A comédia romântica de Natal que homens gay nunca tiveram oportunidade de ver. É assim que a imprensa internacional descreve "Solteiro Até No Natal", o mais recente filme natalício da Netflix que, no centro da sua história, dá a conhecer a origem de uma relação romântica entre dois amigos: Peter (Michael Urie) e Nick (Philemon Chambers).

Peter é um solteiro inveterado e, com a chegada do Natal, o que prevê são perguntas constantes por parte da família mais próxima sobre quando decidirá, afinal, assentar e ter uma relação estável.

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Com o objetivo de fintar todo um rol de questões chatas e desconfortáveis, Peter pede a Nick, o melhor amigo, que finja ser o seu namorado durante o Natal com a família. E embora este aceite, o plano é rapidamente estragado pela mãe de Peter (interpretada por Kathy Najimy), que decide juntar o filho e James (Luke MacFarlane), um PT solteiro e carismático, num encontro às cegas e absolutamente inesperado.

De repente, a vida amorosa de Peter passa a ser um assunto de interesse geral, em que a família tenta, a todo o custo, que Peter consiga manter uma relação estável e duradoura com um homem que o ame e o respeite.

No meio de todo este caos, claro, está Nick, o amigo de Peter que aceitou fingir gostar dele. Mas a verdade é que, para lá da máscara, Nick está mesmo apaixonado pelo amigo a quem a família quer impingir James. Como em qualquer comédia romântica, aqui não há grandes e inesperadas reviravoltas. Nem pode haver. Afinal, é devido ao seu traço familiar e extremamente previsível que voltamos a elas. O que é familiar e não se desvia muito do que está padronizado, traz conforto. E conforto, sobretudo em televisão ou cinema, é sempre bom.

Por isso, já sabemos que aqui, e tal como nos desenhos animados da nossa infância, nunca nada acaba mal. É a viagem que importa e, neste caso, a forma como a relação de Peter e Nick vai evoluindo da amizade até ao amor profundo. Claro que, pelo meio, há caos, gargalhadas e até algum desamor, mas em nenhum momento as consequências são irreversíveis.

Além de tudo isso, "Solteiro Até Ao Natal" destaca-se pela forma como dá palco a uma história LGBTQI+ sem que, apesar disso, faça dela o centro do filme. A família de Peter é moderna, progressista e atenta às necessidades do filho.

Da mesma forma, nunca, em nenhum momento, o jovem é alvo de qualquer piada ou comentário homofóbico por ser quem é, nem a sua orientação sexual é usada como mecanismo cómico para que quer que seja. A relação entre Peter e Nick é tratada com a mesma naturalidade com que se trataria um casal heterossexual. Porque haver homens que amam homens é, em si mesmo, natural.

À data da publicação deste artigo, "Solteiro Até No Natal" é o novo filme mais visto da Netflix em Portugal. Realizado por Michael Mayer e escrito por Chad Hodge, tem um elenco composto por nomes como Barry Bostwick, Jennifer Robertson, Madison Brydges e Jennifer Coolidge.