O filme “O Resgate do Soldado Ryan” estreou-se em julho de 1998 e, 25 anos após este lançamento nas salas de cinema, ainda continua a ter impacto no público até aos dias de hoje. E uma das razões está mesmo na cena de abertura que foi considerada "a representação mais fiel da guerra no cinema", segundo a revista "Esquire".
A obra cinematográfica de Steven Spielberg começa em 6 de junho de 1944, quando o exército dos Estados Unidos aterra na praia de Omaha, na França, para se preparar para a invasão da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial. Os primeiros minutos do filme mostram os soldados a chegarem à costa e a serem abatidos pelas forças alemãs.
Esta cena inicial recebeu pela revista norte-americana uma classificação de a mais representativa da realidade de uma guerra. “A sequência de 24 minutos capta a guerra de uma forma que não tínhamos visto antes e que não foi igualada desde então”, lê-se na publicação.
As razões para esta avaliação estão nos "tremores nervosos das mãos de Hanks", no "vómito", na "surpresa desesperada dos soldados que se afogam nos baixios", nas "balas alemãs indiscriminadas que aterram com força no peito dos americanos" e no "fogo incessante das metralhadoras e as explosões", segundo aponta a "Esquire".
A mesma publicação acrescentou ainda que esta cena tornou-se icónica por ter sido filmada por um “operador de câmara que corria ao lado dos atores, instruído para fazer uma panorâmica para qualquer parte do horror que lhe chamasse a atenção”.
Desde o início que o objetivo de Steven Spielberg sempre se centrou em abordar a realidade e a brutalidade da guerra, algo que segundo o realizador ainda não tinha sido conseguido na história do cinema.
“Lembro-me de um dos [veteranos de guerra] me ter dito que toda a cena na praia foi um borrão, não no sentido de não ter memória, mas para ele nada estava focado durante toda aquela situação”, referiu o realizador do filme, numa entrevista ao jornal “Los Angeles Times”, citado pela "Esquire".
“Ele descreveu os sons, descreveu as vibrações de cada choque de cada um dos projéteis que atingiam a praia, o que fez com que alguns deles ficassem com o nariz a sangrar e com os ouvidos a estremecer. O chão subia e batia-lhes na cara por causa do choque violento”, acrescentou ainda Steven Spielberg.
Também Tom Hanks, o ator que interpreta o capitão John Miller no filme, ficou muito surpreendido com esta cena inicial. Numa entrevista a Roger Ebert, um antigo crítico de cinema, o ator recordou como foi filmar esta aclamada cena.
“Eu estava na parte de trás da embarcação, a rampa desceu e vi as primeiras quatro filas de homens a serem feitos em pedaços. Na minha cabeça, eu sabia que eram efeitos especiais, mas ainda não estava preparado para a experiência. O ar ficou literalmente cor-de-rosa e o barulho era ensurdecedor e havia pedaços de coisas a cair em cima de nós e era horrível”, descreveu Tom Hanks.
O filme retrata as buscas por um soldado norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial. Meses depois da sua estreia acabou por ganhar cinco Óscares, incluindo a melhor realização pelo trabalho de Steven Spielberg. Atualmente pode ser visto em Portugal através da Netflix.