As insónias por si só são um distúrbio que pode ter consequências para o bem estar geral. Dormir bem e pelo menos 7 a 9 horas seguidas é vital. Mas quantas pessoas realmente dormem este número de horas diárias? Quem sofre de insónias apresenta dificuldades em adormecer ou manter-se adormecido por muito tempo. No dia seguinte podem manifestar falta de energia, dificuldades de concentração ou até irritabilidade. Mas estas não são as consequências mais preocupantes.

Um novo estudo publicado na revista "Neurology"orientado por Liming Li, da Universidade de Pequim, acrescentou um novo dado. Pessoas com dificuldades em dormir têm um maior risco de sofrer um ataque cardíaco ou derrame. A investigação contou com a participação de 500 mil pessoas e conclui que os riscos fatais eram superiores nos participantes que sofriam de insónias. Esta informação veio complementar todos os estudos já existentes que relacionam a qualidade do sono com complicações de saúde.

Esses resultados sugerem que, se pudermos atingir pessoas que estão a ter problemas para dormir com terapias comportamentais, é possível que possamos reduzir o número de casos de derrame, ataque cardíaco e outras doenças”, afirmou Dr. Liming Li. Segundo os cientistas citados pelo "Daily Mail", uma boa noite de sono é essencial para restaurar o funcionamento do sistema imunológico e cardiovascular.

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Os investigadores analisaram as pessoas que participaram no estudo ao longo de décadas e, durante esse período, cerca de 130 mil apresentou casos de acidente vascular cerebral, ataque cardíaco ou doença cardiovascular. Os participantes de sofriam de todos os tipos de insónias —  problemas para adormecer ou dormir, acordar cedo demais ou dificuldade em manter o foco durante o dia devido à qualidade do sono — tinham 18% mais probabilidades de desenvolver estes problemas.

O estudo concluiu ainda que as pessoas que acordam mais cedo e não conseguem voltar a dormir vêm o risco aumentar em 7%. Já os que relataram que tinham dificuldades em manter a concentração durante o dia devido à má qualidade do sono apresentam 13% mais probabilidades de sofrer sequelas negativas.

É possível ainda perceber que a ligação entre sintomas de insónias e possíveis aparecimento de doenças cardíacas é maior em adultos mais  jovens e pessoas que não apresentavam pressão a alto no início do estudo."Portanto, pesquisas futuras devem considerar especialmente a deteção precoce e intervenções direcionadas a esses grupos", explicou o orientador do estudo.

A falta de sono aumenta a pressão sanguínea e altera o metabolismo, como explicam os investigadores, fatores que potenciam o surgimento de doenças cardiovasculares. No entanto, apesar desta associação entre os sintomas de insónias e as doenças cardíacas, os investigadores não mostram uma relação causa efeito. O consumo de álcool, tabaco e ausência de atividade física são outros dos fatores apontados para a ocorrência destes problemas.

O estudo da relação entre o sono e o desenvolvimento de doenças não é novo e alguns dos resultados alcançados ao longo dos anos podem até ser contraditórios. É o caso do estudo divulgado por cientistas da Universidade do Colorado, no mês passado, que indica que as pessoas que dormem mais de cinco horas têm um risco de 52% maior de ataque cardíaco. Já em Janeiro, o Centro Nacional Espanhol de Pesquisa Cardiovascular (CNIC), em Madrid, indicou que menos de seis horas de sono aumentavam o risco de doenças cardiovasculares até 35%.