Mundial ou, mais tarde, se especializaram no tema. É o caso de historiadores, psicólogos, jornalistas e fotógrafos que, também eles, têm coisas a dizer sobre o impacto que o ódio teve na vida daqueles que o sentiram na pele.
Além disso, o documentário vai ainda mais longe ao mostrar como é que, através da memória, se assiste à partilha coletiva de um trauma que vai sendo transmitido de gerações em gerações pelos pais aos filhos e pelos avós aos netos.
O objetivo é consciencializar para os horrores do Holocausto e não deixar que se esqueça — especialmente numa altura em que a extrema-direita está em ascensão na Europa e no mundo e o negacionismo está em voga.
Talvez por isso tenha sido tão bem recebido pela crítica internacional. O jornal britânico "The Guardian", por exemplo, diz que se trata de uma produção "dirigida aos mais jovens com o que talvez possa ser entendido como uma missão educacional" de recordar o que faz parte da nossa cultura.
No essencial, continua a mesma publicação, "trata-se de um filme muito substancial e valioso, com relatos de testemunhos reais que são complementados por contribuições de especialistas como o historiador Michael Birnbaum, que explicam como a nossa compreensão do Holocausto foi aumentando ao longo dos anos".
A produção documental está a partir deste domingo, 1 de novembro, disponível em exclusivo no catálogo da Netflix em Portugal.