Pintar as sobrancelhas com máscara de pestanas está entre as coisas mais esquisitas que já fiz nos últimos tempos. Não perco muito tempo com rituais de beleza e só tenho memorizado o mais básico de todos, que dispensa técnicas e desenhos muito concretos: hidrante, base, um pó para bronzear, blush e um pouco de máscara de pestanas. Isto só acontece nos dias de festa e, muito importante, no inverno. O desinteresse sempre esteve presente, mas agravou-se depois de inúmeras tentativas que me deixaram os olhos a roçar o inflamado, porque desmaquilhar vigorosamente faz disto. Maldito Cat Eye, foi ele que me fez desistir para sempre.
Depois desta experiência, em que obedeci a um tutorial de Kylie Jenner, concluí que para se seguirem estes vídeos da menina Kardashian é preciso gostar-se mesmo muito de maquilhagem. A vontade de ficar bonita não chega. O vídeo tem 10 minutos, mas foi preciso perto de uma hora para replicá-lo, porque o cursor andou sempre para a frente e para trás, até conseguir perceber as técnicas e, muito mais difícil, entender qual é que era o produto que tinha de ser aplicado.
Na mesa tinha dispostos mais de 15, com utilidades que desconfio serem as mesmas, apesar das pequenas nuances nos nomes. Há um pó bronzeador, há o pó finalizador (que nem se põe no fim), o pó iluminador e mais uns quantos. Depois, as versões líquidas de cada um. Tudo para ser aplicado na cara em simultâneo e criar uma densa pasta, daquelas que não deixam vestígios de humanidade, tanto que nos fazem sentir parte do Madame Tussauds, o museu da cera mais conhecido do mundo, presente em várias cidades. A sério, acho mesmo que as pessoas são mais bonitas sem estes excessos (embora haja exceções, todos sabemos).
Mil tipos de pó, lápis para os lábios, para as sobrancelhas, contouring, baking, batom, gloss, rímel, sombras de maquilhagem. Pincéis que nunca mais acabam. Nunca pensei, mas nisto das maquilhagens complexas é preciso uma licenciatura. Senti que tinha batido no fundo quando me vi com uma espécie de barba feita de uma pasta semelhante a uma base, mas que não é base, porque nesta alegada arte nenhum material é só aquilo que é. É sempre mais alguma coisa. E eu nunca vou perceber.
O resultado final foi, claro, desastroso. Batom e máscara de pestanas serão para sempre as minhas únicas escolhas diárias, porque não há tempo, gosto ou disponibilidade mental para mais. Por último, peço desculpa pela orelha de elfo no início do vídeo, é quase tão má como a maquilhagem.