Avisam-nos para não falarmos com estranhos, para não andarmos sozinhos à noite e até para conduzirmos com precaução, mas ninguém nos alerta para a possibilidade de uma abelha nos arruinar a vida. E Trevor, interpretado por Rowan Atkinson, o eterno Mr.Bean, sofre na pele as consequências.

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Na pele e no cadastro, aliás. Já que em "Man Vs. Bee", a nova série cómica que se estreia esta sexta-feira, 24 de junho, na Netflix, este pai de família acaba mesmo em tribunal, a responder por 14 crimes (como condução perigosa, destruição de peças de arte e até fogo posto), única e exclusivamente, por causa de uma abelha. Ou de um "abelhudo intruso", como avança a sinopse.

Este homem acaba de conseguir um novo emprego, que o deixa encarregue de tomar conta de uma mansão de luxo repleta de obras de arte inestimáveis, carros clássicos e uma cadela adorável. Aparentemente, tem tudo sob controlo, já que até liga à filha a garantir que vão conseguir ir de férias. Mas tudo muda quando uma pequena e ousada abelha entra em cena.

No menu deste caos, há fogo, acidentes desastrosos e situações, no mínimo, inusitadas. Mas basta analisar o trailer, com menos de dois minutos, para perceber que o humor característico de Rowan Atkinson vai continuar a ser a estrela da festa. Pelo menos, ao longo dos nove episódios já confirmados para aquela que será a temporada inaugural.

O rosto é o mesmo, mas Trevor será bem diferente do Mr.Bean

Com Chris Clark como produtor executivo e David Kerr encarregue da realização, esperam-se nove episódios, que oscilam entre dez e 19 minutos cada, repletos de situações com as quais o público se vai identificar e uma espécie de sátira à forma como há quem confie a casa a completos desconhecidos durante semanas ou até meses de férias. Mas Rowan Atkinson deixa claro que esta nova personagem, Trevor, não será uma réplica de Mr.Bean. 

créditos: Netflix

"Não queríamos fazê-lo como se se tratasse de um projeto 'Mr.Bean'. O Mr.Bean é divertido, mas é meio anormal. É uma figura infantil e muito egocêntrico. Queria uma personagem nova e gostei da ideia de interpretar uma homem mais amável, com uma visão mais ampla e uma vida e situação relacionáveis", explica.

Do elenco, à margem de Atkinson, Jung Lusi, Tony McCarthy e Brendan Murphy, fazem ainda parte nomes como Chizzy Akudolu, que dá vida à juíza, Daniel Fearn como Lewis e, ainda, Aysha Kala na pele da detetive desta história. Todos os episódios estão disponíveis na Netflix desde as 08h01 desta sexta-feira, 24. 

Da esquerda para a direita: Greg McHugh, David Kerr, Rowan Atkinson, Claudie Blakley, India Fowler, Tom Basden, Jing Lusi e, ainda, Chris CLark. créditos: Netflix / Sama Kai

Para Atkinson, "o propósito da comédia é ofender"

Fora de projetos de ficção desde 2018, ano em que se estreou o filme "Johnny English Strikes Again", Rowan Atkinson regressa com uma visão bem vincada daquilo que considera (ou não) comédia.

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Numa entrevista ao jornal "The Irish Times", abordou sem pudores os limites do humor e arrasou a chamada "cancel culture" (cultura do cancelamento, em português).

Para o ator britânico, "o propósito da comédia é ofender, ou pelo menos ter o potencial para ofender". "Não lhe podemos tirar esse potencial. Todas as piadas têm uma vítima. É essa a definição de piada", começou por explicar.

Com a ressalva de que a comédia não serve apenas para troçar dos mais poderosos, e apesar de reconhecer que "nem todas as piadas são para todos", Atkinson acrescenta ainda que acredita que, "numa sociedade verdadeiramente livre, devemos poder fazer piadas sobre tudo".