Quando um totó desajeitado se apaixona por uma manipuladora nata, a normalidade a que estava habituado, e que apreciava, é atirada pela janela. Quando esta, por sua vez, se apercebe do interesse de um homem para quem, noutros tempos, jamais teria olhado por mais do que uns segundos, vê a oportunidade perfeita para recuperar algum equilíbrio. Os dois, sabemos de antemão, são incompatíveis em todos os aspetos das suas personalidades. Ainda assim, o amor dá-se. Ou tenta.
Falamos de "Love", uma das séries de comédia mais bem escritas da Netflix, e que, desde o primeiro episódio, desperta um sentimento de identificação muito forte no espectador. Precisamente porque já todos fomos o totó que se apaixonou pela pessoa errada, esperando que desse exercício fútil resultassem mais do que arrependimentos e desgostos.
Protagonizada pelos carismáticos Gillian Jacobs e Paul Rust, "Love" conta uma história de avanços e recuos à medida que os dois, finalmente cientes de que gostam um do outro apesar das diferenças incomportáveis, aprendem a aceitar as suas falhas. E parece ser essa a ideia principal da série: que só com compromissos e cedências se pode fazer com que o que estava, à partida, destinado à ruína, resulte.
Num contexto pandémico em que a proximidade se exprime por extenso, "Love" recorda-nos de tempos mais fáceis. E só isso vale a pena que seja vista (ou revista) na íntegra.
As três temporadas da série estão inteiramente disponíveis no catálogo da Netflix e os episódios nunca excedem os 30 minutos de duração. Ainda que não queiramos estragar a surpresa a quem ainda não viu, garantimos que o final está em linha com a temática da série e tem tanto de bonito como de esperançoso.
Criada por Judd Apatow, o elenco de "Love" é composto por nomes como Claudia O'Doherty, Mike Mitchell, Chris Witaske e Jordan Rock.