Catarina Siqueira é uma das concorrentes da quarta edição do "Big Brother Famosos". A atriz, que já por duas vezes assumiu o cargo de presidente da casa, ficou conhecida pelo papel de Anabela Capelo, que interpretou na oitava temporada dos "Morangos com Açúcar". Fazia parte do elenco principal e retratava uma rapariga que ambicionava ser cantora e que utilizava a música como refúgio, pois sofria bullying pelo aspeto físico, por ter peso a mais. No decorrer da série, foi aprendendo a ser confiante e a ultrapassar os complexos.
Na vida real, Catarina Siqueira começou a ganhar peso durante a adolescência. Atingiu o peso máximo (84kg) durante a gravidez. Em maio de 2016, foi mãe de Luz, a primeira e única filha. Foi depois do nascimento da menina que a atriz decidiu modificar o seu estilo de vida. Esta mudança surgiu enquanto resolução de ano novo, de 2016 para 2017.
Foram várias as razões que levaram Catarina a adotar rotinas mais saudáveis. Entre elas estão a necessidade de se sentir mais bonita e também sair do nicho que lhe reduzia as oportunidades de trabalho. Foi a Sinthia Puttini, médica especialista em anti-aging e perda de peso, quem ajudou Catarina Siqueira a regressar ao peso ideal. A atriz chegou até à profissional através de uma recomendação e com o objetivo de perder cerca de 20 quilos — aqueles que ganhara com a gravidez. Em entrevista à MAGG, Sinthia Puttini explicou o processo.
Tudo começou com uma avaliação inicial, onde são pedidas análises específicas a nível hormonal e nutricional. Depois, é definida a estratégia. No caso de Catarina, era necessário "um tratamento em que ela visse logo resultados", como nos explicou a médica, de modo a evitar que a atriz ficasse desmotivada e, consequentemente, perdesse o foco. "O objetivo que cada um tem é muito importante", sublinhou Sinthia Puttini. Assim, era importante perceber a rotina da atriz, a forma como precisava de gerir a vida, e como poderia encaixar-se aqui uma dieta com planos para cumprir e, no fundo, toda uma reeducação alimentar.
"O apoio em comidas rápidas e práticas inflama o corpo e vicia"
Catarina Siqueira fez uma dieta à base de proteína, ou "dieta de aporte proteico que induz um estado de cetose". Desde suplementos proteicos com baixa quantidade de glicose a algumas proteínas animais, o importante era que os vegetais fizessem sempre parte da rotina, de acordo com Sinthia Puttini. "A restrição é bastante grande" e representa a maior das dificuldades. "É difícil alterar uma cultura de café com leite, pão com manteiga, acompanhamento massa e arroz, um lanche de bolachas", acredita a doutora.
"É uma rotina que já está incutida na nossa sociedade", explicou-nos. "O apoio em comidas rápidas e práticas inflama o corpo e vicia" devido à presença de substâncias nestes produtos alimentícios como açúcar, sal refinado, óleos vegetais e farinhas — "e quanto mais comemos, mais temos vontade de comer". Por isso, há que desabituar o corpo de "açúcar, óleo vegetal e farinha, no pão, na massa, no bolo, nos docinhos", optando por "tudo o que a natureza oferece".
Uma das grandes ajudas para Catarina foram os substitutos de refeição. Desde barritas a batidos proteicos, são elementos que podem substituir refeições, sem quaisquer químicos, aditivos ou conservantes. "Para não comer o que não deve, é melhor fazer algo que não atrapalhe a perda de peso e sim ajude", elucida a Dra. Sinthia, sobre estes substitutos que suprimem a vontade de comer alimentos prejudiciais.
"Em vez de comer um bolo ou um doce, tem aqui uma compensação sem estragar a nível hormonal e a nível de inflamação", garante a médica. É essencial combater esta inflamação crónica gerada pelo "excesso de tecido adiposo", portanto de gordura no nosso corpo, pois representa um grande entrave no processo de perda de peso. Um grau elevado de inflamação crónica pode ser causado por maus hábitos, sedentarismo ou até stress em demasia.
"Gera ganho de peso, cansaço, fadiga, dores de cabeça, falta de energia", disse-nos a médica de Catarina, com mais de 20 anos de experiência. "É uma bola de neve que desencadeia muitas alterações no corpo. Eu ganho peso e fico inflamada, se estou inflamada ganho mais peso", esclareceu sobre este processo do organismo, que deve existir em níveis normais por ser necessário para a sobrevivência de cada um, por exemplo, para a recuperação de uma cirurgia. Pode saber mais sobre este processo no curso online que Sinthia Puttini lançou este mês.
"É muito importante as pessoas mudarem o foco de que a comida não é consolo, não é prazer"
Um dos passos da dieta de Catarina Siqueira foi melhorar o estado de compulsão, ou seja, fazer com que não coma a nível emocional. "Descontamos o stress e a dificuldade na comida", revelou a médica, que aconselha a, em vez disso, procurar acompanhamento psicológico ou coaching. "Os problemas vão sempre existir e, se todas as vezes que eu tiver um problema, for descontar na comida, vai correr mal", recorda.
"A atividade física ajuda, sono reparador também. Quando não durmo bem vou ter alterações hormonais que predispõem o ganho de peso e vou ter mais fome", alerta a médica. "É muito importante as pessoas mudarem o foco de que a comida não é consolo, não é prazer. Não é a comida que dá felicidade", relembra, ainda. Em vez disso, a comida deve ser utilizada para equilibrar e nutrir o corpo. "É como um vício. Eu vou comer para nutrir o meu corpo. As refeições de prazer não podem fazer parte da nossa rotina. Mudar esse mindset é muito importante para o tratamento e para conseguir manter", explica. Assim, comer alimentos viciantes para ter prazer não deve ser uma rotina na vida de cada um.
Quando recorreu pela primeira vez à especialista, Catarina queixava-se do cansaço que sentia devido ao excesso de peso e expressava a vontade de mudança também por ter uma aparência a manter, devido à atividade profissional. Ao longo do tratamento, foi conseguindo ver os resultados. "A Catarina é muito exigente com ela mesma", contou-nos Sinthia Puttini.
Quem acompanha o "Big Brother Famosos" sabe que Catarina Siqueira não dispensa os cigarros diários. Até que ponto não contrariam o estilo de vida saudável que procurou e manteve desde 2017? De acordo com a médica que a acompanhou, "o tabaco é o calmante dela". "Se retirássemos as duas coisas que dão muito prazer ao mesmo tempo [comida e tabaco] , ela perdia muito o foco", explicou, garantindo que não existiu falência do tratamento por Catarina fumar.
"Nestes casos, o treino de força é muito mais importante do que só uma caminhada"
Com base no que a médica revelou, Catarina já fazia exercício físico por gosto. Nem todas as dietas têm necessariamente de implicar esta prática, pois as necessidades de cada pessoa diferem. No que toca a Catarina, a atriz adaptou o exercício físico. "Nestes casos, o treino de força nesses casos é muito mais importante do que só uma caminhada", exemplificou a médica. "O ginásio faz bem, entre outras coisas, pela libertação de adrenalina. O exercício físico é mesmo um remédio", crê.
Um dos segredos (agora desvendados) para o sucesso da dieta de Catarina Siqueira foi o planeamento das refeições. "Há pessoas que, se não tiverem regra, não conseguem planear bem as suas refeições e, quando têm fome, vão comer o que não devem", explicou a profissional. Assim, para evitar comer o que está logo à mão (normalmente alimentos processados), é útil aplicar regras e horários que programam as refeições. Este método foi uma mais-valia para a agenda atarefada Catarina e fez a diferença nos seus hábitos alimentares.
Outro método foi "induzir o corpo a utilizar uma via de queima de gordura como fonte energética em vez da via da glucose, através de um processo de produção de corpos cetónicos, ou seja, um processo de cetose", explica Sinthia Puttini. Deste modo, Catarina conseguia "perder peso utilizando a própria gordura do corpo para gerar energia" em vez de fazer "uma restrição calórica normal", gerando uma sensação de saciedade. "Para que isso dê certo, ela precisa de manter sempre o foco. Se ela foge à dieta, eu perco toda essa mudança metabólica", reforça a médica.
Catarina não podia regredir, pois corria o risco de recuperar todos os quilos perdidos. Teve de "mudar o chip" e de abdicar de determinadas coisas para este novo estilo de vida, "e por isso é que ela conseguiu manter o peso", garante a médica. Desde a dieta efetuada em 2017 que a atriz não voltou aos velhos hábitos. "Ela foi capaz de cumprir. Vai vendo efetividade no tratamento, não fica cansada, não vai tendo fome, e isso é motivador", recordou a médica, quanto ao processo.
"Quando bem orientado, é o tipo de tratamento que uma pessoa faz uma vez na vida"
O tratamento de Catarina Siqueira foi supervisionado por médicos que tiveram por base as suas necessidades nutricionais e hormonais. A atriz foi acompanhada por Sinthia Puttini "até há pouco tempo". Enquanto se está em processo de perda de peso, portanto, no início do plano, o acompanhamento é mais frequente, com consultas quinzenais ou de três em três semanas. "A partir do momento em que entra num novo estilo de vida, na rotina normal", passou a ter consultas trimestrais ou semestrais, chegando a apenas uma vez por ano.
Ao longo do tempo, vão sendo feitas análises para procurar os ajustes necessários. "Quando bem orientado, é o tipo de tratamento que uma pessoa faz uma vez na vida", garante a doutora. O uso de medicação é evitado quando possível, devido aos "efeitos colaterais, muitos deles graves". Pelo contrário, é sempre feita uma suplementação nutricional, "fundamental para que as coisas corram bem".
Catarina Siqueira foi do número 42 ao 36 e recuperou a confiança com a ajuda de Sinthia Puttini, que dá consultas no Instituto Teresa Branco, no Atrium Saldanha. A médica brasileira de 45 anos, há 13 em Portugal, considera "muito gratificante" testemunhar os objetivos que Catarina alcançou. "Todo mundo tem os seus degraus na vida para subir. A única coisa que eu faço é mostrar o caminho e, se cair, eu estou aqui para ajudar a levantar. Mas cada um tem de subir sozinho", esclarece a especialista.
O tratamento deve ser individualizado e o custo depende do peso a perder e do estado de saúde de cada pessoa, sendo que Sinthia Puttini prefere não referir valores. Por detrás de cada plano está uma equipa multidisciplinar, com nutricionistas, psicólogos ou até fisiologistas do exercício, "que fazem um seguimento por um período de tempo para atingir os objetivos".
É importante "saber porque é que querem perder peso" e "traçar bem os objetivos". Numa dieta deste género, estão em causa o controlo do stress, "que atrapalha o nosso bem-estar", o equilíbrio hormonal, a alimentação saudável, o exercício físico e a suplementação "sempre que necessária, porque os alimentos de hoje não têm a capacidade nutricional que tinham", elucida a médica formada em cirurgia geral, que mais tarde se dedicou às mudanças de hábitos e "a ensinar as pessoas a ter mais saúde para não adoecerem". Fascinada pela obesidade por "todas as vertentes que envolve", Sinthia Puttini foi fulcral no processo de Catarina Siqueira.