Durante seis temporadas e exactamente 94 episódios, o mundo habituou-se a sorrir com o estilo e compras de Carrie Bradshaw, a cama de Samantha Jones e o romantismo quase pueril de Charlotte. Era o "Sexo e a Cidade" que marcou um tempo no formato de séries de humor e de mulheres.
Se julgam que me esqueci que eram 4 as amigas que deambulavam por Nova Iorque estão enganados. O elemento que falta é a base do meu artigo. Miranda era a ruiva, advogada, a mais pragmática e racional daquele inolvidável conjunto. Por sinal, na vida real, a única criada na Big Apple.
Agora, Cynthia Nixon, a actriz que passados 15 anos disse à “New Yorker” que via nos dias de hoje o Sexo e a Cidade «como um ex-marido de quem és amiga», candidata-se pela nomeação do Partido Democrata a governadora de Nova Iorque. Não é a favorita pois o actual ocupante do lugar, que se recandidata, Andrew Cuomo, é popular e descendente de uma das mais míticas figuras do “establishment” político, Mario Cuomo.
Cynthia, a Miranda esqueçam, tem uma vida de activista em defesa do ensino público e do casamento homossexual, ela que em 2003 se separou do marido para se casar com a sua companheira actual, Christine Marinoni, e que como premissa nesta campanha tem não aceitar um dólar proveniente de qualquer empresa, só donativos individuais.
Com 52 anos, ela é uma das faces mais visíveis do enorme crescimento de mulheres a quererem envolver-se e concorrer a cargos diversos nos Estados Unidos. “Emily`s List” é uma plataforma que ajuda e promove as mulheres a entrarem na política americana. Em 2016, foram 920 a contactar este fórum, agora são 36 mil mulheres que deram esse passo.
O Sexo e a Cidade é só uma boa recordação, mas a sua visibilidade possibilitou olhar com outros olhos para o papel da mulher na sociedade contemporânea. A fama que granjeou a Cynthia Nixon foi o trampolim para a defesa das suas causas e motivar mais mulheres a tomarem um papel mais activo nas comunidades. A fama tem um lado bom: este.