A Media Capital comunicou esta quarta-feira, 30 de agosto, a renovação do contrato de Cristina Ferreira. A apresentadora, que celebra 46 anos a 9 de setembro, comemorará mais um aniversário não fora da TVI, como se vaticinou, se noticiou, se especulou nas últimas semanas, mas sim com poderes reforçados, não só na direção da estação nas também na administração da empresa.

É o final de uma novela bem menos intensa e interessante do que aquela do verão quente de 2020, quando Cristina saiu de forma inesperada (e irrefletida na metodologia) da SIC, tendo gerado um maremoto de comunicados, contra-comunicados, desmentidos e uma avalanche de notícias que, em boa verdade, só acalmaram quase dois anos depois. Mas é uma novela com contornos perniciosos. Cristina Ferreira manteve-se, durante mais de um mês, em silêncio, enquanto pessoas com pouca ou nenhuma credibilidade iam para certos e determinados espaços televisivos (ou para as redes sociais) dizer à boca cheia que sabiam de fonte segura que Cristina não só ia perder poderes dentro da TVI como - imagine-se! - até podia estar de saída. E bem fez ela. 

Aqui na MAGG fizemos o nosso trabalho. Perguntámos, questionámos, ninguém (leia-se, fontes oficiais e credíveis) se descoseu. Pois então é isso que se escreve. E o que mais me entristece neste pseudo-folhetim é perceber como o jornalismo se enfraquece, se expõe, se fragiliza quando um jornalista prefere ser pé de microfone do que questionar o que lhe é dito. Fazer o contraditório. A quem interessava disseminar a ideia de que Cristina Ferreira estaria a perder poder dentro da Media Capital? Quem capitalizaria com uma opinião pública - mais uma vez - contra a apresentadora? Quem beneficiaria com isto tudo? Ficam as dúvidas.

Os erros que Cristina Ferreira comete são escrutinados à lupa. Já os méritos raramente lhe atribuídos, exceto quando a própria o faz. E sabem que mais? Ainda bem que o faz, porque ninguém o fará por ela. Depois de ter assistido a esta novela patética que se desenrolou durante o mês de agosto, ainda mais razões tem Cristina para puxar dos galões e dizer "eu fiz, eu consegui, eu concretizei". Cristina pode ter escolhido formatos que não vingaram (sobretudo os que apresentou no início do regresso à TVI), o "Big Brother" pode não ter as audiências espantosas que tinha noutros tempos (e a culpa não será dela mas sim da fuga de público para o cabo e para o streaming), mas foi ela a responsável pelo único produto de ficção televisiva de sucesso dos últimos anos: "Festa é Festa". Os factos não mentem. "Festa é Festa" estreou-se em abril de 2021. Desde então, a SIC, concorrência direta da TVI, teve seis novelas em antena. O formato fideliza público e representa aquilo que a TVI sempre foi. Uma televisão popular. Quando vier setembro, outras estreias acontecerão. E depois logo se verá o que resulta e o que não.