No sítio onde antes ficava uma galeria de arte está hoje um amplo e luminoso estúdio de ioga. De paredes e panos brancos, cortados apenas pelos grandes arcos em pedra no teto e pelo castanho dos tapetes de cortiça, que se estendem sempre que se dá inicio às práticas, no Baraza Studio não há referências hindu. Não há o símbolo do ohm, não há retratos, não há os padrões ou as cores que associamos a este tipo de filosofia espiritual. Não se fala em hatha ou de ashtanga, as duas escolas e correntes de ioga mais difundidas.

Neste espaço prefere-se o neutro e o contemporâneo, como já acontece em tantos outros estúdios espalhados por grandes capitais, como Londres, em Inglaterra, ou a Cidade do Cabo, na África do Sul, as duas cidades de onde as proprietárias do projeto são naturais.

"A nossa espiritualidade rege-se pelo sentido de comunidade, de partilha. Queremos ser inclusivos e queremos que todos se sintam bem-vindos ao entrar”, diz à MAGG Ruby Morris, a inglesa de 31 anos, instrutora de ioga e uma das fundadoras do novo estúdio, aberto desde maio, na zona de Santos, em Lisboa. O nome é uma alusão a isto mesmo: Baraza refere-se, em suaíli, a um sítio para receber, para reunir.

Ruby Morris, 31 anos, à esquerda; Alex du Toit, 38 anos, à direita

Alex du Toit, 38 anos, é a mentora da ideia. “Vim de férias a Lisboa e apaixonei-me completamente pela cidade. Arrumei as malas da minha vida com o meu marido, vendemos tudo e mudámo-nos para aqui. Queríamos uma nova aventura”, conta.

Não se conheciam, mas ambas faziam parte do gigante grupo de Facebook, os Lisbon Digital Nomads. Alex, que já faz ioga há cinco anos e que é apaixonada pela prática, sentia falta de um estúdio em Lisboa que fosse semelhante àqueles que costumava frequentar. “Sentia que eram muito tradicionais e estava habituada a um estilo contemporâneo, mais rápido e forte”, conta. “A música também era uma questão. E sentia que fazia falta um sítio maior e mais bonito.”

A entrada do estúdio

Morada: Calçada Marquês Abrantes 72, 1200-720 Lisboa

Contacto: 919 241 396

Preço: 10€ — 75€

Daí nasceu a ideia: abrir o seu próprio negócio em Lisboa, replicando aquilo que já existe muito lá fora e pouco em Portugal (o mais semelhante, em termos de estilo, será o Hotpod Yoga, excetuado a parte em que neste as aulas acontecem numa espécie de insuflável, aquecido a 37 graus). Fez uma publicação nesta comunidade para saber se alguém se queria juntar. Três minutos depois, Ruby, que vive em Lisboa há nove anos e que era instrutora em vários locais diferentes (agora dedica-se exclusivamente ao Baraza), respondeu. “Aquela publicação falou comigo”, lembra.

“O hatha e o ashtanga são os estilos mais tradicionais e em Lisboa já há muito boas respostas para quem quer os quer seguir”, continua. “Mas não havia nada que não fosse tanto de nicho, tão especifico, mesmo em termos de pensamentos e de ideias.”

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Quem disse que o ioga não cansa?

Com casas de banho e dois espaços para trocar de roupa, o Baraza Studio tem sessões a decorrer todos os dias, de segunda-feira a domingo, com três tipos de aula. “A nossa aula de assinatura é o Baraza Flow. É uma aula forte, dinâmica, para transpirar e com boa música”, explica Ruby, que inclui nas playlists que põe a tocar nas aulas temas eletrónicos, como os da dupla francesa The Blaze. "Mas são muito inclusivas. As aulas adaptam-se a diferentes níveis de experiência."

Ruby Morris e Alex du Toit

Pouco tempo depois desta conversa, estávamos a provar da potência desta aula. Podemos resumir a coisa assim: a intensidade está taco a taco com a de uma aula de cycling. Entre os cumprimentos ao sol e as posições de guerreiro, as gotas de suor escorrem-nos para o tapete de cortiça. Os músculos ardem-nos, mas fazemos tudo para aguentar. A entrega daquela turma é total e o som das profundas respirações dão conta disso mesmo. No final, temos a certeza de que o corpo todo não só está mais alongado, como exercitado. Há outra vantagem: uma confortável dormência na zona da cabeça dá-nos uma sensação de leveza que só atividades que promovem o mindfulness conseguem.

Mas há mais tipologias de aulas (pode consultar no site os horários completos). Logo pelas 8h30 da manhã, há o Rise and Flow, uma prática “muito fluida e menos intensa”, que começa com uma meditação sentada e com o aquecimento do corpo. À hora do almoço, há uma sessão de 45 minutos para quem fazer uma pausa no dia. Depois da aula de assinatura, ao final da tarde, há (não todos os dias) a sessão de Power Yoga. “À terça-feira costumamos ter uma de Mandala Flow, que se baseia nos diferentes elementos, em que as pessoas se vão movendo em torno do colchão.”

A marca Spry marca presença no Baraza Studio

Além destas sessões, o estúdio organiza vários workshops com professores convidados. Também está nos planos estabelecer parcerias com projetos que se identifiquem, como é o caso da marca de roupa de ioga portuguesa e sustentável Spry, cujos conjuntos (top e calças) já estão disponíveis e visíveis num charriot, logo à entrada.

Vamos aos preços. Se passar à porta do Baraza Studio e lhe apetecer fazer uma aula, pode comprar o passe diário de 10€ (8€ para estudantes). O passe de cinco aulas, que pode usar em 60 dias, custa 40€. O livre trânsito — que permite usufruir do espaço, até quando não estão a decorrer aulas — custa 75€.