29 de abril de 2023. O dia que marcou o regresso dos D'ZRT, banda criada em 2004, para a série juvenil "Morangos Com Açúcar", e composta por Cifrão, Edmundo Vieira, Paulo Vintém e Angélico Vieira. 12 anos depois do último concerto, o grupo voltou para a digressão Encore.
Aquilo que era para ser um concerto único transformou-se em 12 datas, graças à resposta do público, que foi esgotando os bilhetes. O primeiro concerto aconteceu este sábado na Altice Arena, em Lisboa, e a MAGG esteve presente. O último decorrerá a 19 de agosto no Estádio do Algarve. O espetáculo estava marcado para as 21 horas, mas, por volta das 19h, deixaram entrar os primeiros fãs. Ficariam na zona junto ao palco, por terem comprado os golden ticket (120€), que contemplavam entrada antecipada, acesso ao golden circle e uma sessão de perguntas e respostas com a banda.
Os fãs, que nunca deixaram de "Querer Voltar"
Durante este encontro, Cifrão, Edmundo e Vintém foram falando com cada um dos fãs presentes, tirando selfies, dando autógrafos e distribuindo carinho. "Este momento é tão forte para todos nós que vai ser uma concentração de energia", dizia Vintém a uma fã.
"Estou a tremer pesado. Estou em choque", contava, em chamada telefónica, Diogo, depois de receber um abraço de Vintém. O jovem 20 anos tinha vindo de Barcelos. "É muito bom eles estarem um a um a falarem um bocadinho. Realmente eles são diferentes", afirmou à MAGG, com um brilho nos olhos.
Além do concerto em Lisboa, está a ponderar "ir ao do Algarve" e "a mais algum no Porto". "É que isto é uma oportunidade que... nunca mais, provavelmente", justifica. "Quando era muito pequenino, a minha mãe levou-me a um concerto deles em Barcelos. Não tenho memórias, é pena, mas tenho fotografias", recorda.
Rute, com 23 anos, sentiu "pânico, borboletas e muita alegria" quando soube que os D'ZRT iam voltar. "Foi uma nostalgia, porque desde sempre que me lembro dos D’ZRT, então foi incrível anunciarem isso", concorda Inês, de 26 anos. A banda divulgou o regresso a 29 de julho, em direto no "Jornal das 8".
Ambas dizem ter "sempre" continuado a ouvir as músicas da banda e declaram-se fãs desde que se lembram. "Sempre desejei que isto acontecesse", assegurou Rute à MAGG. "As expetativas estão assim mesmo lá no alto", continuou, não tendo dúvidas de que iria chegar às lágrimas. "Isso é óbvio", disse. Inês, que vestia uma peça de merchandise oficial, concordou.
"Estou muito curiosa", adiantou, ainda, Inês. Ambas vieram do Porto, em separado. "Não nos conhecemos. Conhecemo-nos agora", explicou Rute à MAGG. "Como quase toda a gente", foi "a partir dos 'Morangos'" que Diogo virou fã, sendo que também nunca deixou de ouvir os êxitos dos D'ZRT.
"Sempre esteve na minha playlist de músicas. Eu e o meu grupo de amigos há um ou dois anos juntámo-nos só para ouvir D'ZRT", relembra. "Era muito fixe se eles voltassem, nem que seja daqui a uns anos", comentavam os amigos. "Nós sentíamos que, algum dia, até como homenagem ao Angélico, alguma coisa tinha de acontecer", referiu Diogo à MAGG.
"Quando soubemos da notícia foi uma loucura. Eu fui logo abrir a Blueticket tentar comprar. Dava erro, mas eu insistia, e houve um momento em que deu e conseguimos comprar os bilhetes. Foi espetacular", relata. Antes do início do concerto, tinha como "maior curiosidade" descobrir que homenagem iriam fazer a Angélico Vieira.
Angélico morreu em junho de 2011 num acidente de viação. "Eles disseram que imaginaram 50 mil maneiras de fazer a homenagem. Estou para ver qual é que vão escolher. Estou muito ansioso. Em casa com a música aos berros já é uma loucura, ao vivo, então, vai ser de outro Mundo", concluiu este fã.
"Uma viagem ao passado" atribulada e inesquecível
Meia hora depois do encontro dos D'ZRT com os fãs, quem adquiriu os silver tickets (por 90€) pôde entrar. Dezenas de fãs correram até às grades, em total histeria. Testemunhavam-se gritos e sorrisos. A RFM, rádio parceira, ia passando músicas comerciais. Pouco antes da chegada da banda, tocava parte da banda sonora dos "Morangos com Açúcar" ao longo dos anos.
Depois de temas como "Põe A Mão No Ar", dos Mundo Secreto, e "Faz Acontecer", de TT, começava, pelas 21h20, o concerto, inaugurado com um vídeo com imagens atuais e antigas. "É bom estar de volta. Estamos juntos", podia ler-se no trecho. A atmosfera era azul, assim como o verão.
E lá veio Edmundo com o seu boné para trás, Cifrão com uma crista mais moderada e Vintém com o cabelo rebelde de sempre. "Hoje vamos fazer uma viagem ao passado", anunciou Edmundo. "Não imaginam o quanto é bom poder pisar o palco passados tantos anos e ter uma receção destas", disse Cifrão.
Os três elementos da banda foram recebidos com muitos aplausos e berros vindos do público, que cantava "D'ZRT, D'ZRT, D'ZRT". As lágrimas começaram desde logo, tanto por parte dos fãs como por parte dos cantores. Houve fogo, confettis e muita dança, principalmente por parte de Cifrão, de longe o mais ativo em palco.
Não faltaram nem espargatas nem mortais para trás. Quando chegou a "Para Mim Tanto Me Faz", estávamos de volta às tardes de verão em que, antes do noticiário e depois da praia, tudo parava para ver os 'Morangos'. "De repente, parecia que estava em 2005", disse Edmundo, no fim da música, ao testemunhar a reação da plateia.
Os membros dos D'ZRT garantiram que reconheceram "muitas caras do passado" à sua frente, bem como colegas da série da TVI que os lançou. O espetáculo audiovisual incluiu, entre outras coisas, imagens dos Morangos. "Fechem os olhos durante dois minutos. Estamos no Colégio da Barra", pedia Vintém, antes de começar a citar personagens.
Seria assim a entrada para "I Don't Want to Talk About It". "Foi a primeira música que cantámos nos 'Morangos' enquanto D'ZRT", explicou Cifrão. E o público lembrava-se de todas. Já Cifrão fez questão de sublinhar: "Não fazemos um concerto há 12 anos. É normal se me enganar uma vez ou outra".
"Estar Ao Pé de Ti" ficou conhecida como a "canção do bandido", já que Cifrão admitiu que durante todos os concertos ligava à namorada, Noua Wong, para lhe fazer uma serenata. Voltou a fazê-lo, indo para junto da atriz, que estava no golden circle, assim como a MAGG. "Zé Milho, fizeste-me um filho", dizia o cartaz que Noua havia levado. Cifrão alertou que se trata de uma filha, revelando assim o sexo do bebé.
O quarteto que nunca deixou de o ser
Na "Querer Voltar" não conseguimos mais segurar as lágrimas que se iam acumulando pela nostalgia. A "Verão Azul", apesar de ser mais animada, também obrigou a sacar dos lenços. Os D'ZRT estavam em palco, mas não estavam completos. Sempre que puderam, Cifrão, Edmundo e Vintém mencionaram Angélico.
"A Mena está aqui connosco hoje", anunciaram, referindo-se à mãe de Angélico, Filomena Vieira, que assistia a tudo a partir de um camarote. Iam passando vídeos de Angélico, seja em entrevistas, trechos dos Morangos, bastidores ou mesmo as partes das músicas em que cantava a solo.
Encostada à carrinha azul de "Querer Voltar" estava, no mesmo sítio, a figura de Angélico, à qual se juntaram os restantes elementos da banda, que iam limpando as lágrimas, apontando para o céu e trocando abraços. Mas nada se compararia ao momento em que viria a surgir um holograma.
Foi verdadeiramente algo indescritível. Angélico Vieira estava ali, em pleno Altice Arena, em 2023. Falava com os fãs, cantava e agradecia. Vestido de branco, aparecia nos ecrãs gigantes, como se de uma realidade paralela se tratasse, na qual os D'ZRT subiam ao palco passados todos estes anos enquanto um quarteto.
No final da atuação, a figura de Angélico encheu-se de luz e rebentou, de uma forma celestial. Ficaria coberta por um abraço do trio. Os arrepios faziam-se sentir por todo o corpo. "Estamos juntos para sempre", recordavam. Foi, sem dúvida, o momento alto da noite. Uma homenagem tão bem conseguida, que supera quaisquer expetativas.
Depois deste momento, os fãs começaram a alertar a banda para a zona onde estava a mãe de Angélico, que se teria sentido mal e teria tido de abandonar o local. Edmundo não tardou a tranquilizar a plateia, dizendo que haviam recebido informações de que Mena estava bem.
Ao longo do concerto, foram várias as pessoas a sentir-se mal. Por muitas vezes tanto seguranças como paramédicos tiveram de saltar as grades para terem acesso à plateia, que criava autênticos corredores a pedido dos artistas, para poderem retirar de lá os jovens. De todas as vezes, os D'ZRT interromperam o concerto para verificar se estava tudo bem.
O espetáculo, que durou duas horas, terminaria com agradecimentos por parte do trio e repetições de algumas das músicas. Um autêntico sonho tornado realidade para os fãs da banda, que tiveram a oportunidade de viver ou reviver algo que tanto os marcou e marca. E que viagem ao passado.