Lara Martins é a voz portuguesa que brilha nos palcos mais prestigiados do mundo. Há mais de 12 anos ligada ao musical “O Fantasma da Ópera”, a artista portuguesa que sempre gostou deste mundo desde criança, e fez da sua paixão o seu trabalho. 

Natural de Coimbra, foi na sua cidade natal onde começou os seus estudos no ramo da música. Prosseguiu a sua formação na prestigiada Guildhall School of Music and Drama, em Londres, com o apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Desde então, Lara Martins já passou por palcos em várias partes do mundo.

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Durante a sua carreira, a artista já teve oportunidade de trabalhar com prestigiados maestros e de atuar em diversos países como Itália, França, Suíça, Moscovo, Londres, Portugal, entre outros, consolidando a sua prestigiada carreira.

É em Inglaterra, numa das cidades que tem dos maiores centros culturais de teatros e óperas do mundo, Londres, que a artista portuguesa tem vindo a afirmar-se no papel de Carlotta Giudicelli, personagem do musical “O Fantasma da Ópera”.

Desde a sua estreia no West End, em Londres, em 1986, “O Fantasma da Ópera” tornou-se um dos musicais mais populares e vistos de sempre. Inspirado no romance de Gaston Leroux, o enredo gira em torno de uma figura enigmática conhecida apenas como o fantasma, que nas profundezas da Ópera de Paris fica fascinado pelo talento e beleza de uma jovem soprano chamada Christine Daaé. O fantasma esforça-se para a atrair e protegê-la.

Lara Martins
Lara Martins

Agora a digressão deste espetáculo regressa a Lisboa do dia 14 a 25 de outubro no Campo Pequeno, em Lisboa. Os bilhetes vão desde os 45€ a 140€, e já estão à venda no site da Everything is New. Lara Martins, volta mais uma vez a subir aos palcos portugueses com este projeto, que faz há mais de 12 anos. 

Leia a entrevista. 

De onde é que surgiu esta paixão pela ópera e teatro?
Acho que surgiu em criança. Desde pequena que gosto muito de cantar e tenho o meu pai, que é um homem que sempre ouviu bastante música clássica em casa e que com quem vou muitas vezes a concertos e óperas. Acho que a minha paixão pela música foi crescendo também um bocadinho por causa disso.

Depois fui para o conservatório e comecei a aprender canto. Foi uma progressão normal de alguém que queria fazer da música a sua vida.

Como descreveria o seu percurso profissional até ao momento?
Acho um percurso interessante, cheio de variedade e de algumas surpresas. A minha formação é de cantora lírica e, durante muitos anos, tive uma carreira típica de uma cantora desse género, entre ópera e recitais. Já há alguns anos entrei no teatro musical e, hoje, desenvolvo projetos bastante diversificados. Portanto diria que tem sido uma carreira muito rica, diversificada e de repertório, cheia de coisas boas. 

Sinto que sou uma grande sortuda porque as coisas correram-me muito bem, tenho conhecido o mundo inteiro, ou seja, só tenho mesmo que agradecer, tem sido bom.

“O Fantasma da Ópera” é uma produção icónica no teatro musical mundial. Como foi integrar e fazer parte deste espetáculo ao longo de tantos anos?
Foi um grande privilégio e uma grande honra. Obviamente que fazer parte deste grande espetáculo conhecido pelo mundo inteiro e estar constantemente a ser solicitada para repetir este papel, para mim, é uma honra e estou mesmo muito feliz.

Já estou associada a este espetáculo há cerca de 12 anos e já é um bocadinho como uma família. Obviamente que vou fazendo outros trabalhos pelo meio, não estou só há 12 anos a fazer este espetáculo, mas o facto de estar associada a ele durante tanto tempo deixa-me muito honrada, obviamente.

Considera que o papel que interpreta no musical, a Carlotta Giudicelli, é um dos que mais a marcou ao longo da sua carreira?
É um papel que marcou a minha carreira desde logo pela quantidade de tempo que estou ligada a este espetáculo e também pelo mediatismo do mesmo. As pessoas começaram a associar-me a ele, o que é perfeitamente natural. Por isso, sim, é um marco importante na minha carreira.Quais os desafios que enfrentou como artista portuguesa no panorama internacional durante o seu percurso?
Os desafios são os normais de uma performance, cantora ou atriz, que não são fáceis, é um mundo bastante competitivo, e principalmente lá fora. As pessoas costumam dizer que lá fora existem sempre muitas oportunidades, mas também existem muitas mais pessoas a competir, portanto a competição é mesmo muito grande. 

Eu nunca senti que ser portuguesa tivesse impedido de fazer alguma coisa. Mas os desafios que enfrentamos como artistas em meios altamente competitivos, especialmente quando se trabalha a nível internacional, como eu, sem dúvida que são as rejeições constantes. É preciso dizer que a vida de um artista é feita maioritariamente de rejeições e isso é complicado.

Obviamente, estar longe de casa também. Já estou fora do meu País há muitos anos e principalmente no início foi complicado. Fui sozinha para Londres, inicialmente estudar, numa altura em que ainda não havia muitos portugueses a estudar fora de Portugal. As saudades eram muitas, deixei a minha família, os meus amigos e isso tudo foi complicado, e acho que esses são os maiores desafios que tive que enfrentar.

Lara Martins
Lara Martins

O que pode o público português esperar do musical “O Fantasma da Ópera” que sobe ao palco em outubro no Campo Pequeno?
O espetáculo é incrível, desde o elenco, os cenários e o guarda-roupa. É uma produção mesmo espetacular e mágica. O elenco é quase todo feito por pessoas que já fizeram produções no West End. 

Há cerca de dois anos que estamos em digressão, tendo passado por vários países, da Arábia Saudita à Eslovénia. Agora vamos terminar a nossa digressão em Lisboa em outubro de 2025, o que para nós é absolutamente fantástico. Eu aconselho vivamente a ir ver, é um espetáculo mágico, a produção é incrível e vão ficar completamente extasiados com ele.

Atuar em Portugal, o seu País, tem um significado especial para si?
Muitíssimo especial, especialmente com este papel. Fazer aqui no meu País é mesmo muito especial. Na última vez que estivemos cá apercebi-me que a maior parte das pessoas não sabiam que eu era portuguesa e depois quando descobriram quase que não acreditavam. Para mim é uma enorme emoção fazer parte deste elenco e poder partilhar isso com o público português.

Acha que o público português é fã de musicais? Devia existir uma maior aposta neste estilo teatral em contexto nacional?
Eu acho que é um estilo que está a crescer em Portugal, sem dúvida. Penso que nos últimos anos as pessoas têm tido mais interesse.  Houve sempre pessoas que gostavam de ver musicais, mas era sempre uma coisa um bocadinho "vamos a Londres ou a Nova Iorque ver um musical", quase que fazia parte do roteiro turístico, mas acho que agora há mesmo uma vontade de ver este tipo de espetáculo em Portugal.

É um mercado que está em expansão, não sei se é também pelo facto de haver alguns portugueses nos últimos anos a terem uma carreira de algum sucesso nos musicais, o que também motiva muitas gerações de jovens a ir estudar para Londres ou outros sítios.  As escolas de teatro musical também estão em franca expansão em Portugal e vê-se que o mundo do teatro musical também está a crescer um bocadinho.

Portanto penso que é um mercado que está a crescer e daqui a uns anos vai de facto estar a dar cartas ou pelo menos vamos ter mais espetáculos de teatros musicais em Portugal. Obviamente que até chegarmos a um patamar como a West End e a Broadway, não sei alguma vez vai acontecer, mas também são mercados muito específicos, por isso acho que não queiramos imitar ou tentar chegar a uma coisa assim, até porque somos um País mais pequeno. Temos menos habitantes, e estes espetáculos vivem de pessoas e de um certo tipo de público e de volume de público que vê os espetáculos todos os dias, mas penso que existe, com certeza, um espaço no mercado para os musicais.