Há um novo documentário de crime na Netflix sobre o escândalo de abuso sexual de atletas nos EUA

Foram pelo menos 250 as jovens atletas que, ao longo de várias décadas, foram abusadas sexualmente por Larry Nassar, osteopata da equipa nacional de ginástica dos Estados Unidos. Embora a conduta do osteopata já tivesse sido reportada à Federação de Ginástica dos EUA na década de 90, nada foi feito e Nassar pôde continuar a exercer até meados de 2015. Foi nessa altura que algumas das suas vítimas quebraram o silêncio fazendo com que o caso ganhasse tração nos media e, consequentemente, no tribunal.

Caracterizado como um dos maiores escândalos de abuso sexual de que há memória no universo desportivo americano, as acusações formais materializam-se em 150 processos formais. De todas as acusações, Nassar assumiu-se culpado de apenas 10 e a pena, conhecida a julho de 2017, foi de 60 anos numa prisão federal.

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Em 2018, no entanto, Nassar foi novamente condenado a 175 anos de prisão por crimes consumados no estado do Michigian. O tribunal federal declarou que todas as penas serão cumpridas — o que implica que o ex-osteopata morrerá na prisão.

Mas o caso foi recordado através de um novo documentário da Netflix, intitulado "Athlete A: Abuso de Inocência", que conta com entrevistas exclusivas às vítimas de Nassar, mas também a alguns dos jornalistas que ajudaram a investigar e a denunciar as práticas do osteopata que agiu com a complacência da Federação de Ginástica dos EUA, que nunca tomou medidas apesar das denúncias.

O documentário mostra a cultura competitiva que se vivia dentro da Federação e revela que, enquanto as atletas estavam em treinos ou competições, os pais nunca tinham autorização para falar com os filhos. Isso permitiu que Nassar muitas vezes assumisse a figura paternal que faltava às atletas, e que era muitas vezes descrito por elas como uma pessoa "querida" e "afável", traços muito raros no universo da ginástica competitiva.

Mas o objetivo da produção é, além disso, tentar forçar a Federação a explicar de que forma é que foi permitido a Nassar continuar a exercer as suas funções e aliciar menores. Esta ideia é reforçada pelas ginastas de alta competição, Simone Biles e Aly Raisman, que recusaram a oferta de compensação multimilionária da Federação e que dizem preferir que esta "explique como é que a Nassar lhe foi permitido continuar a molestar jovens durante tanto tempo".

"Athlete A: Abuso de Inocência" tem uma duração de uma hora e quarenta minutos e já está inteiramente disponível para streaming na Netflix.