Na escola inteira, apenas existe uma sanita a funcionar para os meninos. Os balneários não têm água quente. Certas luzes estão fundidas há meses. A humidade das salas de aula e a falta de climatização fazem com que os alunos tenham de se tapar com mantas que trazem de casa.
E as denúncias relativas à Escola Secundária de Coruche não ficam por aqui. De acordo com uma encarregada de educação, até as funcionárias apelam aos alunos que estes peçam ajuda e ação aos pais. E a falta de condições neste estabelecimento de ensino não é de agora.
Segundo a mesma fonte, que prefere manter o anonimato, as condições precárias já duram há gerações. Os pais dos alunos, que também ali estudaram, queixavam-se do mesmo. "A maioria dos pais já lá estudou e sabe que as condições já eram péssimas", afirma a fonte à MAGG.
Más condições que se perpetuam há décadas sem ninguém intervir
"Neste momento, a escola é da alçada da Câmara Municipal, e o descontentamento é geral. Alunos, funcionários, professores", assegura a mãe de uma aluna, que pediu à filha (que frequenta esta escola) para tirar fotografias aos pontos críticos "sem ninguém ver", de modo a poder tornar a situação pública e captar a atenção para o problema, dado que quer manter o anonimato.
Há estores partidos e uma das janelas está coberta com sacos de plástico. A porta de entrada dos balneários dá diretamente para o local onde os alunos trocam de roupa, "ou seja, quando se abre a porta, vê-se imediatamente o que está a acontecer no interior do mesmo".
"O pavimento é horrível. Há uma aluna que se move com a ajuda de uma cadeira de rodas e os acessos são muito difíceis para ela", continua a mesma fonte. O chão das salas descola, fazendo com que os alunos estejam assentes em cimento. As casas de banho chegaram a estar fechadas durante os intervalos. "Os miúdos não escolhem quando têm vontade", relembra esta mãe.
A falta de papel nas casas de banho faz com que os alunos tenham de "limpar as mãos às calças". "Nós queixamo-nos e, depois, eles colocam papel higiénico. Há durante uma semana ou duas, mas depois volta tudo à mesma situação", detalha esta mãe, que acredita que a escola "precisa de uma intervenção urgente".
"As queixas são feitas através das atas das reuniões de pais. Não nos garantem que vão fazer algo, mas também não resolvem a situação", explica à MAGG. Estas queixas são "muito superficiais", porque "as pessoas acabam por se ir calando e não se mexer" para o bem dos filhos.
Isto porque "os pais têm receio receio de comprar uma luta com o agrupamento". "Temos medo de prejudicar os miúdos e acabamos por nos calar, porque só falta um ano ou dois para eles saírem de lá. E há a questão das médias", alerta, referindo-se aos resultados necessários para a admissão ao ensino superior.
Uma vez que as reuniões de pais acontecem online, através da plataforma Teams, os encarregados de educação só têm a noção do estado atual da escola através dos relatos dos filhos e do que vão captando. "Desde a pandemia da COVID-19, só tivemos uma reunião presencial", recorda esta mãe.
"Não há intervenção. Toda a gente sofre com as condições da escola. A minha filha queixa-se imenso. É uma coisa que, como mãe, me angustia", reforça, preocupada, entre as críticas a este "edifício muito velho". "É algo que não se vê como prioridade. Nas campanhas eleitorais, é uma coisa de que não se fala", argumenta, com desejo de mudança.