Todos os anos a Fundação Plastic Free lança um desafio: julho sem plástico. Podia ser qualquer mês, já que o plástico acompanha o nosso dia-a-dia, mas este foi o mês escolhido para impulsionar mais mudanças na sociedade. Além disso, julho marca o verão, época em que mais frequentemente nos deparamos com poluição nos oceanos. Apesar de a pandemia ter mostrado que o mundo reage de forma impressionante à redução do tráfego automóvel ou do consumo e consequente descarte (tantas vezes indevido), mostrou também que temos um longo caminho a percorrer no que diz respeito à consciencialização.

É que agora além das garrafas nas encostas da praia, também encontramos máscaras, quer junto ao mar, quer no meio da estrada. Por isso, o décimo desafio "julho sem plástico" vem tentar contornar esses e outros hábitos. Mas na verdade tanto podia ser "sem plástico", como qualquer outro material. O plástico é normalmente considerado o vilão no que diz respeito à sustentabilidade, mas de nada serve trocar um saco da fruta de plástico por um de papel, que chegado a casa vai diretamente para a reciclagem ou, no pior e possivelmente mais frequente dos cenários, para o lixo comum. O problema está no descarte.

Ora veja um exemplo: acabou de comprar pêssegos e trouxe-os num saco plástico. Depois de arrumar a fruta em casa, pode guardá-lo e voltar a usar numa nova compra. Isto significa que não tem de ir a correr deitar o saco para o lixo ou eliminar todos os vestígios de plástico que tem dentro de casa para começar o desafio. Pode dar-lhes uma nova vida e evitar trazer mais plástico para dentro de casa. Só aqui estão dois dos mais importantes R's — recusar (o que não precisa) e reutilizar (o que tem) — que regem o Desperdício Zero, movimento que promove um estilo de vida mais sustentável e é amplamente conhecido através de Bea Johnson.

Além destes, há ainda o R de reduzir aquilo de que precisa, reciclar o que não conseguimos evitar consumir e reutilizar e, por fim, compostar ("rot" em inglês), que permite transformar excedentes de matéria orgânica, como restos de comida, em fertilizante natural para o solo.

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O objetivo do desafio não é que tenha de eliminar de forma radical o plástico, mas sim que encontre "ótimas alternativas que podem tornar-se novos hábitos para sempre", tal como é descrito no Instagram do movimento. O mesmo começou em 2011 por Rebecca Prince-Ruiz, australiana que contagiou o mundo o inteiro, e só no ano passado juntou mais de 250 milhões de participantes em 177 países.

Este ano também pode fazer parte e para isso basta inscrever-se no desafio #plasticfreejuly, registo dá acesso a receber dicas e truques de forma a reduzir o uso de plástico. Caso não se inscreva, pode apenas tomar o movimento como inspiração para mudar hábitos simples.

Se ainda não lhe ocorreu nenhum, nós damos uma ajuda. Ainda ontem comprou mais garrafas de sumo para os miúdos? Não há problema, nem tem de desistir já do desafio. Com esse e outros materiais pode fazer coisas simples, mas que representam uma grande diferença, e pode pô-las já em prática no primeiro dia do desafio.