Cientistas publicaram um estudo na JAMA Network Open que dá indícios de que as flexões podem, afinal, ser um forte indicador para a saúde do coração — melhor, até, do que os testes feitos em passadeiras de corrida, que permitem avaliar a condição aeróbica das pessoas e, consequentemente, a robustez cardíaca.
Nesta investigação, descobriram que homens que conseguem fazer mais de 40 flexões seguidas têm menos probabilidade de ter um ataque cardíaco ou outro tipo de problema cardiovascular nos anos seguintes, face aos que conseguiam apenas completar uma série de apenas dez — ou menos — repetições deste exercício.
Segundo o "The New York Times", foi por acaso que descobriram o poder das flexões. Tudo aconteceu na sequência de investigadores das universidades de Harvard, Indiana e de outras instituições académicas, quererem perceber o melhor método para se conseguir prever o potencial desenvolvimento de problemas cardiovasculares — a primeira causa de morte mais comum, que apenas é detetada e nunca prevenida. Por isso, reuniram um grupo com mais de 1.500 bombeiros.
Como é que descobriram o potencial das flexões?
Todos os anos, no decorrer de uma década, os bombeiros fizeram um check-up médico numa clínica, onde se inclua a recolha de alguns dados básicos, como colesterol, açúcar no sangue, peso e outros. No entanto, aquele que mais interessava aos investigadores era o teste de endurance a que este grupo era submetido em passadeiras de corrida — há muitos anos que a capacidade aeróbica foi associada à diminuição de problemas cardíacos. Quanto maior, mais saudável o coração.
Com os dados recolhidos, os cientistas pensaram que conseguiam ser capazes de quantificar o quão bem os testes de passadeira haviam previsto os futuros problemas de coração. Por isso, reuniram a informação e os resultados de cada homem (que incluía queixas feitas pelos mesmos, relativamente ao coração, no decorrer daquele tempo). Não havia quase mulheres na experiência, portanto só elementos do sexo masculino foram incluídos.
O plano dos cientistas passava, então, por comparar os resultados dos testes na passadeira e os problemas cardiovasculares que tinham surgido entre os bombeiros. Depois, sem querer, repararam que mais de 1.100 dos homens tinham também feito testes com flexões nos exames iniciais — um funcionário daquela clínica tinha contado o número de repetições, até que os braços começassem a ceder. Chegando às 80 flexões, podiam parar.
A partir daqui, criaram um segundo conjunto de dados para o exame de aptidão e problemas cardíacos futuros. Categorizaram a informação, dividindo por intervalos de flexões feitas: zero a dez; 11 a 20, 21 a 30, 31 a 40 e mais de 40.
Vamos às conclusões. O que é que descobriram?
Aquilo que já lhe tínhamos dito. E mais coisas. A capacidade das flexões demonstrou ser um melhor indicador para prever o aparecimento de doenças de coração, face à passadeira de corrida.
Os homens que conseguiam completar pelo menos 11 flexões tinham menos probabilidade de desenvolver problemas cardíacos na década seguinte, face aos que conseguiam fazer menos de dez. Quanto mais flexões, maior a redução de risco de doenças cardiovasculares.
Os homens que conseguiam completar 40 ou mais repetições tinham menos 96% de probabilidade de, nos dez anos seguintes, desenvolverem problemas neste órgão, comparativamente aos que conseguiam menos de dez.
No entanto, é preciso ter em conta que este estudo foi “observacional”, como aponta o “The New York Times”. Além disso, a capacidade de realizar várias flexões indica que aquela pessoa se interessa em exercício físico e numa alimentação saudável, fatores que contribuem em grande parte para um coração saudável, como aponta o mesmo jornal.