Passaram seis anos desde que a série "Breaking Bad" teve o desfecho (quase) final. O fim da personagem Walter White, um professor de química infeliz e frustrado que decide começar a produzir metanfetaminas quando é diagnosticado com um cancro terminal, foi revelado no último episódio, que ficou marcado também pela fuga de Jesse Pinkman (Aaron Paul) da escravatura dos lideres de drogas nazi. Nas últimas cenas vemos Jesse Pinkman num carro, a deixar para trás Walter White e os tumultuosos anos dedicados à produção de droga.
Só que o final da série não é na verdade o final da história."Breaking Bad" está de volta ao ecrã com o filme "El Camino", que estreou-se esta quinta-feira, 10 de outubro, na Netlix. E o que é que já se anda a dizer sobre o novo filme da série? Prometemos não fazer spoilers, apenas detalhes sobre o bom e o mau da produção escrita por Vince Gilligan.
A primeira critica foi feita pela revista "Time", que começa por falar da primeira parte do filme: "A estrutura das cenas iniciais, que leva os espectadores a envolverem-se nos esforços de Jesse para sair da cidade adicionando generosos flashbacks que preenchem lacunas cruciais do seu passado, não são apenas um alívio cómico."
A revista britânica "Radio Times" é da mesma opinião, e continua: "Não servem apenas para agradar os super fãs com algum alívio cómico dos velhos amigos de Jesse, mas para mostrar o quanto sua vida mudou durante os episódios de 'Breaking Bad' em comparação à deles [Skinny Pete e Badger], cujas vidas parecem ter sido mantidas em segredo".
Estas cenas fazem a transição entre o último episódio — em que Jesse Pinkman deixa o laboratório de química — para o filme, onde se dirige para a casa de um velho amigo.
A revista "Time" diz que o filme segue um "ritmo e uma escala de ação e suspense", tal como acontecia na série, e caracteriza o "El Camino" pelas piadas que fazem esquecer a queda de Walter White. O tom combina com aquilo que mais diferencia o novo rumo de "Breaking Bad": há um novo "herói da ação", descrito pela revista como "singularmente conflituoso, exausto e, de várias formas, destruído".
À medida que o filme se aproxima do final, "torna-se mais num thriller de ação. O rumo muda e começamos a ter de volta a energia explosiva do final em 2013", descreve a revista "Radio Times".
Para corresponder às altas expectativas do público, o autor da história, Vince Gilligan, "não consegue resistir, mas dá às pessoas o que estas querem através de uma participação muito especial, que ajuda a encaminhar o filme naturalmente para o final do jogo", acrescenta a mesma revista.
Parece que o filme faz justiça à qualidade da série, já que a "Time" continua a tecer grandes elogios: "É um verdadeiro filme, com um ritmo tenso, uma conclusão satisfatória e uma grande escala visual que a excelência implica". E continua a descrição sem uma ponta de crítica negativa dizendo que o filme tem um "detalhado design de som e um trabalho ágil da câmara — repleto de efeitos destabilizadores, como cenas onde se abrem pontos de vista bizarros ou seguem personagens desconhecidas".
Também feita de elogios é a crítica da "Radio Times", que refere que ao contrário de muitas adaptações de filmes e de spin-off de séries de televisão, o filme "El Camino" consegue captar a essência original da série.
"Não tem medo de manter a intensidade, o humor negro e as cenas longas e lentas que fazem de Breaking Bad um sucesso". É por isso que, tal como a revista "Time", a "Radio Times" considera que o fim de "El Camino" tem uma conclusão satisfatória.
Quem discorda é a revista "NME": "Depois de cinco temporadas de drama e trauma, o filme que ninguém pediu adiciona uma cena depois dos créditos finais para um final que já era perfeito".
A "Time" compara ainda o filme à nostalgia que sentimos quando nos lembramos de amigos com quem perdemos o contacto. É assim também que funciona com o regresso de Jesse Pinkman no filme "El Camino", que veio para acabar, finalmente, com as saudades da série. É por isso que este é "certamente um filme para os fãs de 'Breaking Bad'", descreve a "Radio Times".
"Entrando em 'El Camino', a alma de Jesse ainda está na balança. Para escapar da sua vida antiga, ele terá que provar que é inteligente e forte o suficiente para fazer isso por conta própria", encerra assim a crítica da revista "Time", deixando uma reflexão sobre a prestação de Jesse e aumentando a curiosidade sobre o filme.
"Embora a concentração em Jesse e a falta do elenco que caracterizou a série original possam deixá-lo com a sensação de que está a faltar algo", começa a "Radio Times", "o uso consistente de flashbacks e o encaminhamento, dão oportunidades suficientes para levar o melhor de 'Breaking Bad a todas as pessoas'", acaba, sem se alongar no comentário negativo.
A "NME" é mais dura na crítica e refere que os momentos emotivos foram indulgentes e inconclusivos, adicionando cenas desnecessárias a um produto que já estava completo. "O filme acaba como a série acabou". Deixamos de lado o spoiler e saltamos para o final da crítica, onde a revista diz: "É intrigante assistir a duas horas de filme e chegar, basicamente, à mesma conclusão".
Duas horas que o jornal "The Guardian" caracteriza como uma longa-metragem e não como um filme real. "É muito compacto e fragmentado para se sustentar por si próprio e os espectadores que não viram as 62 horas anteriores de 'Breaking Bad' provavelmente terão dificuldade em divertir-se", refere a crítica do jornal.
Por causa das cores vivas da imagem gráfica, a "Time" apela para que as pessoas não vejam o filme no telemóvel: "Mesmo se tiver uma assinatura na Netflix, este duro esplendor vale o preço de um bilhete de cinema". Por cá isso não é possível, mas pode sempre optar pelo conforto do sofá e da televisão.