Varizes e derrames são coisas diferentes, mas ambos aparecem quando existe algum tipo de doença venosa. É provável que já todos tenhamos ouvido falar nestes dois nomes, pois a verdade é que as varizes fazem parte de um espectro da doença venosa crónica que é muito prevalente na população geral.

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O fator hereditário é aquele que mais contribui para o desenvolvimento de varizes, mas a verdade é que o excesso de peso, o sedentarismo, a falta de exercício físico e profissões que impliquem estar muito de pé ou sentado contribuem em grande medida para o agravamento deste tipo de patologia. Quem o diz é Joana de Carvalho, médica na Allure Clinic e especialista em cirurgia vascular, que refere que há dois mecanismos importantes para a drenagem das pernas.

"Um são as veias, as válvulas e todo o trabalho que elas fazem de levar o sangue de volta para os pulmões para ser oxigenado, voltar ao coração e passar pelas artérias. O outro é o que nós chamamos de efeito de bomba muscular. Ou seja, o auxílio que os próprios músculos da perna dão quando fazemos exercício. Cada contração e extensão vai espremer as veias e ser um mecanismo crucial para a drenagem. Por isso, o facto de estarmos parados e não fazermos exercício é também um fator de risco para o desenvolvimento de varizes", explica à MAGG.

Apesar de, muitas vezes, ouvirmos a a designação de "varizes internas" ou "varizes externas", a especialista explica que não há dois tipos de varizes. Neste sentido, de acordo com Joana de Carvalho, as varizes são veias varicosas doentes, dilatadas, tortuosas e superficiais nas pernas ou coxas, que afetam mais as mulheres, e que são caracterizadas por medir mais de três milímetros. "Na maior parte dos casos, estas varizes estão relacionadas com incompetência da veia safena (a veia que em cerca de 65% dos casos é responsável pelo aparecimento de varizes). E é a esta veia doente que as pessoas se referem como 'variz interna'."

Derrames e varizes são coisas diferentes, mas as causas para o aparecimento são as mesmas

Além da diferença que se tende a fazer entre as "varizes internas" e "externas", Joana de Carvalho refere que há também uma confusão entre aquilo que são varizes e derrames. "Muitas vezes as pessoas também dizem que têm varizes, mas não são varizes. São pequenos derrames ou raios cujo nome técnico é telangiectasia."

Joana Carvalho
Joana de Carvalho é especialista em Cirurgia Vascular créditos: drajoana_de_carvalho.vascular/Instagram

Nestes casos, a cirurgiã explica que o impacto na saúde da pessoa é pouco, pois apenas afeta a nível estético. "São pequenos vasinhos que estão na espessura da pele. Quando são muito abundantes podem dar alguma sensação de calor, pressão ou desconforto, mas estes vasos nunca vão dilatar e dar varizes, nem dar complicações", explica Joana de Carvalho, referindo que as causas para o aparecimento de derrames são as mesmas das varizes, ainda que seja pouco comum alguém não apresentar nenhum tipo de derrame.

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Ainda assim, e apesar de os derrames em si não significarem grandes problemas, estes podem ser um sinal de que há veias doentes. Por este motivo, de acordo com a especialista, o tratamento nunca pode ser feito só a pensar na superfície. "Se há doença venosa associada aos vasinhos, temos de tratar essa patologia com métodos pouco invasivos como a radiofrequência, endolaser venoso ou escleroterapia com espuma."

Apesar de não podermos controlar o aparecimento de varizes e derreamentos por questões hereditárias ou hormonais, a especialista avisa que adotar um estilo de vida mais saudável pode sempre ajudar a diminuir esse aparecimento, mas nunca a fazer desaparecer as que já temos. "Nada da doença venosa tende a regredir espontaneamente. Pelo contrário, a evolução natural é agravar e aparecerem mais derrames e varizes (ou as varizes se complicarem)", diz Joana de Carvalho.

Quanto à idade ideal para o tratamento de varizes e derrames, Joana de Carvalho aconselha a que se opte por fazê-lo o mais cedo possível. "As varizes são veias que não fazem a drenagem adequada, ou seja, veias onde o sangue não flui livremente. Sangue que não flui livremente é sangue que está mais parado, daí o risco de formar coágulos e dar origem às famosas tromboflebites. Além disso, esta drenagem que não é bem feita leva a um aumento da pressão venosa, causa inflamação constante e prolongada que começa a dar alterações da pele (como eczema ou pigmentação)", conclui.