De repente, o pânico. Como é que íamos ter uma cerimónia de entrega de Óscares sem apresentador? Quem é que ia mandar piadas, cantar se fosse preciso e gozar com os da fila da frente?
A resposta? Tina Fey, Maya Rudolph e Amy Poehler juntas num palco de onde os fãs não queriam que elas saíssem.
Esta era uma gala na qual o momento da abertura era tão aguardado como o anúncio de uma das principais categorias. Afinal, era a primeira cerimónia sem apresentador desde 1989, ano que ficou conhecido como um dos piores de toda a história dos Óscares. Logo no início, um número musical de 11 minutos protagonizado por uma Branca de Neve (interpretada por Eileen Bowman) e Rob Lowe não convenceu, nem mesmo por ter sido idealizado por Allen Car, o produtor de prestígio que tinha estado à frente do musical “Grease”. Foi de tal forma mau que ninguém recorda 1989 como o ano em que Jodie Foster ganhou o seu primeiro Óscar, nem mesmo como o ano em que o prémio passou a ser anunciado com um “and the Oscar goes to…” em vez de “and the winner is…”
Este ano, e para jogar pelo seguro, a Academia apostou numa abertura feita pela banda do momento — os Queen serão sempre a banda do momento, mesmo que o vocalista tenha morrido há quase 20 anos — e entre uma "We Will Rock You" e um "We are the Champions", Adam Lambert cumpriu com o esperado, sem grandes surpresas.
Tina Fey, Maya Rudolph e Amy Poehler sobem ao palco segundos depois e, aí sim, começa a festa. Um das primeiras deixas serve para avisar o público de que não, não são as anfitriãs da noite, ainda que, pela internet, todos se juntem num coro que pede para este trio fique até ao fim da cerimónia.
— "We deserved them as hosts tonight" ("Nós merecemo-las como anfitriãs esta noite");
— "We're not your hosts tonight" (but we wish they were!)" ("Não somos as vossas anfitriãs esta noite, mas quem nos dera que fossem");
— “We are not your hosts. But YOU SHOULD BE" (Não somos as vossas anfitriãs, mas deviam ser");
— "Can they host every award show together?!" ("Podem apresentar todos os prémios juntas?");
— "This is the best thing Oscars has done in years" ("Esta é a melhor coisa que os Óscares fizeram em anos");
— "Best bitches ever" (Esta não vamos traduzir).
Amy e Tina já tinham apresentado prémios juntas anteriormente nos Globos de Ouro de 2013, 2014 e 2015, mas esta foi a estreia das três comediantes em palco. Maya Rudolph, que completa o trio, começa os três minutos de performance com uma das mais frases polémicas da noite. "Um update rápido: não há anfitrião esta noite, não haverá categoria de filme popular e o México não vai pagar o muro", fazendo assim uma associação à notícia de que a Academia iria criar uma categoria para blockbusters e à promessa eleitoral de Donald Trump de dividir fisicamente os Estados Unidos do México.
Aproveitando o seu tempo de anfitriãs-que-não-são-anfitriãs, Tina promete sandes de queijo à moda do Fyre Festival a toda a plateia e provoca a indústria cinematográfica com um “Roma está no Netflix? O que é que se segue, o meu microondas faz um filme?”, Maya canta "Shallow" à la Lady Gaga e Amy Pohler aproveita para não fazer esquecer o movimento #MeToo. As três foram convidadas para apresentar a categoria de Melhor Atriz Secundária ("Best Supporting Actress") e Amy, antes de anunciar o vencedor, garante que todas as atrizes podiam ganhar porque "todas as mulheres se apoiam (support) naturalmente umas às outras".
Tudo funciona melhor em inglês e nada como ver a performance original deste trio que, por vontade do público, passam de "não anfitriãs de uma categoria", a anfitriãs de toda uma gala.