A 19 de fevereiro de 2024, vi a balança marcar 113.9 quilos. O choque — ou o impacto, melhor dizendo, porque tinha a plena consciência que estava mesmo muito pesada — de ver aqueles números só não foi devastador porque estava prestes a iniciar uma jornada de perda de peso, e pesei-me justamente durante a minha primeira consulta com a médica especialista em emagrecimento, Adriana Relvas, da Fortius Clinic, uma profissional que me transmitiu segurança e a confiança de que ia chegar lá.
Mas, apesar de tudo, para além do número da balança, enfrentar os outros indicadores (principalmente aqueles que me colocavam num risco cardiovascular absurdo aos 36 anos) também não foi um mar de rosas. Com os praticamente 114 quilos, tinha uma percentagem de gordura corporal de 65,7%, apenas 17,3% de músculo e um índice de massa corporal (IMC) de 42,9.
Para contextos, um índice de massa corporal entre 20 a 25 indica que temos um peso normal, 25 a 30 é considerado excesso de peso, e a partir daí entramos na obesidade — 30 a 34 corresponde a obesidade tipo 1, 35 a 39 tipo 2, e a partir de 40, tipo 3. No que diz respeito a gordura corporal, os níveis considerados normais apontam para menos de 20% de gordura no corpo, 20 a 25% entramos num nível alto e a partir daí, muito alto. Já falando de músculo, devemos ter mais de 33%.
O desafio inicial proposto pela minha médica, Adriana Relvas, apontava para uma perda de peso de 50 quilos, sem estabelecermos aqui uma meta de tempo global, mas sim indo objetivo a objetivo. Algo apoiado pela nutricionista Inês Nascimento, da PronoKal, o método que me ajudou nesta jornada, que preferiu combinar uma primeira meta de chegar aos 99 quilos , deixando assim os três dígitos para trás.
Com o passar do tempo, e com a forma como o meu corpo foi evoluíndo, ajustámos o objetivo global para cerca de 45 quilos de perda de peso, sendo o importante ficar abaixo dos 70, ou seja, na ordem dos 68, 69 quilos. Mais uma vez, sem o fator tempo, embora tenha estabelecido, eu própria, um objetivo: chegar a esses números até 19 de fevereiro de 2025, um ano depois desta jornada começar, e mesmo já depois de o método PronoKal terminar.
7 meses depois, qual é o veredicto?
A 17 de setembro, já perdi 31,5 quilos. Atualmente, peso 82,4 quilos, tenho uma percentagem de gordura corporal de 43,5%, 30% de músculo e um IMC de 31. Trocando por miúdos, tendo como base o objetivo dos 45 quilos, já alcancei 70% do mesmo.
Mas mais importante do que tudo isso — e alerta, cliché, mas é a mais pura das verdades — é a forma como recuperei saúde e autoestima. No meu primeiro artigo desta espécie de diário de bordo, recordei como o meu clique para mudar aconteceu em novembro do ano passado.
Tinha regressado ao trabalho presencial há pouco tempo, e também aos transportes públicos. Num final de tarde, olhei para o relógio na gare do metro do Cais do Sodré e percebi que tinha três minutos para subir as escadas até à gare dos comboios da linha de Cascais. “Se correr, consigo”, pensei.
Entrei na carruagem com as portas do comboio a fecharem-se atrás de mim e juro que pensei que fosse ter um enfarte. A má disposição, o coração a bater tão rápido, o ver tudo à roda. Nunca me senti tão mal na minha vida e os meus batimentos cardíacos só começaram a estabilizar já tinha chegado à minha estação de destino, a Parede. E foi aí que percebi que algo tinha de mudar.
Desde essa altura, e 31 quilos depois, recuperei uma Catarina que escondia atrás de uma capa de negação misturada com piadas, uma confiança um tanto ou quanto fingida, e um fugir de espelhos, fotos e vídeos. Aliás, arrisco a dizer que, atualmente, os meus amigos já não conseguem com tanta selfie no espelho do trabalho. É a vida, quando vemos o resultado do nosso esforço, ficamos vaidosas até mais não.
Das compras online para esconder a vergonha — uma vergonha mais sentida por mim mesma — de experimentar um 48 ou 50 de calças e mesmo assim não servir bem, ou de abandonar o meu amor por etiquetas do grupo Inditex (principalmente aquela começada por 'Za' e acabada em 'ra') e peças como vestidos mais cintados, costas abertas ou braços à mostra, passei a conseguir voltar a fazer algo tão simples como chegar a uma loja e experimentar umas calças sem medo, dado que já desci até um 42 — ou 44, conforme as lojas (todos sabemos que os números são mais inconstantes do que o tempo no oeste).
Pode parecer um exagero para quem nunca passou por um processo desses, mas é a mais pura das verdades: entrar numa loja comum, num centro comercial, e saber que vou ter roupa que me vai servir novamente, é um sentimento bom.
Porque é que este método funcionou para mim? Nunca tive fome
Para início de conversa, importa recordar em que é que consiste o método PronoKal. É baseado numa dieta cetogénica, em que durante algumas semanas (dependendo do tipo de tratamento, dos objetivos e da indicação do médico), o corpo passa a usar a gordura acumulada como combustível para gerar energia ou calor, uma vez que não ingerimos quaisquer açúcares ou hidratos de carbono. Paralelamente a isso, ingerimos proteínas e reduzimos drasticamente a balança calórica diária, o que levará a uma continuada queima de gordura e redução de peso e de perímetros abdominal, das pernas e dos braços.
Com base num estudo feito pela marca, podemos perder, logo nas primeiras quatro semanas, até entre 6 a 12 quilos (sendo que 95% do peso perdido corresponde a gordura, e não a músculo).
O tratamento é aplicado sempre sob supervisão médica, com consultas regulares, e um acompanhamento personalizado e imediato sempre que necessário. Para além das consultas com o médico que nos segue, há também um acompanhamento de uma nutricionista-coach e uma prescrição de exercícios físicos e atividades de coaching nutricional complementares à dieta.
O método PronoKal dá acesso a refeições prontas ou quase prontas, saudáveis, baixas em calorias e em gorduras e à base de ingredientes naturais. Através da aplicação no telemóvel (a PronoKal Connect, temos acesso a centenas de receitas saudáveis, vídeos de atividade física, técnicas de coaching e apoio psicoemocional.
A PronoKal dispõe de três métodos: o PnK, para perder peso de forma rápida e saudável, método que me foi aconselhado, o PnKDefine, pensado para perda de peso de gordura localizada e o PnKExpert, para adultos com mais de 60 anos.
Na fase 1, que iniciei em fevereiro, e na qual me mantive durante 60 dias (vulgo, dois meses), não tive as dificuldades esperadas: ou seja, morrer de fome. Fiz a minha primeira encomenda de refeições, focando-me em manter uma estrutura de “salgados” para almoço e jantar, e “doces” para pequeno-almoço, snack de meio da manhã e lanche.
Recordo-me de ter pedido iogurtes de morango (deliciosos), pizza (ótima), tortilha de queijo (que imita ovos mexidos, mas não foi de longe a preferida), massa, panquecas, crepes, bolachas de maçã e canela, sumos de laranja e tropical, barritas de framboesa e brownie, entre outras opções. Optava sempre pelos iogurtes e panquecas para pequeno-almoço, sumos e barritas para os snacks, e guardava crepes e massas para combinar com legumes nas refeições principais.
Estava à espera de dores de cabeça alucinantes enquanto o meu corpo se habituava a esta nova realidade e de sentir muita fome nos primeiros dias. Mas juro que nada disso aconteceu. Logo no segundo dia, acordei sem a sensação de inchaço que me era familiar, como se tivesse abusado do jantar no dia anterior. Sentia-me bem e comecei a fazer exercício desde o dia um, desde pequenas caminhadas de cerca de 15 minutos à rotina na aplicação da PronoKal, que sugere exercícios fáceis e de baixa intensidade, apenas para recordar o nosso corpo que tem músculos.
À medida que fui passando para as fases seguintes, e mesmo ainda antes de ter o ok para voltar a consumir hidratos de carbono, voltei ao ginásio. Aconselhada pela nutricionista Inês Nascimento, e justamente devido ao meu consumo calórico baixo, deixei praticamente de lado o cardio (apenas curtas caminhadas na passadeira, a uma velocidade lenta, mas forte inclinação, ou alguns minutos na elíptica, com a máquina mais pesada) e apostei na musculação.
Para além do regresso ao ginásio me ter feito um bem danado a nível emocional — adeus, stresse —, os efeitos do exercício, obviamente aliados à perda de peso, foram notórios de forma visível, e perdi bastante volume no abdómen, braços e coxas — olá, calções.
No entanto, a aplicação da PronoKal continuou a ser uma aliada de peso com as diferentes rotinas, para os dias em que não temos tempo para ir até ao ginásio, ou até mesmo em período de férias.
Atualmente, encontro-me na fase 5 do plano, a última. Ou seja, só consumo alimentos PronoKal nos momentos de snack, a meio da manhã e da tarde, acompanhados de uma peça de fruta. Já posso queijo magro, pão ao pequeno-almoço, bem como proteína animal ao almoço e jantar, e cereais, leguminosos e féculos — ou seja, já posso comer massa e arroz, se bem que devo preferir alimentos integrais, dado que a ingestão de fibras ajuda na digestão.
O melhor de tudo é que ultrapassei um dos meus grandes medos em relação a este processo, que era parar de emagrecer ou até engordar quando retirasse os alimentos PronoKal das principais refeições, ou mesmo que o facto de já não estar em fases tão restritas como os primeiros 60 dias me levassem a cometer muitos excessos, ao ultrapassar as quantidades que devo consumir. Mas não, habituei-me a este estilo de alimentação, não sinto falta dos hidratos à noite e, pasme-se, sabe-me realmente bem comer um bom bife ou peixe grelhado com legumes e salada.
E acreditem, a 19 de fevereiro — ou até antes — vou ver um 6 naquela balança.