Existem dois tipos de pessoas: aquelas que perante um obstáculo se desmotivam, baixam os braços e deixam a vida acontecer, e aquelas que arregaçam as mangas, contornam as dificuldades e tornam um período menos bom em algo melhor. Isabel Silva, a eterna Belinha, parece claramente fazer parte desde último. A pandemia apanhou-nos a todos de surpresa, mas para a apresentadora, foi a oportunidade perfeita para se agarrar a um projeto que lhe parecia escrito no destino, a criação de uma coleção de roupa.

“Isto surgiu durante a quarentena, a par do lançamento da dobem [a revista online da apresentadora]. Foi uma altura em que tive de parar e em que me apercebi que havia projetos que não podia pôr em prática e outros que estavam guardados e que eu estava a adiar”, começa por explicar à MAGG. “A revista foi o grande projeto mas no meio destes 47 dias de confinamento surgiu a possibilidade de eu criar, juntamente com a Aly John, sete peças do bem”.

A Aly John é uma marca portuguesa, com confeção portuguesa, da qual Isabel já era fã assumida e que está no mercado há quatro anos. Como nos explicou João Lamosa, criativo da marca, Isabel começou por ser cliente, depois amiga, ajudando na divulgação do projeto, e tornou-se agora parte da marca.

“A Isabel foi nossa cliente durante algum tempo depois começámos a criar uma ligação de proximidade e fomos-nos conhecendo. Depois de cliente passou a ajudar-nos na divulgação da marca e quando já tínhamos mais confiança a Isabel veio visitar a Aly John e conhecer toda a equipa. Depois surgiu a ideia de lançarmos uma coleção em conjunto”, explica o criativo.

A ideia de uma coleção cápsula surgiu então durante o confinamento numa conversa entre a apresentadora da TVI e o criativo da Aly John. “Mais do que me ligar a marcas, ligo-me a pessoas. Sempre achei que os produtos deles tinham muita qualidade, assim como os tecidos, gosto da forma como a empresa está organizada, a forma como tratam as costureiras”, referiu. Assim nasceu a ideia que se materializou numa coleção com sete peças básicas que podem ser combinadas entre si ou conjugadas com outras peças que tem no armário.

isabel silva
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Mas antes de passarmos para as peças, tivemos de voltar atrás e perguntar à profissional de televisão: “Porquê roupa, Isabel?”. A apresentadora tem uma carreira na televisão, uma cadeia de ginásios, um blogue que se transformou numa revista, promove vezes sem conta a vida saudável, uma alimentação equilibrada, porquê agora uma coleção de roupa? A resposta foi tão simples como: somos o que comemos, mas também é verdade que somos aquilo que vestimos.

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Se há coisa que comunico é que somos aquilo que comemos e que é a comida que nos faz brilhar, é a comida que tem a capacidade de nos dar energia, de nos nutrir, de nos dar vitalidade. Mas em boa verdade também somos o que vestimos. E, se durante muito tempo estava focada nesta questão da alimentação e do desporto, à medida que os anos vão avançando que acredito que a forma como estás na sociedade é uma filosofia de vida. Então aquilo que visto também reflete aquilo que sou”.

E se somos aquilo que vestimos, esta coleção é totalmente a cara da Belinha a que nos habituámos a ver na televisão. Descontraída, simples, com peças básicas e fáceis de conjugar — são assim as peças que a apresentadora gosta de vestir e era fulcral que fossem assim as peças da sua coleção cápsula com a Aly John.

“Às vezes a roupa gera-me alguma ansiedade. Estou todos os dias, fruto da minha profissão, a pensar naquilo que vou vestir. Uma coisa que pode ser divertida e leve acaba por ser uma prisão e um compromisso. Por isso é que sempre fui a rapariga dos essenciais”, afirmou. E que essenciais são esses? Peças boas, que durem vários anos, com bons materiais e que consigam ser combinadas com qualquer peça de roupa e que no fim não gere aquela ansiedade tão típica que é 'Tenho tanta roupa e nada para vestir'”.

As peças do bem

A coleção cápsula é composta por sete peças de roupa e dela fazem parte um crop top, uma gabardine, uns calções, um casaco bomber, umas calças de ganga, uma camisola e uma fanny pack. Os tons da coleção andam à volta dos verdes, dos gangas e a linha tem várias particularidades que tornam esta coleção bem diferente de todas as outras. A primeira é o smart design que não é nada mais do que peças que podem ser usadas de diferentes maneiras.

Vejamos o caso do crop top. A peça é feita de ganga com botões em bronze mas se virar ao contrário terá a mesma peça com outro padrão. No caso da gabardine pode usá-la como está, ou levantar as mangas e o colarinho para mostrar um padrão diferente. Pode ainda usá-la como vestido. Isto significa que está a comprar uma peça mas que na verdade e pode transformar em duas.

isabel silva
isabel silva

Ora, se a apresentadora é conhecida pelo seu estilo devida saudável e representa a máxima do “somos o que comemos”, o padrão que usou nesta coleção não poderia ser mais adequado: vegetais e as suas couves do bem. “O padrão que define a minha coleção é o padrão dos vegetais, das couves. E este padrão está no forro das peças. Aquilo que realmente define minha coleção é o forro com o padrão dos vegetais”.

Este é um padrão “divertido, primaveril e bonito” mas que não tira sobriedade às peças porque só o vai poder encontrar no forro das mesmas. Quando quiser usar a peça à la Isabel Silva basta apenas arregaçaras mangas, os colarinhos, fazer uma dobra na bainha e mostrar ao mundo os vegetais que traz consigo.

Outra particularidade é que esta coleção não tem nome. “O ADN da peça são as couves, mas a coleção não tem nome. Não vou dar nomes às peças, são peças do bem, como eu costumo dizer”. As peças estão à venda no site da marca Aly John. 

O que são peças do bem?

“A malta sabe o que é ser sustentável?”, pergunta-nos Isabel Silva. “É um conceito muito vasto”, respondemos nós. “Exatamente. Por isso é que estas peças são do bem. Para mim são sustentáveis mas o que é que isso implica? O conceito de sustentabilidade é muito diferente de pessoas para pessoa. Há quem dê mais valor aos tecidos orgânicos, ou aqueles que acreditam tratar-se de comércio justo”, explica à MAGG.

Neste caso, a coleção é feita em pequena e média escala. Isto significa que não vão ser feitas coleções à velocidade da luz, nem será produzida em massa. “As pessoas que quiserem a coleção vão encomendar e nós depois vamos produzir e entregar. Tudo para não gerar desperdício”. Também importante referir que a coleção insere-se num contexto de slow fashion, que é uma marca portuguesa com uma produção 100% nacional.

isabel silva
isabel silva

A marca e a respetiva coleção também apoiam a política de fair trade, ou seja, as pessoas a trabalhar nesta coleção “trabalham as horas que devem trabalhar e têm uma remuneração justa para as horas que trabalham”. As próprias peças, que são de smart design, acabam por também ter uma componente sustentável. “Todas as peças foram pensadas com a premissa de que consegues conjugá-las com qualquer coisa que tenhas no guarda-roupa. São peças que valem por duas”.

Outras características passam pelo uso de materiais orgânicos, como o algodão, e o facto de se aproveitar restos do outros coleções para o packaging desta coerção cápsula. “O próprio packaging em que as pessoas recebem a peça é feito com restos de tecidos de outras peças. É uma mala que é feita com restos para não gerar desperdícios. Até dá para ir às compras”. Está a ver? Até o envelope da sua peça consegue ser aproveitada.

Isabel Silva explica que mais do que as peças em si, o que as fascina nesta coleção é a mensagem que vai poder passar assim que a lançar. A sustentabilidade, a forma como consumimos moda são os grandes pontos filtrais nesta mensagem que a apresentadora gostava de passar. “Quis tornar a vida das pessoas mais práticas. Peças com corte espetacular e em que as pessoas se vão sentir sensuais, que também é uma coisa importante. Este é o propósito. Esta são peças do bem”.