Há sonhos longínquos que qualquer jovem acredita que um dia vai conseguir lá chegar — e a verdade é que são esses sonhos que fazem com que o esforço e a dedicação lá estejam para que seja possível concretizá-los. Margarida Teixeira, uma jovem de apenas 17 anos a finalizar o 12.º ano, tem um sonho que acredita ser possível: ser a primeira portuguesa no mundo da comunicação a chegar à Fórmula 1. E está a fazer todos os possíveis para conseguir lá chegar.
Com um Instagram dedicado a este desporto, um blog onde escreve sobre a atualidade das mais variadas fórmulas e inserida num grupo de jovens jornalistas que escrevem sobre o automobilismo, Margarida tem a grande ambição de chegar aos canais da Fórmula 1 como repórter, e estar em campo cada vez que é precisa. E este amor não é de agora — já desde pequenina que Margarida sabe bem o que quer. “Eu sou natural da Madeira, então desde pequena que estou habituada a ver o rally”, começou por dizer à MAGG.
“Agora que me mudei para Lisboa [para estudar] já não tenho essa possibilidade, mas lembro-me que desde pequena dizia ao meu avô que queria trabalhar nos carros”, acrescentou. Esta vontade parece ter crescido ao longo dos anos, e conforme este gosto foi crescendo foi também aumentando o gosto por estar à frente das câmaras, o que lançou Margarida para a possibilidade de, um dia, vir a seguir jornalismo. No entanto, quando soube que era possível juntar estes dois mundos, percebeu logo aquilo que queria fazer quando fosse grande: jornalista desportiva.
E o que interessou a jovem de 17 anos não foram os pilotos (pelo menos numa primeira instância), não foram as equipas, não foi toda a adrenalina que caracteriza este tipo de desporto, mas sim toda a parte de engenharia que está por trás. “Acho que aquilo que move mais as pessoas é a adrenalina. Mas o que me interessou a mim, e bastante, foi a parte da engenharia. Eu interessava-me em saber como é que era possível um carro chegar ou ultrapassar os 200 quilómetros por hora”, disse Margarida. Assim, a jovem começou a acompanhar de forma mais meticulosa os desportos motorizados, e começou com a Fórmula E há cinco anos, onde atua o português António Félix da Costa.
Depois, passou para a Fórmula 1 e, há dois anos, começou a acompanhar as competições mais pequenas, como a Fórmula 3, a Fórmula 2 e a F1 Academy, assim como outro tipo de desportos motorizados, como o Nascar. A paixão foi tanta que em agosto de 2024 decidiu transformar a conta de Instagram que tinha criado para publicar fotografias tiradas com a sua câmara profissional numa conta associada ao desporto, e o crescimento foi notório: graças a esta conta já conseguiu várias entrevistas com pilotos e garantiu a sua entrada num site onde se escreve exclusivamente sobre desporto.
“A conta não era para isto, mas fui testando conteúdo, fui ganhando seguidores”, explicou Margarida. “Eu centro-me mais em tentar comunicar tudo o que está a acontecer neste momento em todas as Fórmulas. Tento deixar as pessoas atentas sobre as coisas que estão a acontecer, corridas, e explicar algumas coisas por lá”, acrescentou. O seu objetivo com esta conta, e também com o seu blog, que foi criado posteriormente, é claro: conseguir chegar um dia à Sport Tv como repórter e, uns anos mais tarde, aos próprios canais da Fórmula 1.
Uma das coisas que Margarida está a fazer para conseguir concretizar o seu plano é entrevistar jovens pilotos, ganhando assim não só notoriedade como também experiência. A estudante já conseguiu falar com nomes como Reza Seewooruthun, piloto da Fórmula 4 Reino Unido, Joseph Loake, automobilista da Fórmula 3, e Genaro Trappa, piloto da Fórmula 4 Brasil, confessando que o conseguiu fazer sendo “um bocadinho chata”. “Fui um bocadinho chata, mas é assim que tem que ser. Mandei-lhes uma mensagem pelo Instagram. ‘Olha, não me queres dar uma oportunidade de uma entrevista?’. Com os meus conteúdos e com os seguidores acabei por conseguir”, explicou.
“No início foi um choque, porque eu não estava preparada. Mas tive de me acalmar. Tenho de pensar que se é esta a área que eu quero, não posso ficar nervosa com estas entrevistas”, explicou a jovem, que está determinada a publicar entrevistas todas as semanas. “Um dos primeiros que aceitou a entrevista foi o meu piloto favorito de Fórmula 3, o Joseph. Fiquei em choque”, acrescentou ainda Margarida, entre risos. Outros dos seus pilotos favoritos passam por automobilistas da Fórmula 1, como Óscar Piastri e Oliver Bearman, e da Fórmula 3, como Callum Voisin.
No entanto, este não é o único projeto de Margarida. Além de ter a sua própria página nas redes sociais e o seu blog, a jovem de 17 anos faz parte da equipa que escreve para o site “On Her Team”, um espaço que pretende enaltecer as qualidades jornalísticas de jovens mulheres, que acreditam não ter tanto espaço assim no mundo do jornalismo desportivo. “Ajudam-me em tudo o que seja dicas e trabalhos sobre a Fórmula 1. Esta equipa serve para dar voz às mulheres no jornalismo, pois não acho que tenham assim tanta voz, infelizmente”, disse Margarida.
Da equipa fazem parte jovens de todo o mundo, nomeadamente dos EUA, Macedónia, Londres e Espanha. “Ajudamo-nos mutuamente, partilhamos ideias, reunimos informações. É algo mesmo muito incrível”, acrescentou a jovem. Para este site, Margarida escreve uma vez por mês, pelo que tem tempo para pensar nos assuntos que quer abordar, mas há sempre um que não é esquecido: as WAG’S (“wives and girlfriends”, que se traduz em português para “mulheres e namoradas” de atletas). Apesar de Margarida não abordar este tema, várias das suas colegas escrevem sobre a vida amorosa dos pilotos, onde se inserem as portuguesas Francisca Cerqueira Gomes e, alegadamente, Margarida Corceiro.
Sobre a atriz, que pode ou não estar num relacionamento com o piloto Lando Norris, a jovem confessa “não gostar muito dela”, mas também sabe que não é ela que tem “de gostar”. “Eu não acho que seja real. Com a Luisinha, por exemplo, era muito mais exposto, não se escondiam tanto. Mas eu também acho que são só amigos. Amigos com benefícios, vá”, disse. Já sobre Kika, Margarida diz ser “apaixonada”, e confessou que a modelo é uma “grande inspiração no mundo da moda”.
Quanto ao futuro, a jovem de 17 anos quer apenas que “existam mais portugueses” tanto nas pistas como na parte da comunicação da Fórmula 1 e, se ela for uma das felizardas, o sonho de uma vida fica concretizado. “Acho mesmo que temos pessoas muito talentosas. No meu caso, espero ser a primeira portuguesa a trabalhar na Fórmula 1 TV. Quero mostrar que ok, somos pequenos, mas também podemos chegar ao topo. Se não for possível, que seja numa grande estação portuguesa, como a Sport TV”, rematou Margarida Teixeira.