A COVID-19 é todos os dias um caso de estudo e um dos mais recentes revela que a COVID-19 pode levar a graves complicações neurológicas, incluindo inflamação, psicose e delírio. Este é o resultado de uma investigação da University College London (UCL) publicado na revista Brain, e que teve como base o estudo de 43 pessoas que estiveram infetadas com o novo coronavírus.
Estes pacientes sofreram de disfunção cerebral temporária, derrames, lesões nos nervos e outros efeitos cerebrais graves. Não é a primeira vez que surgem estudos sobre o impacto da COVID-19 no cérebro, apesar de esta doença ser mais associada por complicações no sistema respiratório.
A OMS já tinha até revelado em maio que "numa percentagem das pessoas doentes [a COVID-19] provoca uma resposta inflamatória mais alargada, seja no sistema vascular, seja em outras partes do corpo”, indicou o diretor executivo do programa de emergências sanitárias da organização, Michael Ryan, de acordo com o "Jornal Médico", acrescentando que se registaram alguns casos de “encefalite [inflamação do cérebro] e outros efeitos”, em pessoas contaminadas com o vírus.
Anteriormente já haviam sido também realizados mais de 300 estudos por todo o mundo, que apuraram que existe uma predominância de irregularidades neurológicas em doentes com COVID-19, desde sintomas leves, como dores de cabeça, perda de olfato (anosmia) e sensações de formigueiro, até aos mais graves: afasia (incapacidade de falar), convulsões e derrames.
Na nova investigação britânica estes efeitos são novamente visíveis e acentuados. Desta vez nove pacientes que tiveram inflamação do cérebro, foram diagnosticados com uma condição rara chamada de encefalomielite aguda disseminada (ADEM), que é mais comum em crianças e pode ser desencadeada por infecções virais, como é o caso do vírus em causa.
"Como a doença existe apenas há alguns meses, talvez ainda não saibamos que lesões a longo prazo é que a COVID-19 pode causar", disse Ross Paterson, que co-liderou o estudo, à Reuters, citado pela rede de televisão filipina GMA Network. Um dos objetivos dos investigadores é que se conheçam os efeitos neurológicos desta doença de forma a que os médicos possam estar alerta, uma vez que o "diagnóstico precoce pode melhorar os resultados dos pacientes", conclui o investigador.
Adrian Owen, neurocientista da Western University no Canadá, acrescenta que estudos grandes e detalhados feitos a nível mundial são essenciais para avaliar quão comuns são essas complicações neurológicas e psiquiátricas, razão pela qual "é tão importante juntar essas informações agora".