A marca de prazer masculino Arcwave realizou um estudo acerca dos gemidos dos homens durante a masturbação e as relações sexuais, na tentativa de entender por que motivos são mais silenciosos. Esta pesquisa abrangeu 22.315 pessoas de um total de 15 países.
Concluíram que 40% dos homens não faz qualquer ruído enquanto se masturba e 15% não emite sons durante as relações sexuais. O que justifica este silêncio? A resposta mais comum (55%) foi terem medo de serem ouvidos. Quase metade (40%) disse que se sentia demasiado contido e 33% viu os gemidos como algo demasiado embaraçoso e incomodativo.
Quando procuraram entender o que os incentivaria a gemer mais durante a masturbação, a resposta mais frequente foi "usar um brinquedo sexual". Por outro lado, aqueles que garantiram que gemem, disseram que o fazem por desfrutarem disso mesmo (91%), para que os orgasmos sejam mais intensos (74%) e para se sentirem mais próximos de si próprios (65%).
Quanto às mulheres, 78% revelou emitir sons durante a masturbação e 95% durante o sexo. 82% destas mulheres mostraram que os gemidos do parceiro as excitam mais, facto de que só 65% dos homens inquiridos para este estudo da Arcwave tinha consciência.
O que explica este silêncio masculino?
A investigação em causa permitiu perceber ainda que os homens se masturbam com mais frequência, com uma média de 145 vezes por ano e, portanto, quase o dobro das mulheres, que contam com 76 vezes anuais. "Os homens privam-se de expressar o que sentem, de se entregarem mais", garantiu o psicólogo e sexólogo clínico Santiago Ruiz Díaz ao jornal argentino Clarín.
"Estes homens pertencem a uma sociedade em que se perpetuam os estereótipos e as atitudes para cada género: eles devem ser silenciosos, fortes, dominantes e duráveis, enquanto elas devem gritar ou gemer, ser submissas, sedutoras e atrevidas", refere o mesmo sexólogo.
Santiago Ruiz Díaz menciona, então, as "bases socioculturais" como a origem para este silêncio, mas não só: "A indústria da pornografia e a arte terão provavelmente a maior interferência, já que foram duas instituições que, durante muitos anos, sustentaram um tipo de prazer feminino supostamente ideal onde os gemidos tinham um tom caraterístico".
"Se somarmos a isso o facto de estarmos a assistir a uma mudança social em termos de género e de sexualidade onde a mulher tem cada vez mais controlo acerca do que faz e com quem o faz na cama, não surpreende que elas se permitam muito mais à exteriorização do seu prazer", crê o psicólogo.
Em entrevista ao jornal argentino, Santiago Ruiz Díaz recomenda aos homens que reflitam acerca do porquê de optarem por este silêncio e por esta inibição e aconselha-os a apelarem aos sentidos: deixarem-se ser agradados, concentrarem-se em cada sensação e entregarem-se à experiência que os gemidos podem dar, sem se reprimirem.
"Os gemidos são só mais uma parte da sexualidade, uma das possibilidades que temos de exteriorizar o prazer. Cada corpo é um mundo e, como tal, dará os seus sinais", conclui o sexólogo, que acha que os homens deveriam tentar descobrir se há algo realmente negativo que sustente e justifique esta vergonha e de que forma ela pode trazer consequências.