"União. Música. Paz. Artes. Ambiente. Cultura. Amor". "Um convite a uma geração determinada em construir um mundo mais justo e solidário". Estas duas citações podiam perfeitamente adequar-se quer à Jornada Mundial da Juventude, que começa esta terça-feira, 1 de agosto, em Lisboa, quer ao Boom Festival, cuja 14ª edição aconteceu de 20 a 27 de julho em Idanha-a-Nova.

Dois eventos que não podiam estar mais nos antípodas um do outro mas que preconizam exatamente a mesma coisa: a fuga a uma realidade supostamente cruel, inimiga de valores fraternais, a construção de uma sociedade utópica, a crença em ideais universais, a busca de uma comunidade, um espírito de comunhão física e espiritual com o outro.

Quer seja em Lisboa, onde chegarão milhares de jovens católicos nos próximos dias, quer seja em Idanha-a-Nova, onde milhares de festivaleiros dançaram, meditaram, e se transcenderam (a frio ou com recurso às mais variadas substâncias), o que buscam os que procuram a JMJ e o Boom é exatamente o mesmo: suspensão da realidade, através da construção de uma aldeia temporária, isolada do mundo, e identificação. Comunidade.

Eu, cínica, me confesso, quer quanto a um, quer quanto a outro. Sendo católica, tenho uma certa aversão a estas manifestações de êxtase religioso, já para não falar de cantorias com violas a exaltar Jesus Cristo, e jovens que falam de fé de forma tão pura, tão casta, tão terna, que nem parece que é desta Igreja, a que fechou os olhos a décadas de abusos sexuais, que estão a falar. Quanto ao Boom Festival, fico sempre na dúvida se alguma vez serei cool o suficiente para me encaixar ali. É que, além de ser nojentinha com poeiras e de não consumir drogas, acho que não conseguiria recriar aqueles looks boho chic com os modelitos que tenho no armário.

Em agosto, Raquel Costa, diretora-executiva da MAGG, escreve 4 parágrafos sobre os temas do dia (e os intemporais)