"PSOFriends" é o nome da nova série humorística de Luís Filipe Borges lançada no Dia Mundial da Psoríase, que se assinala esta sexta-feira, 29 de outubro. Mas como assim uma série com um toque de humor sobre uma doença inflamatória crónica que afeta mais de 200 mil pessoas em Portugal?
"Costuma-se dizer que o humor é o resultado da tragédia, mais tempo. Quando as coisas más nos estão a acontecer, não têm graça nenhuma, mas passado algum tempo conseguimos encontrar um lado divertido", diz Luís Filipe Borges, de 44 anos, à MAGG. O guionista da série "PSOFriends", que também sofre de psoríase, já alcançou a fórmula desta equação, e com o novo projeto pretende que mais pessoas possam ver um outro lado da doença.
Luís Filipe Borges, que anteriormente esteve envolvido em algumas ações da Associação Portuguesa da Psoríase, a PSOPortugal, foi desafiado pela associação para preparar uma série que quebrasse com o preconceito e explicasse de uma forma menos formal a doença que se caracteriza geralmente por lesões vermelhas ou manchas na pele.
O guionista juntou então seis jovens que sofrem de psoríase — Bruno Leite, Helena Guia, Isabelle Couto, José Fernando Osório, Tatiana Ferreira e Vera Reverendo — e mostraram "disponibilidade para partilhar as próprias histórias e divertirem-se com as mesmas". O grupo vai retratar, com uma ponta de humor, aquilo pelo que tantos outros portugueses passam, muitas vezes em silêncio.
"Uma das personagens começa a fantasiar com todas as coisas que gostaria de fazer aos bullies que foi tendo, sobretudo na adolescência", conta Luís Filipe Borges sobre um dos sete episódios que decorrem num "café mágico" em que em vez de um café, os protagonistas pedem "um género audiovisual", como uma telenovela ou um reality show, que define em que registo acontece aquele episódio.
Para o elenco, foi escolhido um grupo de pessoas jovens, em parte porque, de acordo com um grande estudo feito em Portugal, "Psoríase: o impacto e a gestão da doença nos jovens em Portugal", o diagnóstico nem sempre é feito de forma eficaz, como aconteceu com o próprio autor da série "PSOFriends". "Comecei a ter problemas de psoríase com 14 anos, mas só fui diagnosticado aos 17, porque naquela altura havia um desconhecimento grande. Diziam 'ah, isso deve ser caspa'. Depois, 'ah, não é caspa, então se calhar é uma dermatite qualquer'. Então, às vezes, até chegar ao diagnóstico correto, passa tempo", refere.
Já na fase posterior, quando o problema é diagnosticado, os jovens intervenientes no estudo relataram um sentimento de solidão pelo facto de no meio social não terem ninguém que passasse pelo mesmo. Combater a solidão e promover a empatia é assim outro dos objetivos deste projeto.
"Sobretudo nesse tempo da nossa vida, em que a personalidade está a formar-se e somos mais inseguros, não ter ninguém com quem falar sobre a situação, magoa. E uma das coisas que me realiza com esta pequena aventura é que os nossos seis atores vêm todos de zonas diferentes do País e mal acabou a rodagem era muito claro que tinha nascido uma amizade de forma muito imediata", diz Luís Filipe Borges.
O objetivo é que, com a série humorística, outros jovens e pessoas que sofrem de psoríase se identifiquem e a própria sociedade perceba melhor a doença, que é explicada de um modo informal, e ao mesmo tempo esclarecedor.
Ao contrário da série "Friends", cuja amizade dos seis amigos conquistou na década de 90 e continua a ter impacto, a "PSOFriends" tem sete amigos, reforçando ainda mais o lado desta amizade que surgiu com uma causa: quebrar com mitos e preconceitos.
A série já está disponível no site da PSOPortugal e no futuro poderá chegar a um dos canais de cabo, avança Luís Filipe Borges. Está também a ser ponderada uma segunda temporada.