Já se chamou Prateleira no Instagram, Bargarida Meltrão no Facebook e, no Tiktok, dá mais uma voltinha neste carrossel de nomes, sendo conhecida como Gosto de Batatas. Apesar de nas redes sociais não o utilizar com frequência, o seu nome verdadeiro é Margarida Beltrão.

Encontramo-la regularmente rodeada de cabritos, perus ou até mesmo alfaces e couves – e é exatamente por isso que foi conquistando uma legião de pessoas que acompanham o seu conteúdo religiosamente. Isto porque, aos 26 anos, conseguiu reunir quase um milhão de seguidores no Tiktok.

E caso a multiplicidade de Margarida não tivesse ficado clara com todos os nomes em que já se apresentou no mundo digital, pode ser que esta informação o ajude: além criadora de conteúdos, é jurista. À MAGG, conta todo o seu percurso, incluindo a forma como concilia estas duas vertentes díspares da sua vida.

Até já, Instagram. Olá, Tiktok

Margarida já criava conteúdos no Instagram muito antes de o Tiktok aparecer na sua vida. Na verdade, inicialmente, a jovem não se apercebeu do potencial da aplicação. "Durante muito tempo eu só via os vídeos, mas não publicava nada", conta à MAGG. E, repentinamente, fez-se luz – chegou à conclusão de que poderia transplantar o conteúdo de uma plataforma para a outra. "Foi assim que começou a interação com os animais, os momentos no meio das couves. Isso já acontecia no Instagram, foi só transportado para o Tiktok", frisa.

Por isso, embora acredite que "levar o lado rural a quem não tem acesso" tenha sido crucial para cair nas graças das redes sociais, não deixa de mencionar aquele que considera ser o fator que cimentou o sucesso: Inácio, o cabrito.

Inácio foi a estrela de vários vídeos, que deixavam os seguidores colados ao ecrã. E entre todas tramas das quais o cabrito foi protagonista, a mais trágica foi aquela que dizia respeito ao seu desaparecimento, há cerca de um ano. Margarida acreditava que o acontecimento ia ditar o fim da sua relevância nas redes sociais.

"Quando ele desapareceu, pensei 'acabou', porque as pessoas gostavam genuinamente dele", admite a jovem. No entanto, não foi isso que aconteceu. A influenciadora encabeçou a hashtag #resgateaoinacio, que conta com mais de 3.8 milhões de visualizações na plataforma. O paradeiro do cabrito continua desconhecido, mas a jovem permanece no centro das atenções.

"Ainda hoje continuam a perguntar-me por ele", afirma Margarida, acrescentando que este episódio fez com que tivesse de "mostrar outros cabritos, mostrar mais da quinta e falar de temas diferentes", como as intolerâncias alimentares e desgostos amorosos.

Nisto tudo, onde fica o Direito?

Se atualmente frequenta uma segunda pós-graduação, em Direito do Trabalho e Segurança Social, é graças à "decisão precipitada de quem tem 18 anos e ainda não sabia muito bem qual é o ramo pelo qual queria enveredar". Direito foi aquilo em que se licenciou e que lhe garantiu o título de jurista, tendo estado até na Ordem dos Advogados.

Contudo, apesar de o Tiktok ocupar uma grande parte da sua vida, não desistiu por completo deste ramo. Evidenciando ter consciência da volatilidade da fama que advém das redes sociais, Margarida revela que está apenas "a aproveitar a onda de notoriedade que apareceu" e acrescenta que consegue "intercalar ambas as coisas".

Assim, depois das aulas e do trabalho, ruma até à quinta da família para gravar conteúdo. E este passatempo fê-la abrir um baú cheio de competências que não imaginava deter. "Eu acho que descobri umas skills de comunicação que não sabia que tinha, que nunca tinha treinado, que nunca tinha exposto sequer. Entretanto, expus e percebi que funcionam", explica Margarida.

Se na Justiça lhe são úteis ou não, a história é outra. Mas de uma coisa tem a certeza: aquilo que decide partilhar não lhe retirou, em momento algum, credibilidade no contexto laboral. "Nunca senti que fosse problemático, porque todos entendem que uma pessoa não é só o seu trabalho, temos outros interesses", esclarece à MAGG.

"Tudo mudou na minha vida"

E nem só de um renovado conjunto de competências se constituem todas as mudanças que a vida da influenciadora sofreu. Uma das maiores reviravoltas foi o facto de ter saído de uma redoma de anonimato, explicando que "já não há uma vez em que saia à rua e não seja reconhecida".

Garante, ainda assim, que esse reconhecimento é bastante positivo e que se sente "bastante amada". "Eu sinto que ganhei imensos amigos, porque as pessoas criaram uma relação de amizade comigo", esclarece – e esta relação de proximidade fica à vista a partir do momento em que Margarida trata os seus seguidores por "besties" [abreviatura de "best friends", melhores amigos em português].

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Depois, as "parcerias e oportunidades de negócio" não tardaram a aparecer, algo que Margarida agarrou com unhas e dentes. E foi tão "uau", como descreve, que até teve oportunidade de abrir atividade nas Finanças. "Neste momento, eu conseguia trabalhar quase em exclusividade com aquilo que o Tiktok me proporciona. O Tiktok dá trabalho, pode mesmo ser um emprego", enfatiza.

Caso, um dia, as luzes da ribalta se apaguem, Margarida sabe exatamente o que tem de fazer. "Se tiver de me dedicar a 100% ao Direito, estou muito afim de regressar à Ordem dos Advogados e terminar o meu estágio", admite. Se, pelo contrário, conseguir fazer do TikTok um trabalho a tempo inteiro, também não tem problema nenhum em despedir-se do Direito permanentemente. "É para onde a onda me levar", conclui.