Joël Le Scouarnec, antigo cirurgião francês de 74 anos, foi condenado à pena máxima de 20 anos de prisão pelo Tribunal de Vannes, na região da Bretanha, por ter violado e agredido sexualmente 299 pacientes ao longo de 25 anos.

Durante o julgamento, o antigo médico reconheceu a gravidade dos seus atos. “Estou consciente de que o mal que causei não tem reparação”, disse. Em tribunal, acabou por admitir todos os crimes, embora inicialmente tenha tentado justificar parte dos abusos como “procedimentos médicos”.

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O caso é considerado o maior escândalo de pedofilia alguma vez julgado em França e levanta sérias questões sobre o sistema de saúde público, já que o médico continuou a exercer mesmo após sinais de alerta e condenações anteriores. Le Scouarnec já se encontra a cumprir uma pena de 15 anos de prisão, atribuída em 2020, por violar uma vizinha menor, duas sobrinhas e uma paciente de apenas 4 anos.

À porta do tribunal, dezenas de vítimas e ativistas pelos direitos humanos marcaram presença antes da leitura do veredicto. Exibiram uma faixa composta por centenas de pedaços de papel branco com silhuetas negras. Alguns papéis tinham nomes e idades; outros, apenas a palavra “Anónimo”.

Uma história com precedentes

A dimensão dos crimes de Le Scouarnec só se tornou clara após a sua detenção em 2017, por suspeita de violar uma vizinha de 6 anos. Durante a investigação, a polícia encontrou diários eletrónicos onde o cirurgião detalhava décadas de violações e agressões sexuais a jovens pacientes.

Apesar de já ter sido condenado em 2005 por download de imagens de abuso sexual infantil (pena que ficou suspensa), continuou a exercer medicina em hospitais públicos.

O recente julgamento decorreu numa altura em que França enfrenta um momento de reflexão sobre crimes sexuais, como o caso de Dominique Pelicot.