Há 22 anos que o filme "Mulan" foi lançado nos cinemas para contar a história, baseada numa lenda chinesa, de uma jovem rapariga, Fa Mulan, que se disfarça de homem para se conseguir infiltrar no exército imperial e defender o país dos invasores do Norte, salvando assim o pai, que por estar doente não aguentaria lutar para defender a nação. O general Li Shang acaba por criar uma ligação com o alter-ego guerreiro de Mulan, que depois de descobrir a sua verdadeira entidade, acaba por se apaixonar por ela.
A história de Mulan inspirou durante vários anos crianças e adultos pela coragem em arriscar a própria vida, mas nos dias que correm a história já não é vista da mesma forma, razão pela qual no remake — que vai chegar a 26 de março a Portugal — a personagem principal, tal como o enredo, vão ter características diferentes.
"Acho que, particularmente na época do movimento #MeToo, ter um oficial comandante que é também um interesse amoroso era muito desconfortável e não achámos apropriado", disse o produtor Jason Reed ao site "Collider".
Por isso, o comandante Li Shang acabou por ser dividido em duas personagens no novo filme: uma é o comandante Tung, que é como o pai substituto de Mulan e o seu mentor e a outra é Honghui, que é igual a Mulan — interpretada pela atriz Liu Yifei no novo filme.
E onde é que entra aqui o movimento #MeToo? No facto de o produtor ter ficado desconfortável com a dinâmica de poder no relacionamento de Mulan e do general Li Shang, tendo em conta os últimos acontecimentos em Hollywood relacionados com o movimento.
E um dos desfechos dos casos que deram origem à hashtag que luta contra o assédio sexual e a agressão sexual, aconteceu na semana passada, a 24 de fevereiro, quando o produtor Harvey Weinstein foi considerado culpado de dois dos cinco crimes sexuais pelo qual é acusado, decisão do júri do julgamento que decorreu em Nova Iorque. Um dos crimes diz respeito a um ato sexual criminal em primeiro grau que envolve a produtora Miriam Haley, e o outro a uma violação em terceiro grau.
Pelas redes sociais têm surgido vários comentários que questionam a necessidade de alterar as personagens e o enredo do novo filme "Mulan", considerando que não havia nada de mal na relação entre Mulan e Li Shang. É o caso de um utilizador que diz: "Li Shang nunca abusou do seu poder. Eles reuniram-se no final quando Mulan já não estava no exército (ela pediu que ele ficasse para jantar). Não durante! É um falso remake de merda e nem está perto do Me Too! WTF!"
Há ainda outro que lança uma nova teoria sobre bissexualidade.