É difícil encontrar um turismo rural que reúna tanta consenso como a TEIMA, Alentejo SW. Quando proferimos este nome em público, as reações passam sempre por abrir boca, inclinar ligeiramente a cabeça para a direita (ou para à esquerda, às vezes as pessoas surpreendemo-nos), suspirar apaixonadamente e dizer a seguinte frase: "Oh, gostei tanto de lá estar".
Situado no Vale Juncal, a seis quilómetros de São Teotónio, no Alentejo, a TEIMA, Alentejo SW abriu em maio de 2014, alguns anos depois de os proprietários descobrirem este monte abandonado. Luísa Botelho e Paulo Camacho ficaram apaixonados, mas estavam longe de imaginar que um dia iriam receber hóspedes por ali.
Só que chegou uma altura em que fazia todo o sentido dar esse passo. Depois de colocarem tanto carinho e amor numa casa que apaixonava todos os que por lá passavam, abriram ao público com apenas dois quartos. No inverno de 2015 passaram para seis e construíram uma sala de refeições e outra de estar, em maio do ano passado acrescentaram uma nova ala com mais um quarto e duas suites.
"A TEIMA é especial", diziam-me uma, outra e outra vez, em conversas que nunca se poupavam a uma repetição quase exagerada dos adjetivos "lindo", "maravilhoso", "magnífico", "encantador", "perfeito". Poderia perfeitamente escrever mais três parágrafos com sinónimos deste género, mas vou parar por aqui.
Não é difícil perceber que a TEIMA é bonita — basta olhar para as imagens daquela maravilhosa piscina, espreitar a decoração das suites ou simplesmente analisar a sua localização. Mas seria possível que fosse assim tão perfeito? É que a perfeição é uma palavra complicada, que acarreta muitos desafios e ainda mais responsabilidades.
Aqui me confesso: parti para a TEIMA convencida de que iria encontrar pelo menos um defeito no turismo rural que toda a gente adora. Tal Sherlock Holmes da imperfeição, encarei esta visita como um teste à minha capacidade crítica, e fui determinada a voltar com qualquer coisa, qualquer coisa que fosse, que pudesse apontar como sendo algo a melhorar. Era impossível não haver pelo menos uma coisa a criticar. Certo?
Sejam bem-vindos à casa da Luísa e do Paulo
Está um dia solarengo quando paramos o carro em frente ao grande portão de madeira que dá acesso à TEIMA. Depois de tocarmos à campainha, as portas abrem-se e o nosso coração palpita de entusiasmo. Com uma entrada imponente como aquela, sabemos que estamos prestes a chegar a um sítio especial. Não poderia começar de melhor forma.
A estrada de terra batida não é de fácil acesso para o meu pequeno e citadino, no entanto não tenho como me queixar. Já ando nestas andanças há tempo suficiente para saber que é preciso afastarmo-nos do barulho da civilização, por mais pequena que ela seja, para depois desfrutar do silêncio da natureza. O caminho também é curto e, entre os latidos dos cães e uma amorosa ponte de madeira, sabemos que estamos a chegar. Está quase.
É Paulo quem nos recebe assim que paramos o carro. É Luísa quem se cruza connosco já lá dentro e nos dá uma calorosa (mas despretensiosa) receção. Não é difícil ser-se bem recebido quando se é um jornalista que está ali para avaliar um espaço. Bem mais difícil é que isso aconteça connosco, com a contabilista que está no quarto número 2, com o empresário do número 3 e a lojista do número 4.
Só que eles conseguem fazê-lo. E de uma forma tão natural que quase nos esquecemos o que estamos ali a fazer. Cereja no topo do bolo, são pessoas extraordinariamente interessantes, daquelas com quem nos sentamos a conversar e nem nos apercebemos de que o tempo voou. Encontrar seres humanos assim já é difícil. Descobri-los num sítio como este... bem, digamos que os matemáticos poderiam perder anos a fio a discutir este jogo de probabilidades.
A memória mais agradável que levo da TEIMA são os seus donos. Logo a seguir vem a piscina exterior. E o meu quarto. E a Lola. Pronto, pronto, vamos por partes. Antes de mais nada, façamos justiça: se é verdade que Luísa e Paulo são pessoas extraordinárias, o pequeno paraíso que ali criaram não lhes fica nada atrás.
O dia em que me apaixonei por uma piscina
Há alguns anos lembro-me de ver no TLC o programa de uma mulher que se apaixonou perdidamente pelo Muro de Berlim. É claro que estamos a falar de um desequilíbrio psicológico grave, no entanto admito que a consegui perceber no dia em que descobri a piscina mais bonita do mundo.
Se eu pudesse pegar naquela piscina, naquela paisagem, naqueles puffs e naquelas espreguiçadeiras, podem ter a certeza de que teria metido tudo no carro e partiria sem olhar para trás. O cenário é absolutamente idílico. A paisagem verdejante, o conforto da zona de estar e a beleza da piscina dão-nos a certeza que é ali que queremos estar. E que é dali que nunca mais queremos sair.
Paz. Calma. Tranquilidade. É impossível não sentir isso ao final da tarde, com os pés dentro de água e olhar preso no infinito. Pode parecer demasiado poético, talvez até um pouco tonto, mas são estados que tenho cada vez mais dificuldade em alcançar — e não devo ser a única, a julgar pela quantidade de sessões de mindfulness que andam por aí.
Só que na TEIMA é imediato, não exige aconselhamento terapêutico, nem sequer tempo para interiorizar ensinamentos. Ali, naquele lugar, é fácil esquecermo-nos dos problemas, do stresse do trabalho, da semana terrível que vem aí.
E é só a piscina que nos faz sentir assim? Não só, mas também. Há outras preciosidades como o lanche que chega todas as tardes, cortesia da casa — naquele dia tivemos direito a uma maravilhoso sumo de maçã reineta, o sumo mais natural e maravilhoso que alguma vez bebi, e uma fatia de bolo de chocolate e frutos vermelhos. Ou o sorriso que trocamos com Daniela, a pessoa que tratou do nosso check-in, sempre que nos cruzamos. Ou com mais dois dedos de conversa que trocamos com Luísa.
Dentro dos quartos o paraíso continua. A decoração, toda pensada pela proprietária, é absolutamente extraordinária. Os primeiros cinco minutos foram passados simplesmente a contemplar a cama, os mochos brancos em cima da mesa, o sofá branco no terraço. Não sabemos por onde começar, o que experimentar ou tocar primeiro, portanto ficamos simplesmente ali, a apreciar.
Fui para a TEIMA, Alentejo SW determinada em encontrar-lhe um defeito. Falhei redondamente na minha missão: dizem que quem muito procura acha, eu procurei que me fartei e não descobri nada além de felicidade. Pelo contrário, saí de lá com um enorme desafio entre mãos — explicar como é realmente perfeito este turismo rural.
Não sinto que lhe tenha feito justiça com nenhuma das minhas palavras. Numa última e audaz tentativa, tento transportar-vos para a manhã seguinte. Acabei de tomar um pequeno-almoço maravilhoso, com direito a tudo o que escolhi na noite anterior que iria quer comer — torradas, comportas, croissants, sumo de laranja natural.
Com a preguiça própria de quem comeu demais e precisa de descansar um pouco, deitei-me na cama com a cabeça virada para os pés. Tinha a mão esticada, quase a tocar nos cortinados que esvoaçavam ao sabor da leve brisa que se fazia sentir naquela manhã. Na minha cabeça fazia planos para ir ter com os burros, talvez tirar uma fotografia no baloiço posicionado por cima do rio.
De repente, Lola aparece no meu terraço. A Lola é um Bull Terrier com seis meses que toda a gente diz ser uma doida mas que na realidade é apenas um amor. Traquina, energética mas extraordinariamente sociável, passeia pelos hóspedes como se fosse um deles. Às vezes rouba um chinelo ou outro, mas aqui a culpa é mais dos humanos do que dela — se foi deixado à mão de semear, a culpa é vossa, caros seres que andam sobre duas pernas. Aposto que é isto que ela pensa.
Continuando. Naquela acalmia e serenidade, Lola chega pelo terraço e, lentamente, quase que a medo, mete as patinhas dentro do quarto. Parece que está à espera de ser convidada a entrar. Com um enorme sorriso, levanto-me da cama e começo a dar-lhe festinhas, tantas que ela acaba por se aborrecer. Quando dou por mim já estou deitada no sofá cá fora, a vê-la correr pelo jardim, e percebo que me sinto em casa. Na casa mais bonita do mundo, mas em casa.
Um turismo rural perfeito é isto. É sentirmo-nos em paz, serenos, plenos com o mundo. É sentirmos que estamos em casa mas, ao mesmo tempo, num local de requinte e de luxo. É sentimos que somos recebidos como amigos mas não deixamos de ser hóspedes, porque há linhas que não devem ser ultrapassadas. É termos uma Lola que nos entra pela quarto e faz o nosso coração sorrir.
A minha missão falhou. Tentei, tentei, tentei, mas não encontrei uma única coisa de que não gostasse na TEIMA — ela é teimosa a essa ponto, e teima mesmo em ser perfeita. Já eu tenho de me redimir: afinal tinham todos razão quando abriam a boca, inclinavam ligeiramente a cabeça, suspiravam apaixonadamente e diziam: "Ó, gostei tanto de lá estar". Faço oficialmente parte desse grupo. E neste momento já só mal posso esperar para voltar.
Consoante a época, o preço varia entre 115€ e 180€ por noite. A estadia mínima é de duas noites até 30 de junho e de três entre 1 de julho e 31 de agosto.
*A MAGG esteva alojada a convite da TEIMA, Alentejo SW.