
A CMTV vai estrear o documentário "Rabo de Peixe: A Verdadeira História", da autoria de Rúben Pacheco Correia, natural dos Açores. Dividido em cinco episódios de aproximadamente 25 minutos cada, a produção dá a conhecer factos inéditos e testemunhos exclusivos relacionados com o caso que marcou a vila açoriana em 2001, quando centenas de quilos de cocaína deram à costa na ilha de São Miguel.
Com entrevistas a protagonistas diretos e até ao proprietário do veleiro que transportava a droga, Antonino Giuseppe Quinci, o documentário, que estreia na televisão no dia 12 de outubro, pretende trazer ao público uma versão factual e contextualizada daquilo que aconteceu, afastando-se da abordagem ficcional da série da Netflix "Rabo de Peixe".
Durante a apresentação à imprensa, Rúben Pacheco Correia explicou o objetivo do documentário e deixou algumas críticas à forma como a ficção retratou a sua terra natal. "É sempre um risco muito grande romantizarmos histórias de narcotráfico e transformarmos traficantes em heróis… aquilo que me ofendeu particularmente foi o facto de ver a minha terra uma vez mais retratada como um cartel na costa norte da ilha de São Miguel, não é correto, não é justo", afirmou, acrescentando ainda que, fora de Portugal, a série da Netflix nem sequer se chama "Rabo de Peixe", mas sim "Mar Branco" ou "Neve nos Açores".
O autor contou também que a ideia de escrever um livro surgiu antes de a Netflix lançar a sua série de "Rabo de Peixe". "Eu decidi escrever o livro em primeiro lugar e fazer o documentário depois da série. Contudo, antes sequer de 'Rabo de Peixe' ser um projeto da Netflix, eu já tinha anunciado que iria escrever o livro. Aproveitei a onda da Netflix para dar a conhecer a terra".
Questionado sobre a mudança da TVI para a CMTV, Rúben Pacheco mostrou-se satisfeito com a decisão. "Estou muito feliz com a mudança, agora não tenho motivos para apontar. Em relação à TVI, eu tinha apalavrado a exibição, mas quando recebi a contra proposta achei que não fazia sentido para mim".
Quanto ao facto de o lançamento coincidir com a nova temporada da série da Netflix, garantiu tratar-se apenas de "uma feliz coincidência"."Acho que é a altura certa, porque o trabalho já estava pronto e não fazia sentido guardarmos na gaveta. É o mês onde Rabo de Peixe está na boca do mundo."
A MAGG assistiu ao primeiro episódio do documentário e podemos dizer que as expectativas para os próximos estão altas. Quando pensamos em documentários, é fácil associá-los a algo monótono, mas Rúben Pacheco Correia deu tudo nesta verdadeira história da sua terra. O resultado é uma versão completamente distinta da série da Netflix, apostando numa narrativa documental que combina entrevistas, imagens de arquivo e muita história de Rabo de Peixe.
O primeiro episódio conseguiu prender-nos ao ecrã do início ao fim, graças às diferentes vozes que compõem a narrativa, desde o próprio Antonino Giuseppe Quinci a familiares e protagonistas que viveram de perto este caso.
Um dos momentos mais fortes surge precisamente com o verdadeiro transportador da droga. "A viagem que terminou nos Açores era para ter demorado 40 dias. Mas acabou por demorar 40 anos, para mim", disse.