Sem qualquer formação em bricolage e decoração, apenas muita vontade de transformar um "barracão velho a cair de podre" numa casa de sonho, a modelo e empresária Joana de Freitas Mendonça, bem como o marido Artur Mendonça, colocaram mãos à obra e passados vários meses de trabalho e alguns momentos em que a motivação faltava, a casa de campo de que tanto se orgulham está pronta.
É bastante cobiçada nas redes sociais, na qual a modelo tem partilhado fotografias de cada canto do novo refúgio a meia hora do Porto, onde fica a casa principal do casal. Todos querem saber que materiais foram usados, como é que fizeram de um pedaço de madeira uma mesa de cabeceira e de onde são as peças de decoração.
Contudo, para eventuais ilusões, Joana Freitas esclarece que não vai tornar esta casa de sonho num alojamento (onde já nos imaginávamos a passar férias). "Não está nos nossos planos. Primeiro, é uma casa muito perto da nossa residência e nós todas as semanas vimos cá, portanto, não fica abandonada durante meses. Depois, porque não faz sentido. Eu não gosto de partilhar a minha cama com ninguém", brinca Joana sobre o facto de não lhe fazer sentido alugar a casa, pela qual tem um carinho especial, a outras pessoas.
Além disso, colocar a alugar também não faria sentido do ponto de vista económico, uma vez que a quinta onde se insere é autossuficiente: tem 2,5 hectares de vinha para produção, um poço com água e produção de espargos. Ou seja, "a quinta por si só, dá dinheiro", refere Joana.
Todo o processo demorou cerca de quatro meses, fruto do trabalho de Joana e Francisco "desde as 7h30 até às 20/20h30" em alguns dias, conciliado com as profissões de ambos. Quem também participou foi Francisco (ou Tito como é chamado carinhosamente, filho de uma relação anterior de Joana com o surfista Francisco Alves), que por opção de Joana deixou as aulas presenciais em janeiro, passando a acompanhar de perto o projeto que o próprio começou.
Agora que a obra está finalizada, Joana conta à MAGG como transformar uma casa que parece que não tem "ponta por onde se lhe pegue", em bom português, mas que é um sonho tornado em realidade.
Da demolição à decoração inspirada no campo
Joana não tem qualquer formação na área de bricolage ou decoração, apenas um gosto que vem já desde cedo. "Desde pequenina que sempre gostei de brincar com ferramentas, construir cabanas. E sempre fui muito curiosa, o que fez com que estivesse sempre atenta a ver os outros fazerem as coisas e a tentar replicar", conta. A vida nunca levou a modelo para este mundo num contexto mais profissional, mas foi com todo o brio que transformou a casa que pertencia à família de Artur.
"Primeiro, estávamos a tentar decidir onde seria a piscina e a vista mais bonita era onde ficava o barracão", que motivou desde logo a demolição do mesmo, tarefa que não foi a mais difícil, admite Joana. "Fizemos num dia. Tirámos de lá as máquinas agrícolas, o lixo, depois derrubámos as paredes e as chapas de metal que estavam em cima", descreve. Mais trabalho deu remover o entulho que ficou posteriormente.
A decoração da casa de campo foi idealizada por Joana — com a ajudinha de algumas páginas de Instagram que acompanha e nas quais se foi inspirando —, sem precisar de decoradores para o projeto. Além disso, Joana Freitas considera que tem "um estilo muito próprio" e que o facto de esta casa ficar no meio campo ditou de imediato algumas das características e elementos imprescindíveis.
"Eu gosto muito das madeiras, dos tronquinhos, que são coisas que não são compradas. São peças únicas. Temos no beiral, por exemplo, mesas de apoio ao lado sofá feitas por nós." Foi usado um plátano cortado em rodelas, cuja madeira ficou a secar durante meses para hoje servir de apoio. "A natureza dá-nos imensa coisa que podemos aproveitar" e que pode depois ser combinada com os quadros que remetem para o mesmo ambiente, como fez Joana Freitas.
A natureza também lhe deu material para uma mesa de refeições feita pela própria modelo. "Estavam cá na casa uns troncos e tábuas, com mais de 60 anos, e fizemos a mesa de refeições muito grande que está no alpendre", explica. Tem quase quatro metros de comprimento "e é muito difícil arranjar tábua inteira deste tamanho hoje em dia", diz Joana, reforçando a exclusividade da peça.
Não é preciso formação, só força de vontade
Para ter uma casa de campo como a de Joana Freitas, vai precisar algo muito importante: paciência e motivação. "Nós perdemos-las várias vezes", admite Joana em tom de riso. Como recuperar? O segredo está no otimismo. "Para já, sou muito otimista e estou habituada a trabalhar desde tão novinha que sei que sem trabalho não se vai a lado nenhum. Então, tenho um espírito de sacrifício muito grande", conta Joana. Fora isso, como um projeto destes não se faz sozinho, é preciso haver mútuo apoio.
Joana quase não recorreu a profissionais para ajudar no processo, apenas a dois serralheiros conhecidos da família que fizeram as grandes janelas de ferro do beiral — tudo o resto foi feito pelo casal, desde lavar pedras a aplicar as várias camadas de tinta pintadas a trincha e não a rolo.
Não foi traçado um orçamento específico e Joana já perdeu conta ao dinheiro que foi gasto, sabe apenas que não foi muito tendo em conta que vários materiais usados foram reaproveitados do que havia na quinta.
O beiral
O beiral é composto por uma zona de estar vasta em comprimento e altura e é um dos espaços mais mostrados por Joana na página pessoal de Instagram — em especial as janelas de ferro que dão a ilusão de haver dois andares e que de noite, quando o beiral se ilumina, ficam ainda mais deslumbrantes.
Junto a este espaço está a casa mãe, também repleta de pormenores simples que fazem toda a diferença para que este seja um refúgio onde apetece estar (tanto a Joana como a qualquer um de nós que gostava de passar aqui pelo menos uma noite).
Os móveis e decoração dos quartos não são de marcas assim tão desconhecidas ou pouco acessíveis, basta ter como exemplo a cama do Ikea, ou o edredão em linho e as almofadas da Zara Home. Já outras marcas são menos conhecidas, como a BAGO — responsável pelo aparador do quarto — ou inacessíveis. É o caso do quadro da sala, que não vai encontrar em lado nenhum porque foi pintado por Joana.
Fora de portas — que existem apesar de o interior parecer ligado com a natureza do exterior — está a piscina, que nasceu do espaço onde estava o barracão, e a mesa de refeições gigante feita por Joana Freitas. A mesa de madeira ganha outro glamour com os caminhos de mesa em linho cor-de-rosa da Casamor, projeto de Rita Montenegro e de Francisca Montenegro. Quase conseguimos imaginar uma almoçarada de verão aqui ou uma noite a ver a chuva a cair. Porém, para isso terá de fazer uma casa igual: só tem de ter a quinta e a mesma motivação para levar um projeto exigente como este até ao fim.