No inverno, uma caneca de chá bem quente pode ter um efeito mais potente do que qualquer manta ou aquecedor.
O melhor de tudo? É que este hábito de beber chá não nos faz simplesmente aumentar a temperatura corporal. Bastam três vezes por semana para que as vantagens do chá se reflitam numa vida mais longa e mais saudável. É a esta a conclusão de um estudo publicado esta quinta-feira, 9 de janeiro, pelo "ScienceDaily".
A investigação contou com mais de 100 mil participantes, todos com um historial clínico saudável: sem ocorrência de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC), ou cancro. O método para analisar os efeitos do chá foi simples.
Estes indivíduos foram divididos em grupos — os que bebem chá habitualmente (três ou mais vezes por semana) e aqueles que nunca ou raramente bebem (menos de três vezes por semana) — e todos foram acompanhados durante mais de sete anos.
Os resultados? O consumo de chá pelo menos três vezes por semana foi associado a hábitos mais saudáveis e a uma maior expetativa de vida. À frente do estudo esteve Xinyan Wang, da Academia Chinesa de Ciências Médicas, em Pequim, China, que explica o porquê desta conclusão.
"O consumo habitual de chá está associado a menores riscos de doenças cardiovasculares e morte por outras as causas". A prova da redução do risco destas doenças é que a investigação revelou que os consumidores habituais de chá têm uma probabilidade 20% menor de ter uma doença cardíaca ou AVC e um risco 15% menor de morrer por qualquer causa.
Xinyan Wang acrescentou ainda que os benefícios são ainda mais significativos quando os consumidores bebem chá verde e quando o consumo regular é feito a longo prazo. Contudo, o facto de o consumo deste chá ser frequente no leste asiático, levou Gu, também investigador no estudo, a concluir que essa pode ser uma das limitações do estudo.
"Na população usada no estudo, 49% dos indivíduos que consumem chá regulamente, bebem chá verde com mais frequência, enquanto apenas 8% preferem chá preto. A pequena proporção de pessoas que bebem habitualmente chá preto pode dificultar a observação de associações claras, mas as nossas descobertas sugerem um efeito diferente entre os tipos de chá".
A diferença entre os dois tipos de chá, pode estar no facto de o chá verde ser rico em polifenois (uma substancia antioxidante) que nos protegem de doenças cardiovasculares e de outros fatores de risco. Já o chá preto também contem esta substância, mas os efeitos são perdidos no processo de fermentação. Além disso, há mais um fator que se junta à equação: o chá preto é normalmente bebido com leite, cortando o efeito positivo que teria na prevenção de doenças cardiovasculares.
Quando ao género, no estudo era maior o número de homens a consumir chá regularmente do que mulheres, o que pode explicar as diferenças encontradas no que diz respeito a um maior efeito de prevenção de doenças no género masculino.
O estudo não vai ficar por aqui, e a diferença de género é precisamente um dos focos da próxima investigação. Isto porque, de acordo com Xinyan Wang, já estão a ser feitos novos acompanhamentos, desta vez com mais mulheres e um leque de idadesmais abrangente.