A dor. A pele vermelha. A comichão. Não deveria ser assim, mas infelizmente os escaldões são um lugar comum do verão. Nas costas, nas pernas, nos pés e até na cabeça, já todos apanhámos um. Para garantir que ninguém adota o look lagostim nos próximos meses, a MAGG falou com o dermatologista João Teles de Sousa para uma aula completa sobre escaldões.

O bronzeado protege-nos (mas só em alguns casos), o iogurte natural e o leite gordo são calmantes para a pele e nos dias cinzentos também é preciso aplicar protetor solar. Mas atenção que todas as pessoas reagem de maneira diferente ao sol, uma vez que existem vários tipos de pele — são os chamados fototipos. Vão do um ao seis, e temos más notícias para os três primeiros: não estão livres de escaldões.

O sol não é só perigoso na "hora vermelha"

A perigosidade do sol está longe de se relacionar apenas com a hora do dia. Quando apanhamos sol, há vários fatores a ter em conta, que vão desde o tipo de pele até à saúde de cada um. Uma pessoa com a pele muito branca pode apanhar um escaldão às 18 horas. E sim, essa é a pessoa que vai apanhar um escaldão sempre que se exponha ao sol — a "lagosta", como explica à MAGG o dermatologista João Teles de Sousa. Outra nota importante, alguns antibióticos e medicamentos podem aumentar a sensibilidade ao sol.

O bronzeado protege-nos dos escaldões (mas só em alguns casos)

O bronzeado pode ter algum efeito protetor, mas só se estivermos a falar de pessoas muito morenas — quem já está bronzeado e passa muito tempo exposto ao sol, dificilmente apanhará um escaldão.

O óleo frita mesmo

"Em termos práticos, pode atuar como uma lente", explica o dermatologista quando questionado sobre o efeito da utilização de óleo na pele. Simplificando, o óleo aumenta a probabilidade de apanhar um escaldão.

Um escaldão pode ser tão mau como muitos escaldões

O sol tem um efeito cumulativo e a exposição solar contínua provoca o fotoenvelhecimento da pele, promovendo o aparecimento de manchas — "uma pele fotoenvelhecida", como lhe chama o dermatologista. A longo prazo, este tipo de exposição solar pode provocar alguns tipos de cancro de pele menos agressivos.

Quanto aos efeitos de um só escaldão, tudo depende do tipo de pele e da condicionante genética, mas pode ser o suficiente para favorecer o aparecimento dos cancros da pele mais agressivos, como o melanoma.

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Os protetores solares não são todos iguais

Os cremes com fator de proteção 50+ podem, na verdade, corresponder a uma proteção de 60 ou 70. Não oferecem o dobro da proteção 30, mas protegem mais. Os protetores solares com fatores mais elevados são aconselhados a peles mais brancas, e os outros serão ideais para tons de pele mais morenos.

Devemos aplicar protetor solar antes de ir para a praia

Os protetores solares não têm um efeito imediato, têm um tempo de latência. Por isso, devem ser aplicados antes de ir para a praia: "preferencialmente em casa". Mas não é só por isso que devemos pôr protetor antes de pôr os pés na areia: a maioria dos cremes à venda no mercado não adere à pele se ela estiver húmida ou molhada.

O chapéu de sol e a roupa protegem do sol (mas nem sempre)

Para que não deixem passar a radiação solar, os chapéus têm de ter tecidos grossos e opacos. No entanto, toda a radiação que bate na areia e no mar é refletida e "estima-se que cerca de 25% da luz solar chegue a quem está debaixo do chapéu". Acontece exatamente o mesmo no caso da roupa: tecidos mais finos protegem pouco, no entanto, e de acordo com João Teles de Sousa, "é melhor ter algo vestido do que não ter nada".

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Nos dias cinzentos também é preciso aplicar protetor solar

Para o dermatologista, esta é uma daquelas coisas que "toda a gente devia saber": o sol é tão perigoso quando o céu está nublado como quando está limpo. A diferença é que os raios infravermelhos, responsáveis pela sensação de aquecimento da pele, são retidos pelas nuvens. Já raios ultravioleta (UVA e UVB) chegam sempre à crosta terrestre. Portanto, pode estar a queimar mesmo que não sinta a pele quente.

O iogurte natural e o leite gordo são calmantes para a pele

Há proteínas nos dois alimentos que podem, de facto, ter um efeito anti-inflamatório, e ambos podem ser calmantes pela sensação de fresco que dão à pele. Ainda assim, no tratamento dos escaldões, não nos devemos ficar pelos latícinios. Perante uma situação de pele queimada, o ideal é aconselhar-se com um médico ou farmacêutico.

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Cuidado com o risco ao meio

Os escaldões no couro cabeludo podem ser um problema para quem tem menos cabelo. De resto, um cabelo normal e denso deverá protegê-lo do sol. Ainda assim, cuidado com o risco ao meio: as áreas que o cabelo não tapa não estão protegidas, logo pode apanhar um escaldão.

É possível apanhar um escaldão nos lábios — mas só no inferior

"O lábio superior é uma zona de sombra", explica o dermatologista, portanto não há risco de queimadura solar. Quanto ao lábio inferior, a história é outra: como está mais exposto ao sol, existe probabilidade de queimadura.

Pode apanhar um escaldão dentro de água

Até cerca de 50 centímetros de profundidade, continua a não estar protegido do sol. Ao nadar na horizontal, por exemplo, ainda que o corpo esteja completamente submerso, dificilmente estará protegido dos raios solares.