O Coachella Valley Music and Arts Festival já começou. A edição de 2024 volta a realizar-se em Indio, no estado norte-americano da Califórnia, teve início na sexta-feira, 12 de abril, e esteve a decorrer até domingo, 14 de abril. Contudo, este festival é habitualmente composto por dois fins de semana, pelo que a dose vai repetir-se dos dias 19 a 21 deste mesmo mês.
Os cabeças de cartaz deste ano são Tyler, the Creator, Lana Del Rey e Doja Cat. Contudo, até à madrugada de segunda-feira, sobem aos palcos do festival nomes como Blur, Peso Pluma, J Balvin, Deftones, Jungle, Grimes, Bizarrap, Jhené Aiko, Sabrina Carpenter, Skepta, Ludmilla, entre muitos outros. É um festival com música para todos os gostos, portanto.
Os concertos de todos os palcos (que, neste caso, são seis) serão transmitidos em direto, via streaming. Isto significa que, mesmo em Portugal, será possível acompanhá-los no conforto do seu sofá. A diferença horária que separa o nosso País de Indio é de oito horas – o que significa que, quando no Coachella forem 13 horas, altura em que os concertos arrancam, em Lisboa serão 21 horas.
Mas e quem quer mesmo picar o ponto neste que é um dos festivais mais badalados de sempre – ou desde 1999, ano em que abriu portas pela primeira vez? Como é que se pode lá chegar? Onde se pode ficar? E quanto é que tudo isto custa? A MAGG fez uma pesquisa e falou até com Rui Simões, o radialista que, em 2022, experienciou o festival em primeira mão com a namorada, Mafalda Castro, pelo que temos várias coisas para lhe contar.
Como chegar?
Dentro ou fora dos Estados Unidos, muitos são os apreciadores de música que têm o Coachella como viagem de sonho. Pode ser um festival que já foi tomado de assalto pelos influenciadores, que o utilizam quase como passerelle dos seus looks arrojados, segundo o "Daily Mail", mas se deixa de ser o ponto perfeito para ver ao vivo e a cores os melhores nomes de estilos que vão do rock ao hip-hop, passando pela música eletrónica? Não deixa.
Contudo, é preciso alguma preparação prévia – especialmente para quem vive fora de terras norte-americanas (ou no caso dos portugueses, que estão do outro lado do oceano Atlântico). Segundo Rui Simões, esta é daquelas viagens que deve ser preparada com alguma antecipação. "Qualquer viagem com quanto mais antecedência marcares, melhor. Até porque a probabilidade de encontrares coisas mais baratas é maior e não corres o risco de já estarem esgotadas", explica, acrescentando que começou a fazê-lo com um avanço de dois meses, embora o bilhete para o festival estivesse comprado há um ano.
Como acontece em Indio, que é uma cidade pequena, com poucos habitantes e sem muita estrutura para o turismo – não há aeroporto e a rede hoteleira deixa a desejar, diga-se –, a melhor opção para quem vai ao festival é desembarcar em Los Angeles. Daí, é seguir viagem para o sítio onde vai ficar hospedado (calma, já lá vamos). No caso do trajeto entre o Aeroporto Internacional de Los Angeles e Indio, este tem uma duração de cerca de duas horas e meia.
No caso de conseguir um tempo livre à última da hora e quiser ir este fim de semana viver o festival, o voo mais barato tem um custo de 817€, segundo a Skyscanner. A travessia é realizada pela British Airways, com partida de Lisboa às 7h20 de quinta-feira, 18 de abril, e chegada a Los Angeles às 17h10 (hora local). No regresso, o voo descola às 21h30 de segunda-feira, 22 de abril, de Los Angeles, aterrando em Lisboa por volta das 23h15 do dia seguinte, 23.
Se optar por este voo, terá de fazer uma escala no aeroporto de Heathrow, em Londres. Contudo, para as mesmas datas, há uma opção mais rápida (mas um pouco mais dispendiosa). A partida da capital está marcada para as 5 horas da manhã e a chegada aos Estados Unidos para as 11h50, a cargo da KLM; o regresso é feito às 13h20 a partir Los Angeles, com chegada a Lisboa por volta das 10h30, pela Lufthansa. Não há escalas e o bilhete tem um custo de 3955€.
Quanto custam os bilhetes?
É provável que compre os bilhetes antes de sequer adquirir os voos. Afinal, sem a garantia de que a entrada para o festival está assegurada, mais vale nem correr o risco de começar a pensar em voar para terras norte-americanas. E o melhor, mesmo, é arranjá-los o mais cedo que conseguir, porque estes têm tendência a esgotar.
Como o cartaz do Coachella é igual em ambos os fins de semana, o primeiro tende a ser mais concorrido. Os festivaleiros optam sempre por (tentar) ver os concertos que acontecem mais cedo, não vão as redes sociais se assumirem como uma autêntica fonte de spoilers – e é por isso que, normalmente, a primeira leva de bilhetes tende a esgotar-se num ápice. Já a segunda ronda de concertos é, geralmente, menos disputada e tende a ser mais tranquila.
Ainda assim, os preços são iguais e existem várias modalidades, todas elas incluindo os três dias de festival. Excluindo os 50 dólares (cerca de 47€) de taxas aplicados a todas elas, os preços começam nos 499 dólares (469€), se estivermos a falar do primeiro lote do passe de admissão geral, que pode chegar até aos 599€ (563€), no caso do terceiro lote, como se pode ver no site oficial.
De forma semelhante a esta modalidade, existe outra que já tem shuttle incluído – isto é, do Aeroporto Internacional de Los Angeles para o local do festival, à chegada, e vice-versa, quando o festival acabar, ou de e para os hotéis, informa a organização. Também sem a taxa de 50 dólares incluída, os preços vão de 619 dólares (582€) aos 719 dólares (676€), dependendo, mais uma vez, do lote disponível.
A par disto, existe ainda um passe VIP, que dá acesso à área homónima e onde podem ser encontrados locais para comer e beber exclusivos à mesma, casas de banho ventiladas e áreas de repouso à sombra. Nestes casos, a taxa é de 130 dólares (cerca de 122€), aos quais acrescem os 1069 dólares (1005€) do primeiro lote do passe propriamente dito – ou 1269 dólares (1193€), no caso do segundo lote.
De qualquer das formas, Rui Simões frisa que comprar os bilhetes é um processo relativamente "fácil". "A parte chata foi depois em Palm Springs ir levantar a pulseira. Isto porque a malta na Europa não recebe a pulseira para acesso ao festival, tem de ir levantá-la", conta à MAGG, frisando que foi um processo que demorou algumas horas. É ir com algum tempo de antecedência, portanto.
Onde ficar?
Como lhe tínhamos dito anteriormente, Indio não tem propriamente uma estrutura turística muito coesa. Por isso, o mais certo é ter de ficar hospedado em cidades como Palm Springs ou Palm Desert, que ficam próximas do local do evento, distando meia hora do mesmo, sensivelmente. Do aeroporto até a estas localidades deverá demorar pouco mais de duas horas.
No caso de Rui Simões e Mafalda Castro, o Parque Nacional de Joshua Tree foi o que lhes pareceu mais indicado, tendo optado por ficar num Airbnb nesta zona, que fica "a uma hora do festival", afirma o comunicador. Reiterando que teria "ficado exatamente no mesmo sítio", justifica-o ao dizer que isto se deve ao facto de estarem perto do Coachella ao ponto de poderem aproveitar "a confusão, concertos e a multidão", mas longe o suficiente para desfrutarem da "calma do deserto de Joshua Tree, que é inacreditável". "Houve um dia que ponderámos não ir ao Coachella para aproveitar a noite do deserto", relata.
No site da Airbnb, há várias opções nesta zona, caso decida optar pela sugestão do par. A estadia para duas pessoas numa casa com dois quartos, duas casas de banho, cozinha e sala de estar totalmente equipadas, assim como uma grande área exterior, com churrasqueira e uma banheira de hidromassagem, ficar-lhe-á por 718€ para as noites de 18 a 22 de abril (de quinta a segunda-feira, respetivamente), de acordo com a simulação que fizemos.
Mas o festival também tem opções para poder ficar mais perto de onde a diversão acontece – e se gostar de campismo, vai estar nas sete quintas. De acampar no carro a fazê-lo numa tenda (ambos por mais 149 dólares, que equivalem a 140€) passando pelos glampings luxuosos e até por packs que já incluem o bilhete e um hotel, o Coachella tem várias propostas para quem não quer perder muito tempo em deslocações.
Segundo consta no site do Coachella, a estadia numa cabana para duas pessoas no Lake Eldorado, que inclui também dois passes de admissão geral, ficará a 3198 dólares (3007€). No caso de desejar passes VIP, o valor acresce para 4338 dólares (4085€). Se preferir as tendas maiores, que já incluem passes e dormida para quatro pessoas, os preços pendem entre os 4196 dólares (3946€) e os 6496 dólares (6109€), se for VIP.
Quem estiver interessado em pernoitar nas tendas Safari, terá de despender 11 mil dólares (10.344€). O preço inclui estadia, lounge com ar-condicionado e entrada para duas pessoas, acesso a todas as áreas VIP do local e áreas de visualização partilhada para convidados na maioria dos palcos, assim como transporte em carrinho de golfe entre os palcos e o acampamento.
E as deslocações?
Para se chegar ao Coachella, só poderá fazê-lo se estiver sobre rodas. "Carro e shuttle é a única forma de chegar à porta", afiança Rui Simões, acrescentando que optou pela primeira opção aquando da ida com Mafalda Castro ao festival, tendo acabado por alugar um carro. Além disso, o radialista diz que estacionamento é gratuito e "já vinha incluído no bilhete".
Quando pensamos em deslocações para festivais, vêm-nos logo à mente duas realidades traumáticas: as filas de espera para atravessar o viaduto que liga o Passeio Marítimo de Algés ao centro da cidade, impedindo a circulação dos carros, ou o parque de estacionamento infindável da Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, de onde é impossível sair a horas decentes. É que trânsito é a palavra de ordem no que toca a deslocações entre festivais.
Rui Simões diz que essa realidade é relativamente diferente no Coachella. É que embora, para entrar e sair do festival, fosse "um bocado complicado", já que "as pessoas chegam a horas diferentes" – e, na altura de sair vá "quase tudo [embora] ao mesmo tempo" –, não é "nada demais", remata.
Quanto aos shuttles, a Any Line Shuttle Pass é, como se pode verificar no local do site destinado a este fim, "uma alternativa segura, confortável e ambientalmente consciente para o transporte no dia dos espetáculos". O serviço oferece viagens de ida e volta a partir de hotéis, que podem ser consultados na página, das 12h30 às 20 horas, durante os três dias de concertos. O regresso acontece apenas até aos 60 minutos que se seguem ao fim da música.
No que diz respeito a preços, estes variam entre os 140 dólares (131€), no caso de comprar os bilhetes em separado. Contudo, também existe uma modalidade em que estes estão incluídos, como já lhe dissemos anteriormente, com preços que vão até 719 dólares (676€).
Vale mesmo a pena?
Como já pudemos ver, esta viagem não é para todos os orçamentos. Aliás, em 2022, depois de voltarem do Coachella, Mafalda Castro recorreu ao Instagram para responder a perguntas dos seguidores e chegou até a dar um orçamento. "Com voos, bilhetes, alojamento, alugar carro (não há como não alugar), no mínimo, mesmo mínimo, são 5 mil [euros]", escreveu.
Já para não falar de que, no interior do recinto, comer e beber também são custos que deve ter em conta – e que também lhe vão pesar na carteira. "É tudo extremamente caro. Quem quiser fazer uma viagem económica, Palm Springs não é o sítio e muito menos o Coachella", adianta Rui Simões, que aproveita para relembrar quando Mafalda Castro comprou uma limonada "que custava cerca de 16 euros". Mas nem tudo é mau: foi a "melhor limonada" da sua vida, conta-nos.
Ainda assim, "tudo valeu a pena", esclarece. "É uma experiência cara mas eu já sabia com o que contava. Houve alguns momentos em que estive mais contido mas tudo valeu a pena. Quando planeei uma viagem desta dimensão foi com o objetivo de estar à vontade", acrescenta, não descurando a importância que o festival tem no universo da música.
"É o Coachella, um dos maiores festivais do mundo. Sabemos que há algo inesperado que vai acontecer durante as actuações", frisa, destacando o trabalho dos artistas, que "pensam aquele concerto ao pormenor". Exemplo disso foi o facto de, nesse ano, Harry Styles ter chamado Shania Twain a palco, algo de que Rui Simões nunca se esquecerá.
"Voltaria a repetir nestes moldes e não faria nada de diferente", remata o radialista. "Se bem que agora será mais difícil que tenho um filho a caminho", brinca, aludindo para a sua estreia na paternidade, que deverá acontecer em 2024, em conjunto com a namorada, com quem está num relacionamento há mais de três anos.