Christian Wilkins está debaixo de fogo. Depois de, esta quarta-feira, 15 de novembro, usar um naked dress para marcar presença nos ARIA Awards (os Grammys da Austrália, diga-se), o ator e modelo australiano foi vítima de uma chuva de críticas pela opção que elegeu para o evento.
Feito de strass e recheado de pedras brilhantes, o motivo da indignação prendia-se pelo facto de o vestido deixar pouco à imaginação. Isto porque, mesmo por baixo da peça, era possível ver a parte superior do corpo do artista, bem como o volume da sua zona genital, tapada por uns calções de licra da cor da sua pele.
"Não devia ser permitido na televisão. Não quero que os meus filhos vejam isto", "Mais valia estar nu" e "Exposição indecente. Procura atenção. Ninguém quer ver as tuas miudezas, guarda-as para ti" foram alguns dos comentários deixados na sua página de Instagram, aquando da publicação do look na rede social.
Apesar das reações negativas, Chris Wilkins também recebeu muito amor, com vários seguidores a elogiarem a sua escolha arrojada. "Adoro a tua autoconfiança e o facto de seres tu próprio. Os teus pais abençoaram-te muito", escreveu um utilizador. "És uma pessoa única. Por favor, sê tu próprio, não importa o que as pessoas digam", lê-se também na caixa de comentários, na qual chegaram até a dizer que o artista é um "ícone da moda".
E a verdade é que este é um debate que tem subsistido à passagem do tempo, porque o naked dress nunca foi uma peça consensual. Este género de vestidos, que ganhou este nome por revelar subtilmente partes do corpo através de tecidos translúcidos, remonta a eras bem mais remotas do que se imagina – mesmo que só tenha sido batizado desta forma muito tempo depois.
Embora possa ser associado à década de 1920, quando as artistas de burlesco e atrizes de cinema usavam versões desta peça adaptadas à época, foi Marilyn Monroe que, em 1962, ressuscitou este look, frisa a "Marie Claire". A estrela de Hollywood também foi escrutinada pela eleição de um vestido transparente e cheio de pedras preciosas, especialmente porque o usou para cantar os parabéns ao ex-presidente norte-americano John F. Kennedy, que celebrava 45 anos.
Foi precisamente esse vestido que esteve no corpo de Kim Kardashian em 2022, na Met Gala, fazendo com que toda uma polémica voltasse a surgir em torno desta peça, 60 anos depois de ter sido utilizada pela primeira vez. Contudo, ao longo das décadas, várias foram as famosas que se popularizaram por terem desfilado pelas passadeiras vermelhas com vestidos como este.
Com o passar dos anos, o próprio naked dress foi evoluindo, destacando-se graças a figuras como Jane Birkin, nos anos 60, e Cher, na década seguinte. Nos anos 90, voltou a entrar a todo o gás nas tendências, devido a uma criação do designer norte-americano Bob Mackie, usada por Kate Moss, e da versão bem conhecida de Sarah Jessica Parker, da DKNY, em 1997.
Aliás, foi precisamente por causa desta atriz que o vestido ganhou a designação pela qual o conhecemos nos dias de hoje – em 1998, "O Sexo e a Cidade", série na qual Sarah Jessica Parker era protagonista, foi responsável por batizá-lo enquanto naked dress, de acordo com a "Bustle". Ainda se lembra do visual que Carrie utilizou para o primeiro encontro com Big? É esse mesmo.
Mas a lista não se fica por aqui, porque as celebridades continuaram a deixar o mundo boquiaberto recorrendo a este género de criações. Há uma que é indissociável desta discussão: Jennifer Lopez. Dizemos isto porque, depois de usar uma criação com a assinatura da Versace nos Grammys de 2000, foi responsável pelo lançamento da plataforma Google Imagens, tal não foi o impacto (e a curiosidade) que causou, segundo a "GQ".
Uma coisa é certa: além de estarem ligadas à representação de um corpo ideal e de sempre terem desafiado os limites entre o público e o privado, as peças transparentes são, sobretudo, símbolos de poder e liberdade. Por isso, enquanto há quem as veja como um símbolo de objetificação, há quem também perceba que se trata de uma forma de celebração da anatomia humana e um símbolo de empoderamento feminino.
